O Valor da Desilusão: Meu Processo de Acordar




Autor Paulo Tavarez
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 6/20/2025 11:48:20 AM
Durante muito tempo, eu fui uma daquelas pessoas que dizia, quase como um mantra: "Ninguém merece passar por uma desilusão!". Sempre enxerguei a desilusão como uma espécie de punição da vida, uma espécie de castigo emocional que vinha para me derrubar. Só com o tempo - e depois de algumas boas quedas - é que comecei a perceber o quanto essa visão estava equivocada.
Hoje, enxergo que desiludir-se é, na verdade, uma bênção disfarçada. O problema nunca foi a desilusão... o problema sempre foi a ilusão. Eu me dei conta de que fui eu quem construiu cenários irreais na cabeça, alimentando expectativas que nunca tiveram compromisso algum com a realidade. Fugi dela como quem foge de um incêndio. Criei refúgios mentais, castelos de areia, sonhos que, no fundo, só serviam para me afastar da vida como ela é.
E o Universo. ah, o Universo tem os seus próprios meios de nos chamar de volta. Percebi que a Vida, com sua força inegociável, sempre dá um jeito de nos acordar. Quando me vi sendo sacudido por decepções, perdas e frustrações, entendi que aquilo não era um castigo. era um convite. Um convite, às vezes nada delicado, para sair do torpor das minhas idealizações.
Desilusão é isso: um convite à lucidez. Por mais doloroso que seja, é sempre um movimento que me devolve à realidade. E a realidade, por mais dura que pareça, é o único solo fértil onde posso plantar, crescer e transformar.
Confesso que, muitas vezes, faltou-me coragem emocional para encarar as coisas como elas realmente eram. Em vez disso, eu me agarrava a mecanismos de fuga: fantasias, projeções, culpas terceirizadas... qualquer coisa que me permitisse adiar o encontro com o que era real.
Demorei a aceitar que a vida não é obrigada a corresponder às minhas expectativas. Eu queria, de alguma forma, que o mundo se adaptasse ao que eu imaginava ser o ideal. Não queria admitir que o que me acontecia era, em grande parte, resultado das minhas próprias escolhas e atitudes. Foi duro olhar para essa verdade: que cada um de nós colhe o que planta - e que as tais "injustiças da vida" muitas vezes são só o reflexo de uma miopia espiritual.
Eu também resisti muito à ideia de que existia um sentido maior por trás de cada aparente frustração. Não queria ouvir falar de leis universais, de méritos, de processos cármicos ou de "provas necessárias". Era mais fácil sentir-me vítima. Mais confortável continuar dentro da ilusão.
Mas a vida foi paciente. e persistente.
Hoje, quando uma nova desilusão bate à porta, tento enxergá-la de outro modo. Sei que ela está ali para me devolver ao chão, para me reconectar com o que é concreto. Cada desilusão me arranca da zona de conforto e me devolve ao terreno real das lutas, onde os talentos precisam ser usados, os aprendizados precisam acontecer e as escolhas precisam ser feitas com mais responsabilidade.
E, mesmo sabendo de tudo isso, confesso que às vezes ainda me pego querendo a velha corda que me enforcava. querendo voltar para o conforto entorpecido das minhas ilusões. Mas, pouco a pouco, estou aprendendo.
A pergunta que fica pra mim é: por que é tão difícil aceitar a vida como ela é? Por que tantas vezes lutei contra o real, contra as pessoas como elas são, contra os fatos como eles se apresentam?
Se eu não olhar com sinceridade para as raízes dessa resistência, sei que vou continuar caindo na mesma toca de coelho. Como Alice, vagando por mundos fantasiosos, enquanto a vida real segue acontecendo. à minha espera.
E é por isso que, hoje, eu tento acolher a desilusão como o que ela realmente é: uma libertação.









Conteúdo desenvolvido pelo Autor Paulo Tavarez Conhe�a meu artigos: Terapeuta Hol�stico, Palestrante, Psicap�metra, Instrutor de Yoga, Pesquisador, escritor, nada disso me define. Eu sou o que Eu sou! Whatsapp (s� para mensagens): 11-94074-1972 E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |