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O que eu faço com isso?

Atualizado dia 10/3/2014 2:50:22 PM em Autoconhecimento
por Renata Kindle


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As pessoas que convivem conosco costumam, muitas vezes, confundir a intimidade com o direito de nos ofenderem. Às vezes, falam coisas importantes que, mesmo sendo uma crítica, nos forçam ao crescimento, mas outras vezes são cruéis, não observam a si mesmas e acham que têm moral pra elencar nossas imperfeições e isso é um saco!

Até pode doer um pouco, mas não tanto como quando a nossa ficha realmente cai. Essa segunda categoria de pessoas até nos é importante, outras, ainda menos importantes que aquelas já não fazem tanto estrago, mas todas são igualmente mordazes.

Quando a gente acumula essas críticas, elas vão se incorporando a nós e nós as confundimos com nossa própria essência. Isso vai se tornando normal, vamos agregando apelidos, vamos construindo uma imagem desfocada de nós mesmos. Apresentamo-nos ao mundo acreditando que somos essa montanha de apelidos e de rótulos, que realmente temos esse ou aquele defeito e no geral, esses defeitos são imperdoáveis.

Ou você sente demais e é uma romântica incorrigível, ou você sente de menos e aí é fria e distante, não se importa com ninguém. Ou você é altruísta demais, ou é egoísta demais, ou é santa demais, ou é retórica demais, ou é prolixa ou é sintética, ou analisa por muito tempo... mas você sempre é alguma coisa que desagrada a alguém e sempre será isso ou aquilo... demais.

Criticar é fácil, especialmente porque nossos olhos se fecham quando passamos diante de um espelho. Não criaram ainda um espelho que mostre nosso interior, melhor dizendo, que mostre o nosso lado menos aceitável, menos politicamente correto (e quem não o tem?), aquele que escondemos de nós mesmos e que por estar tão bem escondido, não nos esforçamos em procurá-lo para empreendermos alguma reforma. Reformas são trabalhosas e as internas não fogem à regra.

Por outro lado, aceitamos as críticas, mesmo que a princípio discordemos delas. Por que fazemos isso? Sinceramente não sei. Vamos nos acostumando com elas, melhor o outro me dizer isso e eu ter a possibilidade de me defender, ainda que com desculpas esfarrapadas, do que ter que encarar a verdade que omito de mim mesma. Vamos nos acostumando e vamos correspondendo e respondendo desse lugar que escolhem para nós.

Mas um dia acontece de uma luzinha interna começar a piscar, ou do cara do fundo do espelho nos chamar para um papo sério. A pergunta começa a se fazer ouvir cada vez mais alta: sou isso mesmo? Se a resposta for positiva, então você ainda tem muito o que se conhecer, mas se for um não uníssono, a segunda questão aparecerá instantaneamente: e agora, o que eu faço com isso que não é meu, mas que carrego como se fosse?

Simples, joga fora! Faxinas mentais costumam ser muito eficientes. Quando nos deparamos com um cômodo muito sujo ou fechado por muitos anos, causa-nos certa estranheza, é difícil decidir por onde começar a limpeza. No início, é difícil separar o que serve daquilo o que já não nos tem utilidade, mas basta começar e como já disse antes, todo o começo é bom.

Vamos nos transformando em personagens... sim, persona, máscara... alienamo-nos nesses apelidos, nessas personas e passamos a atuar em lugar de apenas sermos. Ser, em toda a sua essência, não é fácil, dá trabalho e sabemos, somos “ser-com”, não dá pra ser sozinho, somos ser com o vizinho, com o pai, com a mãe, com o inimigo, com o amigo, com o outro. Somos seres de relações.

E como seres de relações, o nosso suposto defeito pelo outro, cruelmente apontado, colocará essas relações em risco, como se fosse criminoso sustentarmos nossa bandeira interna. Como ser-com, recebemos o outro na mesma medida em que ele nos recebe, nós o temos em nós e estamos também nele. O relacionar nos conduz ao autoconhecimento e consequentemente ao crescimento. Ao permitirmos que nossas máscaras sejam removidas, por mais assustador que isso possa nos parecer, estamos também tirando as armaduras e permitindo-nos acontecer. Os sentimentos ficam mais claros, mais leves, as convivências ficam mais pacíficas e ninguém ataca, ninguém se defende... parece ideal demais, eu sei, mas é exatamente assim que deve ser!

Texto revisado

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Conteúdo desenvolvido por: Renata Kindle   
Psicóloga clínica e hospitalar (crianças, adolescentes, adultos, casais e família); autora de alguns textos e artigos. Desenvolvedora de um trabalho piloto sobre a atuação das emoções no corpo físico, que se realiza com grupos de oficinas terapêuticas.
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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