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Obstáculos enfrentados pela heroína

Atualizado dia 6/5/2015 10:44:31 AM em Autoconhecimento
por Marisa Petcov


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Nos mitos heroicos, cada protagonista invariavelmente levanta-se em seu caminho contra algo destrutivo ou perigoso que poderia destruí-la.

Visto psicologicamente, cada inimigo ou demônio enfrentado por uma heroína no mito representa alguma coisa destrutiva, primitiva, não desenvolvida, distorcida, ou má na psique humana que busca dominá-la ou derrotá-la. O inimigo ou demônio pode ser uma parte negativa da própria psique da mulher, um elemento sombrio que ameaça derrotar o que é compassivo e competente nela; o inimigo ou demônio pode estar na psique de outros indivíduos que querem ferir, dominar, humilhar ou controlá-la.

Perda e pesar é outro tema na vida das mulheres e nos mitos da heroína. Em algum lugar, em um momento da caminhada, alguém morre ou deve ser deixado para trás. A perda de um relacionamento tem papel significativo na vida das mulheres porque muitas delas se definem por seus relacionamentos e não por suas realizações. Quando alguém morre, ou as deixa, ou se muda, ou se afasta, isso é consequentemente dupla perda: a perda do relacionamento em si e a perda do relacionamento como fonte de identidade.
Muita mulher que foi parceira dependente num relacionamento, descobre-se no caminho da heroína só depois de ter sofrido uma perda.

Metaforicamente, a morte psicológica ocorre toda vez que somos forçadas a pôr em liberdade alguma coisa ou alguém e sofrer pela perda. A morte pode ser um aspecto de nós mesmos, um velho papel, uma posição anterior, ou a beleza ou outras qualidades juvenis que já passaram e devem ser choradas; ou um sonho que não existe mais. Ou pode ser um relacionamento, terminado pela morte ou distância, que nos deixa pesar.

A heroína na mulher emergirá ou sobreviverá à perda? Ela pode entristecer-se e prosseguir? Ou desistirá, tornar-se-á amarga ou dominada pela depressão e finalizará sua jornada nesse ponto? Se continuar. Estará escolhendo o caminho da heroína.

Muitas jornadas heroicas envolvem a passagem por lugar escuro – através de cavernas nas montanhas do mundo das trevas ou passagens labirínticas para, finalmente, emergir na luz. Ou podem envolver viagem através de desolado terreno baldio ou deserto para a terra fértil. Essa viagem é análoga a passar por uma depressão. Tanto nos mitos como na vida, a viajante precisa permanecer em movimento, manter-se em atividade, fazer o que tem que ser feito, manter contato com suas companheiras ou conduzir-se sozinha, para não parar e desistir, até mesmo quando se sente perdida, para ter esperança na escuridão.

A escuridão pode representar sentimentos melancólicos reprimidos (de raiva, desespero, ressentimento, reprovação, vingança, traição, medo e culpa), pelos quais as pessoas devem passar se quiserem sair de uma depressão. É uma noite escura da alma, quando na ausência da luz ou do amor à vida parece sem sentido, uma piada cósmica. Lamentar e perdoar são usualmente o modo de libertar-se. Daí em diante a vitalidade e a luz podem retornar.

Ajuda muito compreender que a morte e o renascimento, no mito, são metáforas para perda, depressão e reconquista. Em retrospecto, muitos de tais períodos melancólicos tornam-se ritos de passagem, uma época de sofrimento através da qual a mulher aprende alguma coisa de valor, e cresce. Ou pode ser, durante algum tempo, uma cativa provisória que mais tarde se torna guia para os outros.

Nos mitos heroicos-padrão, depois de começar a busca, enfrentar e dominar perigos, dragões e escuridão, a protagonista invariavelmente fica impedida de prosseguir, incapacitada de avançar ou voltar. Pode haver impossíveis barreiras em toda direção. Ou ela pode precisar resolver um enigma antes que se abra um caminho. O que deveria fazer agora, quando o que sabe conscientemente não é suficiente? Ou quando sua ambivalência na situação é tão forte que uma decisão parece impossível? Ou quando ela está prensada entre a cruz e a espada?

Quando a heroína que faz escolhas se encontra numa situação obscura, em que cada rota ou escolha parece potencialmente desastrosa ou, na melhor das hipóteses, sem saída, a primeira prova que enfrenta é permanecer ela mesma. Em toda crise a mulher é tentada a tornar-se vítima em vez de permanecer heroína. Se permanecer fiel à heroína em si, sabe que está num beco sem saída e pode ser derrotada, mas agarra-se à possibilidade de que alguma coisa possa mudar. Se se transforma em vítima acusará outros, ou amaldiçoará o destino, beberá ou tomará drogas, atacar-se-á com criticismo humilhante, ou desistirá completamente. Ou pode abdicar como heroína, tornando-se imobilizada, ou tornando-se histérica, agindo impulsivamente ou irracionalmente até que outra pessoa assuma o controle.

Tanto no mito como na vida, quando a heroína está num dilema, tudo o que pode fazer é ser ela mesma, fiel a seus princípios e lealdades, até que alguma coisa inesperada venha e em sua ajuda. Para acompanhar a situação, com a esperança de que uma resposta virá, ela estabelecerá o estágio interior ao qual Jung chamou “a função transcendente”. Como isso ele quer falar de alguma coisa que surge do inconsciente para resolver o problema ou mostrar o caminho a um ego, ou heroína, que precise de ajuda de alguma coisa além de si (ou em si).

A função transcendente também pode ser expressa através de acontecimentos sincrônicos, aquelas coincidências significativas entre uma situação psicológica interior e um acontecimento exterior. Quando o sincronismo acontece, pode-se sentir algo como um milagre, causando um arrepio.

O fim da jornada

O que acontece no fim do mito? Depois de provar sua coragem e competência, a heroína tem como fim de sua jornada o encontro na união, na reunião e no lar.
A jornada da individuação –a busca psicológica da integridade– termina na união dos opostos; no acasalamento interior dos aspectos masculino e feminino da personalidade que podem ser simbolizados pela imagem oriental do yin e yang contidas dentro de um círculo. Dito mais abstratamente e sem designar gênero, a jornada em direção à integridade resulta em ter-se a habilidade de ser ao mesmo tempo ativo e receptivo, autônomo e íntimo, trabalhar e amar. Esses são aspectos de nós mesmos que podemos vir a conhecer através das experiências de vida, aspectos que são inerentes a todos nós. Esse é o potencial humano com o qual começamos.

Baseado na obra de Jean Shinoda Bolen, As Deusas e a Mulher

Marisa Petcov
Comunicadora da MKK Web Rádio com o programa Caldeirão de Mistérios, às segundas-feiras, às 19h30
Alta Sacerdotisa do Clã Nascidas Para a Lua
Presidente da AME - Associação dos Místicos e Esotéricos

Contatos: 11 2021 66788 ou 11 9 5980 2467

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Conteúdo desenvolvido por: Marisa Petcov   
Presidente da AME - Agência de Místicos e Esotéricos Contatos: 11 2021 6788 / 9 5980 2467
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