O suicídio de um amigo




Autor Regina Ramos
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 05/02/2012 17:30:24
Um amigo suicidou-se, jogando-se de um penhasco da Ilha Porchat, em Santos. Um artista, uma pessoa inteligente e sensível que naufragou tendo como um dos motivos o fracasso financeiro, pois não conseguiu lidar com o sistema econômico que nos regra.
O corpo foi encontrado boiando, após três dias do suicídio.
Soube que o velório estava lotado, contrastando com a solidão interior que o levou a dar cabo à vida, e com a solidão no momento da morte. Ali, estava só, com suas dores e seu desespero.
Muitos julgam o ato do suicídio como covardia, outros como “falta de fé em Deus”. Quem somos nós para julgar? Quem somos nós para julgar seja lá qual for a decisão de alguém, frente a qualquer situação? Somos vulneráveis, fracos, oscilantes, medrosos. Temos medo da morte, de doenças, de perder o emprego, de perder a pessoa amada e tantas outras perdas que nos assombram.
Nossa vulnerabilidade parece ficar camuflada quando vestimos uma roupa mais elegante, quando exercemos uma função que nos dá status social, quando estamos dentro de um carro com “air bag”, ou quando temos um plano médico de saúde. Ilusão, apenas. Fraude. Somos poeira de estrela.
Velório lotado. Tristeza. Se vivêssemos em uma sociedade que tivesse por base o coletivo, vivendo com mais igualdade, fraternidade e compassividade, onde todos cuidassem de todos, talvez esse suicídio não tivesse acontecido.









Professora de Português, Francês, História da Educação e Filosofia da Educação. Orientadora Educacional e Consultora Pedagógica. Palestrante. Taróloga. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |