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O despertar de Pablo

Atualizado dia 1/23/2007 12:33:42 PM em Autoconhecimento
por Flávio Bastos


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Conheci Pablo e a sua esposa através de um primeiro contato no aeroparque de Buenos Aires. Vínhamos para o mesmo destino, a Patagônia, e conversando percebemos que tínhamos afinidades profissionais e de ideais, pois Pablo é psicólogo argentino de orientação freudiana e "sigilosamente" simpatizante de metodologias que lidam com vidas passadas.

O motivo do sigilo é porque a cidade de Buenos Aires onde ele reside e trabalha, é a principal referência latino americana sobre psicanálise clínica, e como Pablo é do meio, pois possui formação de orientação psicanalítica, não se sente à vontade para expor entre seus colegas portenhos, aquilo em que acredita. Pablo vive um dilema e tem consciência disso, porém, como ele referiu, precisará amadurecer a idéia de fazer um curso de psicoterapia de vidas passadas no Brasil, país que considera uma referência mundial nesta área de formação.

Pablo, desde bem jovem, teve sérias dificuldades em lidar com um sentimento de injustiça em que a análise que havia realizado durante dois anos apontara como sendo um disfarçado sentimento de culpa originado na relação infantil com o seu progenitor. Contudo, terminada a análise, Pablo continuou a experienciar o sentimento de injustiça, motivo que o fez, inconscientemente, ingressar nos movimentos estudantis de oposição ao regime ditatorial argentino.

No entanto, como militante da resistência, Pablo sentia-se angustiado, pois o risco permanente de ser capturado pelas forças de repressão, colocava também em risco a sua então jovem esposa e os seus dois filhos pequenos. O futuro de sua família estava em jogo.

Depois de muito refletir a respeito, Pablo resolveu trancar a matrícula na faculdade de psicologia e fugir com a família para o interior de seu país, isolando-se em um ponto distante da capital. E lá ficou dois anos até o fim do processo de abertura democrática do último governo ditatorial argentino.

Durante este tempo de exílio, o sentimento de injustiça (ou de culpa?) jamais o abandonara. Com a abertura política voltara a Buenos Aires e recomeçara seu curso de psicologia ingressando na militância político-partidária, agora para ajudar a reconstruir a democracia de seu país. Porém, o envolvimento neste processo de reconstrução estava exigindo muito tempo de afastamento da família. Os filhos e a esposa começavam a exigir a presença e a participação efetiva do pai e esposo. Ao mesmo tempo, Pablo fora convidado a ser candidato a representante municipal do partido de esquerda em que militava.

Indeciso, o jovem Pablo entrou em crise, de um lado a responsabilidade paterna o pressionava, do outro, o compromisso imbuído de sentimento pátrio (tão próprio dos argentinos) também fazia-lhe pressão interna. Foi então, que após algumas noites mal dormidas pela angústia da indecisão, Pablo teve um sonho em que via-se ferido em meio a uma batalha na Idade Média. Sentia a vida ao poucos esvair-se, e como se fosse um filme projetado na tela de sua consciência, a sua família abandonada pelo fato de estar servindo aos interesses de um lado daquela guerra.

Esta experiência onírica, após analisada pelo recém formado psicólogo simpatizante da tese de vidas passadas, foi determinante na escolha de abandonar a política e dedicar-se exclusivamente à família e à profissão. No entanto, o sentimento de injustiça, embora menos intenso, continuou latente atuando em seu psiquismo. E foi com o propósito de tentar livrar-se deste sentimento que lhe perturbava há tantos anos, que Pablo, entre um passeio e outro, entre uma conversa e outra, praticamente "convocou-me" a encaminhar uma regressão em que ele seria o paciente.

O que revelaria tal experiência? Estavam em xeque duas possibilidades: a versão do sentimento de culpa que poderia acessar uma situação regressiva de sua infância atual, ou o sentimento de injustiça (e também de culpa...) que poderia, na revivência, acessar situações pretéritas mais remotas.

Embora em férias com a esposa e levemente contrariado devido às questões éticas pertinentes à situação, resolvi, em nome dos laços afetivos estabelecidos com Pablo e sua simpática esposa, aceitar e encaminhar a regressão do novo amigo.

Como estávamos hospedados no mesmo hotel, a noite escolhida para a regressão não poderia ser melhor, pois no horário marcado caía uma fina chuva fazendo baixar rapidamente a temperatura. O ambiente tornara-se propício para as intensas emoções que Pablo iria revivenciar. E foi uma impressionante sequência de vidas em que Pablo via-se "prisioneiro" de um padrão comportamental gerado por traços próprios de personalidade e de caráter. Vida após vida, ele sacrificara em nome de um ideal de justiça. Foram muitos desencarnes precoces em que via-se ainda muito jovem e com mulher e filhos pequenos abandonados após o seu desaparecimento físico.

"Qué cosa increíble, amigo!" foi a expressão "encontrada" por Pablo para expressar a sua experiência logo após o seu término. Ficou ainda alguns minutos em silêncio, pensativo, e como todo bom psicólogo, analisando o que acabara de experienciar.

Deixei-o só com os seus pensamentos e reflexões, pois sabíamos que começava a acontecer um processo que em psicanálise chama-se elaboração de conteúdo e que o levaria a uma gradual tomada de consciência sobre o que seria necessário modificar em seu comportamento para alterar a continuidade de um padrao que vinha acompanhando-o há séculos.

Percebi, um dia após a regressão, a luz que irradiava de seu semblante. Pablo começava a processar lentamente uma significativa mudança em sua vida. Uma transformação que irá trazer mais felicidade para si na relação com sua família e com o mundo à sua volta. Percebi também que com a experiência vivenciada, Pablo irá atrás de um desejo reprimido há muitos anos: a formação em um curso que o habilite a ser terapeuta de vidas passadas, ou seja, a realização de um antigo sonho!

Talvez o destino tenha cooperado para que este encontro entre argentinos e brasileiros acontecesse da forma como aconteceu, porque foram muitas as coincidências e várias as situações associadas no sentido de que Pablo pudesse, finalmente, conscientizar-se em relação à sua histórica angústia.

Com o despertar de Pablo solidificou-se uma grande amizade, contribuindo para que a humanidade tão carente de fraternidade, acabe de ganhar o amor fraterno de mais quatro novos amigos.

A elaboraçao deste texto foi autorizado pela pessoa diretamente envolvida e o seu verdadeiro nome, preservado.

Psicanalista Clínico de Orientação Reencarnacionista.
flaviobastos

Texto revisado por Cris

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Conteúdo desenvolvido por: Flávio Bastos   
Flavio Bastos é criador intuitivo da Psicoterapia Interdimensional (PI) e psicanalista clínico. Outros cursos: Terapia Regressiva Evolutiva (TRE), Psicoterapia Reencarnacionista e Terapia de Regressão, Capacitação em Dependência Química, Hipnose e Auto-hipnose, e Dimensão Espiritual na Psicologia e Psicoterapia.
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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