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Os segredos do xamanismo II

Atualizado dia 11/26/2007 2:51:50 PM em Autoconhecimento
por Aos Filhos da Terra


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Rita Fernandjes
Entrevista publicada no Diário da Região, São José do Rio Preto, em 11/11/2007


Bem-Estar - Como são as quatro importantes cerimônias que realizam?
Xanniã - Fazemos a ‘Busca da Visão’, que é a meditação nas montanhas. São quatro dias em cima da montanha para a pessoa aprender a conviver consigo mesma, aprender a lidar com seus valores, a maneira como olha o mundo. É enxergar a si mesmo. De que maneira lida com a sua vida. Você consegue viver o presente ou fica constantemente no futuro, preocupado com o que vai fazer - deixa de interagir consigo mesmo?
O outro é a ‘Tenda do Suor’ ou ‘Sauna Sagrada’. É uma cerimônia feita com pedras quentes, numa cabana. Há a queima de ervas e a pessoa passa por uma desintoxicação, que trabalha físico, emocional, mental e espiritual. A tenda representa o ventre. Pessoas que tiveram problemas com parto, no nascimento, infertilidade, depressão, auto-estima, dúvidas, receios, medos.
A terceira cerimônia é a ‘Roda de Cura’, um oráculo natural baseado nas quatro estações. Conforme essas estações, a gente aprende a fazer uma leitura de como é o nosso ritmo de vida. A pessoa percebe de que maneira se relaciona com pai, mãe, companheiros, onde estão as inseguranças. Nessa cerimônia, a gente aprende a contar a nossa própria história. Fatos que estão esquecidos são relembrados e a pessoa lida com os traumas que refletem no presente, gerando insegurança, medo. A gente aprende a fazer uma leitura no próprio caminho. Não sou eu (Xamã) quem fala, mas a pessoa que identifica o que está acontecendo com ela. Esse é o diferencial.
A quarta cerimônia é a parte de ‘Bebidas Sagradas’, em que entram o aiuasca e a jurema - plantas que fortalecem o sistema imunológico, atuam diretamente de forma a levar a pessoa a um estado de percepção ampliada; dentro desse campo de percepção, ela vai ser levada por ela mesma (a partir do som, da música) a compreender a forma como está lidando com a própria vida, porque segue determinado caminho. Dentro desse movimento, a pessoa faz uma análise e compreende onde estão os nós, ou seja, onde é que está travado. Mulheres que participam dessa cerimônia - geralmente com problemas de reposição hormonal, tireóide, cisto, tumores - começam a ter uma relação com o feminino. Dentro dessa cerimônia, é possível perceber a forma de lidar com o problema. Não é um passe de mágica. Ocorre a percepção.

Bem-Estar - Então a cura vem por meio da percepção do problema?
Xanniã - A percepção ocorre nas cerimônias, mas também existem os tratamentos. Quando a pessoa me procura, faço uma avaliação dela: qual o histórico de vida, como se relaciona, onde está somatizada na memória muscular. Muitas vezes aquela questão está presa na memória muscular e eu vou acessar e liberar aquilo, seja por meio de massagem, canto, fitoterapia, óleos essenciais. Eu trabalho muito em parceria com médicos, que me mandam as pessoas que precisam de um up grade, de renovação, conscientização. Ver a forma que caminha, que fala, que se coloca, de onde nasce a depressão. A gente não trata o problema, mas a origem do problema. Vamos ensinar a pessoa a lidar com a sua estrutura. Então, faço avaliação do físico, emocional, mental e espiritual. Geralmente fico no campo físico, mental e emocional. Espiritual eu não entro muito porque está relacionado ao sistema de crenças.

Bem-Estar - O tratamento espiritual varia de acordo com a crença da pessoa?
Xanniã - Do espiritual varia. Por exemplo, às vezes a gente nota que há problemas espirituais, como maldição de família. Não é porque sua tataravó, bisavó, avó e mãe tiveram determinada doença, que você também terá. A forma como este padrão de doença vem na família também é investigado.

Bem-Estar - Qual o poder de um Xamã?
Xanniã - Xamã é um título, como o de médico. É o pajé. Pajé e Xamã são a mesma coisa. Além de fazer os tratamentos e ajudar nas curas, também entra em contato com o mundo dos espíritos para se aconselhar. Trabalhamos de forma integrada à natureza e colocamos as pessoas como parte integrada da natureza. Diante disso, os nossos valores estão justamente em fazer com que as pessoas cuidem da natureza e do planeta, ou seja, se você violenta o seu corpo (não cuida bem da saúde) de que forma vai conseguir cuidar da natureza? Se você não cuida bem da sua natureza, não tem como cuidar da natureza externa, do planeta. Hoje colocamos a importância da pessoa aprender a cuidar da sua natureza interna para ter condições de cuidar da natureza externa. Como começa a ecologia? Primeiro eu cuido do meu corpo, depois eu cuido da minha casa, cuido do meu bairro e vou cuidando. Essa já é uma maneira da pessoa praticar o xamanismo.

Bem-Estar - O senhor acha que hoje as pessoas não olham a beleza da Criação Divina?
Xanniã - Não olham porque estão desconectadas delas mesmas, portanto, não podem estar conectadas à natureza. Só vão apreciar uma beleza, mas não vão sentir aquela beleza. É a diferença de alguém que gosta para alguém que ama.

Bem-Estar - É por isso que o homem não está em harmonia com a natureza?
Xanniã - Exatamente. Porque está desconectado dele mesmo. A pessoa pode começar a praticar o xamanismo se espreguiçando ao acordar, sentindo seu corpo. Olhe-se no espelho. Esse é o movimento que a gente procura trazer para as pessoas. Todo esse conhecimento nativo está sendo adequado aos tempos modernos, porque hoje não dá para visitar uma aldeia. Saia desse processo robótico, que é acordar, trabalhar e depois voltar para casa e assim por diante.

Bem-Estar - É esse processo robótico que causa a desconexão do homem com a natureza?
Xanniã - Sim. É isso que causa a desconexão. Hoje os cientistas já falam que a Terra é um ser vivo: ela respira, ela pulsa.

Bem-Estar - Se isso não mudar agora, o que deve acontecer no futuro?
Xanniã - A tendência é o que já está acontecendo: derretimento das geleiras. Em Campos, no Rio de Janeiro, o mar já invadiu aquela parte. O nível do mar está subindo. As pessoas cada vez mais estão com problemas respiratórios. A tendência é só piorar. Então, se a gente ajuda a pessoa a se avaliar, se perceber, perceber o seu valor, sua estrutura, essa reconexão consigo, ela terá uma boa referência do que é cuidar da natureza.

Bem-Estar - Como o senhor se tornou um Xamã?
Xanniã - Sou índio da aldeia Tupiguara, no Ceará. Nasci e me criei nessa aldeia onde minha avó era pajé da tribo. Ela me passou esse conhecimento. Depois, com 17 anos, fui morar com os Navajos, nos Estados Unidos - Novo México, na cidade de Albuquerque. Fiquei lá por dois anos e fiz o treinamento de liderar cerimônias, de ajudar o ser humano a resgatar a sua plenitude.

Texto revisado por Cris

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