Pensamento Linear X Pensamento Sistêmico
Atualizado dia 6/20/2016 3:13:59 PM em Autoconhecimentopor Paulo Tavarez
O pensamento linear, que se ancora de forma resistente e conservadora nos modelos anacrônicos de tradições religiosas e aristocráticas e que faz parte de um mundo que resiste e se articula sob o discurso - quase sempre contestável - da meritocracia, ainda controla o destino da humanidade.
Para vivermos em um mundo integrado, inclusivo, que respeita o cidadão, que entende o ser humano como parte de um sistema integrado com o cosmos, que não julga o efeito, a pessoa, o infrator, muito menos a parte exposta do iceberg, mas atua no sistema, em todas as suas profundezas, questionando conceitos e valores que influenciam os eventos, teremos que adotar um novo pensar: se existe um culpado, ele não se encontra na parte analisada, mas no todo.
O mundo se encontra em um processo de transição, todos ouvem constantemente esse postulado, mas o que realmente está em trânsito? Qual é, de fato, a novidade nesse caleidoscópio contemporâneo? É simples, estamos passando por uma mudança de paradigma, deixando de pensar de forma linear, cartesiana, para pensarmos de forma sistêmica e integrada. Isso acontece há muito tempo e os avanços acontecem de forma sutil, a cada nova geração. Os garotos de hoje, envolvidos em protestos, dispostos ao enfrentamento de um poder truculento, não aceitam mais, de forma passiva, o mesmo discurso autocrático.
O pensamento sistêmico é fraterno, igualitário, inclusivo e não se prende em análises superficiais dos fatos. Para aquele que pensa de forma sistêmica nada é, simplesmente, o que parece ser, tudo faz parte de um conjunto de variáveis que se interrelacionam.
É claro que existe uma profunda resistência aos movimentos de inclusão e implantação de políticas horizontais. A resistência, no entanto, é natural e ela parte de inclinações conservadoras que resultam de um programação atávica de verdades que não se renovam, especialmente por parte daqueles que fazem parte de uma elite opressora. Para a grande maioria, ainda é difícil livrar-se do pensamente rançoso que transforma "o homem em lobo do homem", é difícil substituir competição por colaboração e muito mais difícil, ainda, aceitar um approach com a base da pirâmide.
Um menor infrator, por exemplo, dentro de uma visão linear, é um problema em si, um elemento que precisa ser retirado do convívio social a qualquer custo; mas, dentro de uma visão sistêmica, o problema é do sistema que o produziu e é justamente esse sistema que precisa ser modificado, para que não continue produzindo outros. A visão linear nas relações humanas responde pelos conflitos e contendas de toda espécie, pois é através da eleição de um culpado que a outra parte consegue canalizar todo o seu desconforto. É o velho modelo cartesiano de A x B.
Está na hora de adotarmos outro discurso, desarmando-nos, conseguirmos olhar as coisas dentro de perspectivas maiores. Está na hora de darmos alguns passos para trás e começar a enxergar o sistema. Enquanto insistirmos no combate e na destruição daquilo que não temos recursos emocionais para integrar, estaremos apenas reforçando pensamentos ultrapassados de uma modernidade sólida e continuaremos muito distantes, ainda, da uma verdadeira modernidade liquida, como aquela tratada por Zigmunt Bauman.
Texto revisado ss
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