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Os ciclos e o novo

Atualizado dia 12/23/2008 12:51:56 AM em Autoconhecimento
por Ramy Arany


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Na natureza, tudo se manifesta em ciclos, pois estes sustentam a continuidade da vida e de nossa existência, e, nós, seres humanos, também seguimos os ciclos naturais, pois somos parte da natureza-mãe. Assim, como ciclo é uma lei natural e nós somos parte da natureza, nós também somos profundamente cíclicos e necessitamos observar nossos ciclos de forma a nos conhecer melhor.

Todo início de ano, temos a sensação de que estamos com a oportunidade do novo em nossas mãos. Sentimos que a vida, mesmo de forma velada, quieta, calada, nos dá de forma natural um momento, um tempo, um ciclo novo para construirmos e manifestarmos novos objetivos.

Nessa época, é de costume fazermos planejamentos para o novo ano e revisar os acontecimentos do ano que passou, para uma observação do que foi bom e que deve continuar e do que não foi bom e, portanto, não deve ser estendido para o novo ano. Esta observação é comum, porém, deve ser manifestada não através do pensamento linear, fragmentado, que entende o final de um ciclo como fragmentado do início de um novo e, sim, no verdadeiro entendimento de que a passagem de um ciclo para outro requer profunda observação, para que possamos realmente vivenciar o novo sem estarmos enganando a nós mesmos mascarando o velho de novo.

Nos tempos ancestrais, existiam povos que observavam a natureza para poderem perceber os ciclos e assim manifestarem a vida de acordo com o movimento da natureza mãe. O ano novo, por exemplo, era reconhecido pela presença das flores, o ciclo da primavera e, assim, o ano se findava quando havia o nascimento das primeiras flores.
Porém, o ser humano se afastou da natureza e deixou de reconhecê-la como sua origem e, assim, se afastou, também, de si mesmo, pois a natureza não é somente a externa, mas também a natureza interna, já que “somos” parte desta origem-mãe. A partir deste rompimento que também se caracteriza como o ciclo do rompimento, tudo passou a ser visto como algo que era possível de ser determinado, seguindo um raciocínio linear e fragmentado, apartado da natureza. Assim, determinou-se o início e o final de ciclos, como o ciclo do ano, onde certamente a observação da natureza e seus sinais não foram levados em conta para a formação desse calendário.

Desta forma, fomos acostumados a comemorar o final do ano exatamente no dia trinta e um de dezembro e o início do ano novo exatamente no dia primeiro de janeiro. Ainda hoje, há povos espalhados pelo mundo, que permaneceram mais protegidos desta fragmentação, que ainda observam os ciclos da natureza como a verdadeira origem para poderem reconhecer o findar de um ciclo e o começo de outro.
Porém, não podemos mais mudar o calendário e seguirmos socialmente o calendário natural, mas, podemos pensar de forma diferente em relação aos ciclos como um todo. Falo isto, principalmente, no tocante a forma como as pessoas em geral se comportam frente a um ano que findou e outro que está começando.

Geralmente, no mês de dezembro, podemos sentir uma energia de tumulto onde não podemos responsabilizar somente o externo por esta energia, visto que, segundo as leis naturais, tudo que esta dentro vai para fora e tudo que está fora vai para dentro. Esta energia, característica do mês de dezembro, tem um potencial de impulsionar as pessoas a gastarem mais do que podem, a se cansarem mais do que deviam, a se obrigarem a cumprirem certas obrigações sociais e familiares as quais em muitos casos não se sentem a fim, a comerem de forma desequilibrada, a beberem da mesma forma e infelizmente, a manifestarem comportamentos desequilibrados, uma alegria não natural.
Nesta época, é muito comum as pessoas entrarem em depressão, se lembrarem de coisas tristes, puxarem coisas do passado, as mágoas, as diferenças pessoais e familiares, o isolamento, a fuga, ou uma alegria exagerada, onde o exagero abre portas para o histerismo eufórico. Afinal, o que é que se está comemorando? O que significa o final de um ano e o início de um novo? O que realmente esperamos nos livrar, somente pelo fato do ano ter sido determinado que se finda no dia trinta e um de dezembro? O que esperamos encontrar no ano novo? Será que a simples passagem de um ciclo “criado” para outro basta para estarmos livres de coisas que não deram certo? Será que o ano novo tem força para fazer as coisas acontecerem, como mágica? Como realmente podemos chegar ao novo e nos despedirmos do velho?
Primeiramente, observo que é deixar que o ciclo siga seu caminho natural não bloqueando sua fluência por “apegos” ao velho. É necessário permitir o término de um ciclo e abrir o espaço para o novo poder fluir. Há pessoas que não conseguem por um ponto final em situações que já deveriam estar finalizadas, por uma questão de medo, insegurança, apego emocional, saudades, querer viver do passado, mágoa, culpa, raiva, e, com isto, os ciclos tendem a se repetirem de tempos em tempos produzindo a incomoda sensação de que a vida é uma sucessão de ciclos viciosos.

Para fluirmos com o novo, é necessário que sejamos verdadeiros conosco mesmos em relação ao foco que queremos realmente alcançar e verificarmos o todo que envolve nossa vida no sentido de fortalecermos aquilo que realmente é essencial para nós, aquilo que realmente nos nutre, nos preenche, nos impulsiona para o crescimento.

Quando falo do todo, é necessário que observemos nosso interno e não somente o externo que nos envolve, pois o que faz com que o novo não aconteça em nossa vida, impulsionando o aparecimento dos ciclos viciosos, são os nossos apegos emocionais, mentais, os valores e crenças, principalmente o apego ao velho, aquilo que já passou. É necessário transformar o velho para podermos nos abrir para o novo que é verdadeiro e profundo, desapegando da novidade, que é passageira e superficial.
Desta forma, é fundamental que nos conheçamos de forma mais profunda, sem as velhas barreiras da autoproteção, que dificultam o “olhar para dentro” e, assim, vermos a nós mesmos com lucidez para podermos construir o novo em nossa vida.

O ciclo do novo se abre continuamente em nossas vidas, independente de calendários e só depende de nossa escolha para fluirmos verdadeiramente para ele. A vida é contínua, pois segue as leis naturais permitindo que um ciclo se encerre para que outro se inicie impulsionando a existência de forma natural. Não tenha medo de viver o novo, pois o novo não é o desconhecido, é simplesmente novo!


Texto revisado por: Cris


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Conteúdo desenvolvido por: Ramy Arany   
Ramy Arany é co-fundadora do Instituto KVT, Instituto KVT Desenvolvimento da Consciência Empresarial, da Instituição Filantrópica Ará Tembayê Tayê e da Editora KVT. É assistente social, terapeuta comportamental, pesquisadora dos estados alterados da consciência e escritora. Conheça seus livros
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