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Onde está sua integridade?

Atualizado dia 5/26/2018 11:30:40 PM em Autoconhecimento
por Flávia Esper de Andrade


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Esta semana, em vários atendimentos, apareceu a questão da integridade e da inteireza. Integridade é uma palavra que costuma ser associada a pessoas honestas, éticas, que não foram corrompidas. Essa definição até está correta, mas não da forma como a entendemos normalmente. Integridade tem a ver com inteireza, com estarmos inteiros, com não termos sido “corrompidos” por nossas experiências. Tem a ver com sermos honestos conosco, com a nossa verdade. É a ética de respeitar a si mesmo, aos próprios sentimentos, de não excluir partes suas como se fossem inaceitáveis, de entender que só podemos estar de posse de toda nossa força e energia se estivermos inteiros, íntegros.
Ao longo da vida, vamos aprendendo a julgar certos sentimentos e atitudes como positivos ou negativos, bonitos ou feios, aceitáveis ou não aceitáveis. Isso vem desde a infância. “Menina bonita não fala assim”, “menino não chora”, “não seja egoísta”, “não faz assim que é feio”...  É assim que a raiva, a vontade de dizer "não", a irritação, a inveja, a marcação de território, o medo, o não saber sobre um assunto e tantas outras partes nossas são rotuladas de feias, inaceitáveis, e jogadas numa espécie de inferno pessoal, baú do tesouro às avessas, portal das sombras logo abaixo do tapete ou terra dos monstros debaixo da cama.

A grande questão é que, com isso, vão junto para o buraco negro partes nossas, partes da nossa energia, da nossa força, da nossa vitalidade. Aprendemos a nos podar além da conta, achamos que nos tornaremos dignos de ser amados se fizermos tudo certo, de acordo com um manual social invisível e, sem perceber, acabamos perdendo tudo aquilo que nos faz ser realmente amados: nossa inteireza.

Como ser amado?
As pessoas nos amam pela nossa autenticidade, pela nossa singularidade, pelo brilho presente no nosso olhar. O amor não é questão de merecimento. Você não é amado porque fez tudo certo, porque é bonzinho, porque é educado. Você é amado porque alguém enxergou sua inteireza e se encantou por ela, ou porque alguém viu em você algo humano, algo que ele(a) gostaria de ter ou com que se identifica.

Quando carregamos a crença de que precisamos agir, falar ou ser de determinado jeito para sermos aceitos e amados, isso traz muitos problemas. Um deles é a sensação de culpa sempre que algo dá errado. O namoro acabou? “Meu Deus, o que eu fiz de errado?”, “estraguei tudo de novo”, “vou dar um jeito de consertar isso, depende de eu mudar minha atitude, dizer a coisa certa, insistir um pouco mais”.

Se a gente tem a crença de que, se fizermos tudo certo, as coisas darão certo, a gente carrega também a crença correlata de que, se algo deu errado, então eu fiz algo errado. E a culpa, além de não ser verdade, atrapalha um bocado a nossa vida. (Eu acho que a culpa é uma das coisas que mais nos atrapalha, na verdade, e que é uma distorção dos conceitos de justiça e de responsabilidade, mas isso fica para outro texto.)

Um outro problema dessa crença e de nos podarmos para sermos aceitos e amados é que, fazendo isso, nos afastamos de sermos amados verdadeiramente. Só é possível ser amado pelo que se é. Se a gente não expressa quem realmente é, nunca se sente plenamente amado. Fica sempre, no ar, a dúvida de se esse amor continuaria se o outro soubesse dos nossos segredos, de quem a gente realmente é. E ainda acabamos entrando na crença de que a vida é injusta, de que fazemos tudo "certo" e não temos retorno, de que tem gente fazendo "errado" e sendo super acolhida, amada, recompensada. Você só terá a segurança de se sentir verdadeiramente amado quando estiver inteiro. Se você esconde ou nega partes e sentimentos seus para agradar ao outro, pertencer, ser aceito, você nunca terá tranquilidade nem confiança no amor e nas suas relações. Vai ficar sempre com a luzinha vermelha de alerta em sand by. Afinal, será que a pessoa ao lado continuaria te amando se soubesse de tudo que você guarda? Se olhasse de frente o seu monstrinho guardado?

A vida é injusta?
Existe um terceiro problema da crença de que “se eu fizer tudo certo e for uma boa pessoa, a vida vai ser justa comigo e vai me recompensar”. Sinto dizer, mas não vai, não. Provavelmente, vai acontecer o inverso. E eu garanto que é para o seu bem. Sabe aquela história de que “bonzinho só se ferra”? De certa forma, é verdade.

Não porque pessoas boas mereçam se dar mal, mas porque quem geralmente se coloca como “bonzinho” não costuma estar inteiro. Não está sendo honesto consigo, não tem integridade. Porque nenhum ser humano realmente inteiro consegue ser bonzinho o tempo todo. Até porque ser bonzinho envolve negar tudo aquilo que consideramos ser mau, ou seja, envolve negar partes nossas.

E, por melhor que seja alguém, se a pessoa é sempre a boazinha da história, provavelmente, lá no fundo, ela faz isso para ser aceita, para receber amor de volta, para se sentir pertencente, importante, útil. E aí a vida vem e frustra a pessoa “boazinha”. Por que a vida é injusta? NÃO! Porque a justiça da vida é outra. A vida quer que você seja inteiro. Ela quer que você expresse a beleza única da sua singularidade.

Você faz tudo por alguém, essa pessoa o enrola por anos. Você compreende, é só uma fase, o outro está confuso. Até que, um dia, a pessoa simplesmente se casa com outra, que não fazia muito para agradá-lo e você fica a ver navios. A vida é injusta? Não. Ela está lhe convidando a olhar para algo importante. A vida está lhe mostrando que fazer tudo pelo outro, abrindo mão de si mesmo não faz com que você seja amado. Faz com que você se perca de quem você é, deixe de ter brilho nos olhos. Faz com que você não seja amado.

E a outra pessoa, que entra na história de paraquedas, que não fazia metade do que você fazia pelo outro, “ganha” o coração daquele que te enrolou por anos. E aí você se pergunta: “por quê?” O que você fez de errado? O que a outra pessoa tem que você não tem? A outra pessoa tem brilho nos olhos. Ela não deixou de ser ela mesma para agradar ninguém. E ser quem a gente é é o que, no fundo, conquista alguém. A vida não está sendo perversa com você. Ela está te dando a grande chance de entender que você pode ser você mesmo e ser feliz assim. Que cortar partes suas e ser sempre bonzinho para agradar ao outro não funciona. A vida quer que você seja inteiro.

A vida não está interessada em um código social de conduta que diz que alguma coisa em você é feia ou inaceitável. A vida não gosta de quem acha que precisa arrancar ou esconder partes suas porque elas são feias. Todas as suas partes fazem parte da vida. Você pode usá-las de formas mais adequadas, sim, mas não pode simplesmente fingir que elas não existem. É como negar a noite, a morte, o sangue. Eles existem, fazem parte da vida, são dignos de honra e são fundamentais.

Você tem sentimentos “ruins”?
Você acha que certos sentimentos seus são ruins? Acha que eles devem ser escondidos, engolidos, mandados de foguete para uma galáxia distante? Rejeitar partes suas, achar que algo está errado, é sujo, impuro, vergonhoso vai contra a natureza. É um julgamento social, mental, cultural. Vai contra a vida. E a vida está na natureza. Veja bem: nada é feio, dispensável, inaceitável na natureza. Nada, nem as baratas, embora eu nunca me conforme com essa parte. É claro que sempre tentamos usar nossa energia da melhor forma possível, na luz, por assim dizer. Mas isso não é negar a energia.

Por exemplo, a raiva. (Nem vou falar da inveja, senão o texto vai ficar longo demais.) A raiva, em desequilíbrio, nos faz mal, até fisicamente, nos torna agressivos de forma desmedida, nos faz romper além da conta. Mas a raiva também mostra que algo está nos atingindo, que está invadindo nosso espaço, que está fazendo nosso “eu” se sentir ameaçado ou sem lugar. Então não adianta fingir que ela não existe. Se fingir, a pressão sanguínea e o cortisol vão subir, porque a lei de Lavoisier também vale para os sentimentos: “na natureza nada se cria, nada se perde. Tudo se transforma.” Se você fingir que algum sentimento não existe, ele não vai desaparecer. Ele se transforma. Geralmente, em doença.

Se algo lhe causa raiva, é importante olhar para esse sentimento, porque ele está falando de algo importante para você, que precisa ser cuidado, que merece ganhar atenção. Se a gente simplesmente renega a raiva e joga lá debaixo do tapete, além de isso poder explodir no corpo, a gente perde toda a energia ligada à raiva.

E qual é essa energia? É a nossa energia de ação no mundo, de ganhar espaço, de defender nosso ‘eu”, nossa identidade, nosso território. É a energia de ir à luta, de ir em frente, de expressar sua grandeza no mundo, de ter um trabalho realmente produtivo e com sentido para você.

Quanto tempo a gente perde tentando agradar aos outros? Quantas partes nossas a gente abandona, colocando o que a gente acha que o outro quer de nós em primeiríssimo lugar? Quanto tempo você vai continuar se mutilando?

Você só retoma sua força quando abraça sua inteireza. Você se sentirá realmente amado quando expressar quem você é, de forma cada vez mais luminosa. Tem um poema de Ricardo Reis, um dos heterônimos de Fernando Pessoa, de que gosto muito e que fala sobre isso:

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.
O mundo só verá a sua grandeza quando você estiver inteiro. Seja honesto com o que sente e com o outro. Seja ético com você mesmo. Abrace sua integridade.

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Conteúdo desenvolvido por: Flávia Esper de Andrade   
Flávia Esper é terapeuta, professora, mentora e instrutora de terapeutas. Criou o Método Flávia Esper, do qual fazem parte os cursos de Tarô Terapêutico, Cura Xamânica - Alinhamento Energético, Astrologia Terapêutica e o Curso para Terapeutas. Atende com Psicoterapia, Cura Xamânica, Florais, ThetaHealing, Tarô Terapêutico e Mentoria p/ terapeutas.
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