O que um conflito revela sobre você!

   

Autor Rosely De Barros Lavarda Dallamico

O Conflito como Espelho: Um Convite à Sua Transformação

Como terapeuta sistêmica familiar, vejo o conflito não como um obstáculo a ser evitado, mas como um poderoso sinalizador de onde a transformação precisa ocorrer, tanto em nossos sistemas familiares quanto em nossa jornada individual.

Muitas vezes, a narrativa mais confortável é aquela que nos coloca no papel de vítima: "Minha vida seria diferente se o outro mudasse" ou "Os problemas são causados por aquilo que está fora do meu controle." No entanto, essa perspectiva, embora consoladora a curto prazo, é a maior sabotadora da mudança. Aqueles que se sentem vítimas permanecem inertes, pois estão convictos de que estão bem e o mundo está errado.

Aqui reside o cerne da terapia e do crescimento: Toda situação que nos perturba reflete, invariavelmente, um aspecto interior que busca ser visto e integrado. O sistema familiar e as interações cotidianas funcionam como um campo de projeção.

Quando paramos de apontar para o externo e nos perguntamos: "O que este conflito revela sobre mim?", o conflito se transforma em um espelho e uma oportunidade sistêmica. A profunda verdade é: A causa é você.

A falha, a característica ou o comportamento que mais nos irrita no outro, na verdade, é a falha que escondemos na nossa sombra. Segundo Carl Jung, a sombra é o nosso lado "não-eu", o conjunto de traços que reprimimos por não considerarmos socialmente aceitáveis ou por medo. Quanto mais reprimimos essa parte, mais monstruosa ela se torna e mais ela se manifesta nas nossas reações ao mundo. O que mais nos incomoda no outro é, muitas vezes, algo que não nos permitimos ser.

Aceitar a sombra não significa justificar comportamentos destrutivos, mas sim reconhecê-la como parte inalienável da nossa humanidade. Somente quando integramos todas as nossas partes - as luzes e as sombras - nos tornamos inteiros.

E é nesse ponto de inteireza que chegamos ao perdão.

No contexto sistêmico, o perdão não é um atestado de bondade ou um ato de esquecimento. É um profundo ato de entendimento.

O perdão não é porque eu sou bom, mas porque eu entendi o que aquela experiência me ensinou sobre mim e sobre o sistema. Perdoar não é apagar a memória; é ressignificar a dor e o aprendizado. Só quando entendemos a lição inerente ao conflito e à dor, paramos de viver a partir da consciência do passado e nos libertamos para agir a partir de uma poderosa consciência presente.

A sua jornada começa no momento em que você assume a autoria da sua experiência. Olhe para o espelho do conflito. O que ele está implorando para que você finalmente veja? A sua cura e a do seu sistema estão esperando por essa corajosa mudança de foco.

     

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