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O Mal de Alzheimer é Mesmo um Mal?

Atualizado dia 9/13/2010 6:01:16 PM em Autoconhecimento
por Valeria Trigueiro


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  Ando sumida daqui e o meu próprio site, que é nossa "casa virtual", também andou sentindo minha falta. Estava mergulhada em pesquisas sobre o assunto, tendo em vista que este chamado "Mal de Alzheimer " chegou de mansinho sem fazer alarde para a minha mãe. Vocês sabem como é isso, quando alguém da família fica doente, de certa forma, ficamos também, mas uma doença da alma. Perguntamos a razão daquilo - o famoso "por que eu, por que fulano?" - como se fôssemos diferentes e as coisas só acontecessem com "os outros". É claro que sei que isso é, de certa forma, prepotência nossa, e afinal, como humanos somos passíveis de repentinamente termos que lidar com algo para o qual achamos não estarmos preparados. A verdade é que a preparação se dá no momento em que precisamos e não antes, vamos nos adaptando e aprendendo à medida em que é necessário.

No começo, confesso, fiquei meio paralisada sem saber como lidar, acreditando que eu teria que fazer o impossível, que nem ao menos imaginava, para dar a melhor qualidade de vida à minha mãe, sem saber como. Entretanto, a Vida é sábia e provê sempre - isto é fato.

A primeira questão foi: quem ficará com a minha mãe vinte e quatro horas por dia? Devo contratar uma empresa de cuidadores? Devo alugar um apartamento perto do meu para que ela venha a morar com pessoas desconhecidas? Não poderia largar minha família, trabalho, amigos e me dedicar a ela em regime de exclusividade. Eis uma palavra que pairou sobre minha cabeça: "exclusividade". Outra que mesmo o ser mais consciente do planeta não consegue fugir é: "culpa". Estaria eu sendo egoísta ao não querer abrir mão da minha individualidade? Agora posso dizer sem pestanejar: claro que não. Entretanto, as pessoas da família - sempre elas - perguntavam por que eu não a traria para morar comigo, e a resposta saía da mente racional, explicando detalhes sobre a doença. Hoje, vejo que agi com a ética do coração. Não seria justo com a minha família, tampouco com minha mãe, sem falar em mim mesma, é claro. Ao contrário sim, seria egoísmo extremo, além de ser suicídio emocional.

A solução veio pela razão e a conclusão veio diretamente do Divino. Procurei mais de dezoito casas de repouso para idosos e finalmente encontrei uma que o termo "repouso" se estende para todos nós envolvidos no assunto. A casa é, poderia dizer, uma pousada como estas que vamos passar férias, porém no Rio de Janeiro, onde posso visitá-la quantas vezes quiser - e quero sempre - administrada por duas mulheres fortes e delicadas, que lidam com os idosos como se família fosse, tem médico uma vez por semana, enfermagem vinte e quatro horas e uma técnica em enfermagem que fica com minha mãe doze horas por dia que se anjo fosse, não seria o ser humano que é - que bom que é apenas humana, mas com "H"! Ela trata de minha mãe com um carinho e paciência inimagináveis e têm uma relação de afeto que parece que não começou nesta vida presente. Não existe dinheiro que possa pagar, portanto peço a Deus todos os dias que a retribua com tudo o que precisar. À noite tem duas outras que se revezam ao velar o sono de minha mãe. Anjos da guarda encarnados.

O segredo de lidar com pacientes de Alzheimer ela me ensinou. Não aprendeu em cursos ou mesmo por anos de prática. Foi ditado pelo coração. Não insiste, não contradiz, apenas espera, apenas tem a habilidade de consentir por uns momentos e depois voltar a dizer que ela esqueceu-se do horário do banho. Todas as vezes que minha mãe diz que não almoçou, apesar de haver acabado de fazê-lo, ela pretextando excesso de calor ou frio - algo sempre lhe vem à mente - oferece uma fruta e diz que precisa aguardar mais um pouquinho até que a refeição fique pronta. Assim, passam-se alguns momentos e chega a hora da próxima refeição. E quando o assunto é dinheiro? Respondemos que o médico pediu que ficasse guardado em uma poupança por questões de segurança, mas caso seja necessário "existe um cofre mágico" na administração da casa. "A senhora precisa de algo?" "Basta um telefonema que sua filha vem trazer". E assim é feito e logo vem o esquecimento.

Essa doença não é física, o corpo está perfeito, as taxas de glicose, colesterol e que tais estão ótimas, o cérebro é que não retém as informações recentes. Hoje sei que os pacientes acometidos por este mal costumavam ser pessoas controladoras e apegadas a assuntos materiais - no caso de minha mãe uma vaidade impressionante. Ela continua vestindo-se muito bem, maquiando-se, cabelo branco jamais, porém no que diz respeito ao ego, este ameniza, posto que necessário, isto ocorre naturalmente.

É hora de começar a se preparar para a vida na Espiritualidade e voltar aos valores da Alma. Nossas conversas sempre giram em torno disso, ainda que picadas pelo esquecimento, mas mesmo assim falo sempre sobre o que importa, pois levamos para a Morada do Pai apenas o que sabemos com o coração e o que sentimos. Ela tem conteúdo para concordar comigo. Nossas conversas são sempre de mãos dadas e as palavras mais ouvidas são Amor e perdão. Algumas vezes ela me pergunta perdoar o quê e apenas respondo: por "ainda" não ser melhor, mas um dia ela verá não só a minha, mas a nossa capacidade de amar simplesmente.

De modo geral estas pessoas sofreram algum trauma insuportável. No caso de minha mãe foi a passagem de minha irmã para o Mundo Espiritual. O Mal de Alzheimer veio protegê-la deste sofrimento, já que esquece e manda recados para ela, se preocupa como ela está. Quando ocorre de lembrar, diz que soube "ontem" do ocorrido e me pergunta o que aconteceu, diz que não viu nada e nada pôde fazer pela filha. Conto de forma amena que todos nós temos uma função para cumprir aqui no planeta com tempo determinado. Digo que minha irmã cumpriu todas as funções muito bem em um curto espaço de tempo, portanto foi privilegiada e chamada a trabalhar em outro Plano. Digo que ela está bem e que um dia estaremos todos juntos, ela fica tranqüila ao ouvir que foi excelente mãe para minha irmã e fez tudo o que conseguiu fazer e que não foi pouco. Ela fica feliz e depois... esquece.

É um aprendizado de humildade para todos nós, e mais do que isso - um exercício diário de amor pelo ser humano, no caso, estou apenas tendo a oportunidade de agradecer em amor e presença tudo o que ela fez por mim enquanto lúcida. E é simples: amor, paciência, afeto físico - mãos dadas, muitos abraços e "eu te amo" várias vezes ao dia. Os remédios que o médico receita são para o cérebro segurar a confusão mental, temporal e espacial. Os que damos são para o espírito. Fotografias de toda a família também ajudam a "puxar" a memória que permanece, que é a afetiva. Um painel de fotos registrando bons momentos em família faz um efeito extraordinário.

Aprendi também que pesquisar na internet e ler livros sobre o assunto não são tão eficazes quanto a vivência diária e a lembrança de que cada indivíduo é único e portanto alguns sintomas são comuns a todos, mas comportamentos são da alma, que precisam ser valorizados e lembrados sempre. A nós cabe não esquecer.


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