O Ciclo do Feminino Ferido e a Armadura Masculina

I. O Diagnóstico: A Raiz do Trauma - O Feminino Ferido

O ciclo do feminino ferido não começa na vida adulta.
Ele começa cedo - na infância - como uma estratégia inconsciente de sobrevivência.

A menina observa. Sente. Aprende sem palavras.

A incapacidade de receber - o Yin ferido

O primeiro sinal do Yin ferido é a dificuldade profunda de receber.
Receber amor, cuidado, apoio, reconhecimento, prazer, ajuda ou oportunidades parece sempre custar caro demais.

Mesmo quando a vida oferece, algo no corpo rejeita.

Esse bloqueio não nasce do nada. Ele se forma a partir de experiências repetidas de:

• rejeição
  
  
• comparações
  
  
• críticas
  
  
• humilhações
  
  
• silenciamentos
  

Tudo isso é armazenado no corpo feminino - especialmente no ventre.
O Yin, que deveria fluir, contrai.

O ensinamento silencioso da mãe submissa

Muitas vezes, a mãe não ensina com palavras, mas com o corpo e com a postura diante da vida.

A filha aprende, observando:

• "Ser mulher dói."
  
  
• "Ser suave é ser fraca."
  
  
• "É melhor ficar calada do que ser rejeitada."
  

Mesmo sem intenção, esse é o recado transmitido.O feminino da criança entende isso como um alerta de sobrevivência.

O abafamento do feminino - Yin contraído

Quando a mãe não ocupa o próprio lugar - quando ela se anula, se submete ou se endurece - a filha aprende a não confiar na própria sensibilidade.

Ela passa a acreditar que:

• mostrar emoção é perigoso
  
  
• suavidade é vulnerabilidade exposta
  
  
• sentir demais gera ataque
  
  

O Yin, então, se esconde.
Some.
Contrai.

E algo dentro dessa mulher passa a dormir.

II. A Defesa: A Armadura do Masculino - Yang Dominante

Quando o feminino interno se contrai, algo precisa sustentar a vida.
E quem assume esse lugar é o Masculino Interno.

O masculino assume a liderança

Sem referência de uma força feminina segura, o corpo cria defesa.
O Yang entra em ação não como complemento, mas como substituto.

O Masculino Interno passa a fazer tudo sozinho.

A armadura - masculinidade imperativa

Esse masculino não é saudável.
Ele se transforma em armadura.

Manifesta-se como:

• controle excessivo
  
  
• independência tóxica
  
  
• rigidez emocional
  
  
• hiperautoproteção
  
  
• dificuldade em relaxar
  
  

É o famoso "eu dou conta", que esconde um "eu não confio".

A desconfiança no masculino externo

Além disso, muitas mulheres cresceram vendo:

• pais autoritários
  
  
• homens omissos
  
  
• parceiros agressivos
  
  
• figuras masculinas frágeis emocionalmente
  O corpo aprende uma verdade perigosa:

"Homem não é seguro."

Mesmo desejando um parceiro forte, algo dentro dela não acredita que ele exista.

III. Os Padrões Repetitivos nos Relacionamentos

O que começou como defesa vira padrão.
E o padrão se repete até ser visto.

O papel de "líder"

Nos relacionamentos, essa mulher ocupa naturalmente o lugar de líder.
Não porque quer.
Mas porque não aprendeu outra forma de existir.
Ela se torna:

• resolutiva
  
  
• dominante
  
  
• controladora
  
  
• sempre no comando
  
  
• sempre carregando tudo
  Ela não viu uma mulher forte sendo feminina.

Viu apenas mulheres fortes porque precisaram endurecer.

Competição e ressentimento

Com o tempo, surgem dinâmicas dolorosas:

• ela compete com o parceiro
  
  
• se ele faz, ela faz melhor
  
  
• se ele lidera, ela reage
  
  
• se ele recua, ela assume tudo
  
  

Ela se torna a líder solitária da relação.
E depois se ressente, porque ele não a acompanha.

O paradoxo

Ela diz que quer um homem forte.
Mas não confia quando encontra um.

Ela atrai homens passivos porque sua energia domina o campo.
E confirma, inconscientemente, a crença original:
"Estou sozinha."

IV. A Prisão Invisível

Aqui está um ponto crucial:
isso não é personalidade.

Não é

• "eu sou assim mesmo"
  
  
• "sou independente"
  
  
• "não preciso de ninguém"
  
  

É a criança que um dia jurou:
"Eu nunca vou ser como ela."

Nunca vou depender.
Nunca vou me submeter.
Nunca vou sofrer.

O problema é que o voto que salvou a criança aprisiona a mulher adulta.

V. O Caminho de Volta: A Cura do Feminino

Existe uma força feminina esquecida dentro dessa mulher.
E ela quer voltar.

O que precisa ser devolvido

Cura não é se tornar fraca.
É deixar de estar em guerra.

É permitir que:

• o feminino volte a ocupar o corpo
  
  
• o masculino relaxe da armadura
  
  
• a mulher volte ao lugar de filha
  
  
• a vida possa sustentar junto
  
  
• Você não precisa mais

Você não precisa:

• ser forte o tempo todo
  
  
• liderar todas as relações
  
  
• carregar tudo sozinha
  
  
• provar valor pela exaustão
  
  

Existe um outro jeito de existir.
Mais suave.
Mais inteiro.
Mais verdadeiro.

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Autora:Eu sou Rosely Dallamico