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O oráculo de cada um

Atualizado dia 1/24/2007 6:40:49 PM em Autoconhecimento
por Sandra Rodrigues Garcia


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Desde épocas remotas, quando se tornou consciente de suas fragilidades diante da vida, o homem sentiu-se compelido a buscar ajuda no mundo invisível. E com isso surgiram as religiões, crenças anímicas, rituais, magias, enfim, uma prática diversificada, destinada a ajudá-lo a enfrentar o desafio de ser ele mesmo num mundo que o deixava atordoado e confuso diante de sua grandiosidade.

O ímpeto para crescer, expandir os horizontes e alcançar os ideais acalentados por uma busca interior rica em imagens, emoções, sentimentos, fez surgir nele o desejo de dominar o próprio destino. Assim sendo, era necessário adquirir conhecimentos que permitissem agir com certa destreza no amanhã. Nesse sentido, a alma humana sempre tentou decifrar o futuro. Surgiram os oráculos. Delfos, na Grécia, brilhou sob a guarda majestosa de Apolo que matou o dragão (serpente) Píton, filho de Géia e guardião do oráculo até então. As forças telúricas – advindas da terra primordial que a deusa representava – são submetidas ao poder do deus, encerrando o ciclo anterior com a morte do dragão.

Apolo, protetor das artes, da música e da poesia, inaugura um novo modo de penetrar no mundo oracular, substituindo a prática da incubação pela da inspiração. O interior da terra é redirecionado para o interior do homem. As consultas passam a ser intermediadas por uma sacerdotisa de Apolo, denominada Pitonisa por causa de Píton, o dragão sacrificado pela divindade, cuja pele cobria a trípode de bronze onde a Pitonisa se sentava para atender aos consulentes. As respostas eram inspiradas por Apolo, incorporado na sacerdotisa, tomada também pelo êxtase e pelo entusiasmo.

Delfos apolíneo privilegia o esforço do ser humano para que se torne condutor do próprio destino, não mais mero joguete nas mãos de divindades demoníacas, típicas do contato com o oculto na era (Na mitologia, e em particular na grega, o término ctónico (do grego antigo khthónios, ‘que pertence à terra’) designa ou faz referência aos deuses ou espíritos do ‘inframundo’ por oposição às deidades celestes. Às vezes também se denominam telúricos (do latim tellus)) ctônia(*). O deus Apolo simboliza a inteligência, a ciência, as artes, a sabedoria que devem conduzir as pessoas à realização de sua verdadeira natureza e ao cumprimento do destino.

No oráculo de Delfos apolíneo dominam as leis da moderação, da harmonia, resumidas na célebre frase em destaque na entrada do oráculo: “Conhece-te a ti mesmo”. A influência ética e moderadora do deus solar se difunde através dos séculos, pois atende aos anseios mais profundos da humanidade.

Ainda hoje recorremos a oráculos, sim, com diferentes doses de crença e descrença, seguindo a curiosidade que nos caracteriza e sem perder o vínculo com a distante e bem-sucedida imagem arquetípica da profética Pitonisa de Apolo.

Resta saber onde está esse lugar sagrado, nos dias de hoje, quando as pessoas se sentem desprotegidas e à mercê de tantos riscos, ameaças e sofrimentos. Convém lembrar que o oráculo nem sempre pôde evitar desfechos ruins, como fica óbvio na triste saga de Édipo, mas continua indicando que o caminho para a realização do homem é um só: que ele conheça a si mesmo. Édipo, por uma tramóia do destino, não sabia quem ele realmente era, daí ter se tornado uma vítima justamente quando tentava evitar que o vaticínio trágico se abatesse sobre ele. Se soubesse a tempo...

O deus que habita em cada um de nós, ou o oráculo nosso de cada dia, muitas vezes se manifesta num momento crucial, por meio de um sonho, de uma criação artística, fruto da inspiração, da intuição, enfim, de um sopro divino que pode ser percebido e interpretado no momento certo ou ficar perdido em algum lugar de sombras dentro da alma sem nenhum efeito peculiar. Mas a busca do autoconhecimento, da sabedoria, da arte de conciliar a profundidade anímica com a realidade da vida, de certa forma, atenua a distância entre essa pessoa e a realização de si mesma.

É possível compreender essas mensagens que falam de uma harmonia entre o interior e o exterior, construindo um destino verdadeiro e pleno de bem-aventurança. Essas buscas, empreendidas pelos gregos na Antiguidade clássica, geraram uma cultura rica, bela, humanista, visando libertar o ser humano de temores infundados e limitações, para que vivesse de maneira equilibrada, sábia, em sintonia consigo mesmo, com seus semelhantes, com a natureza, com o universo.

Vale a pena buscar por esse oráculo sagrado que existe dentro de cada um de nós, pois ele continua atendendo às nossas consultas mesmo quando estamos alheios a ele... até quando?


Sandra Rodrigues Garcia é psicóloga e psicoterapeuta.
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