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Pensamentos e emoções: uma ilusão onde nos perdemos... e nos achamos...

Atualizado dia 12/22/2014 10:47:47 AM em Autoconhecimento
por Alex Possato


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Acabo de retornar de um retiro de meditação vipassana, uma técnica pra lá de interessante que auxilia a mente a focar em pontos específicos do corpo, da energia e percepções internas, desligando-se do racional... 10 dias em silêncio, alimentação controlada, 10 horas diárias de meditação... despertar às 4 da matina... sem celulares, tablets, livros, cadernos, canetas, nada, nadinha... Só você e o seu ego. Você e suas insanidades interiores. Algo meio “hard”, mas extremamente legal. Tanto que é o meu segundo curso...

Bem... o que falar desta experiência?

Primeiro lugar, já aviso todo mundo: não iluminei, tá? Embora o processo da meditação vipassana seja uma recriação do ensinamento de Buda, representando os passos que ele deu sentado embaixo da árvore bodhi, investigando as razões do sofrimento e as formas de desapego deste ciclo infinito de nascimentos e mortes, apegos e desapegos... é lógico que iluminação não acontece assim, de uma hora para outra, porque a mente quer. Ou deixa de querer. Costumo falar que uma maçã tem o seu tempo de maturação... qual será o tempo de maturação do meu espírito? Ou do seu espírito? Não sabemos...

O que sei é que estes 10 dias foram ricos, em todos os sentidos: fui do nirvana ao inferno. Dos sentimentos sublimes às taras incontroláveis. Assim são as mentes humanas... a melhor coisa de trabalhos de meditação, com os quais estou acostumado desde 2002 ou 2003, por aí, é perceber que a questão não é dominar a mente... mas viver bem, junto com ela. Quando não percebemos os impulsos internos, as compulsões e pensamentos fixos instalados por outros em nós – ou você acredita que o que pensa é fruto da sua criação pessoal? – somos totalmente dominados por estas programações. Manipulados. Verdadeiros marionetes, agindo feito robozinhos iludidos.

O mundo mental é uma ilusão

Este é o primeiro  e talvez mais precioso ensinamento que adquiri na minha jornada como meditador. Apesar do meu ego adorar enormemente o que ele julga ser criação dele mesmo, quanto mais eu sentava e me observava, mais era óbvio que não existe significado real no que penso. Porém, desprezar o que penso só causa uma reação contrário da própria mente, como se ela estivesse sendo atacada para ser destruída... E esta vivência foram de reações bem fortes da mente. Os últimos 5 dias foram intensos: quase não conseguia me concentrar na técnica. O pensamento surgia de forma incontrolável, sem nenhuma linearidade. E tudo parecia muito sério: fazia planos de trabalho. Culpas em relação à educação dos meus filhos pululavam na tela mental. Desejo sexual volta e meia surgia. Viagens poéticas e espirituais também. Raiva e outras emoções vinham do nada, na cola destes pensamentos... Idéias despertando emoções, emoções despertando idéias. Enquanto isso, a instrução era: respire e observe. Sinta. Perceba o corpo... perceba os pontos sutis, e os pontos grosseiros... Ahhh... lógico... após horas sentado, dia-a-dia, o corpo doía, a perna incomodava e os joelhos estalavam mais que assoalho de madeira antigo...

Como a mente é louca, não é mesmo? Tecemos julgamentos, e tanto faz se estamos nos sentindo bem ou nos sentindo mal com estas idéias. A mente se apega à historinha que ela mesma conta, e ficamos rodando o mesmo disco infinitas vezes, até que conseguimos perceber que basta deixar de dar importância ao que pensamos... ao que sentimos... às emoções.

Pensamentos e emoções: uma repetição do passado

Há alguns anos, criei um curso onde ensinava aos alunos que a mente é um papagaio, que fica repetindo conceitos, experiências e idéias de outros: principalmente os pais e a família, mas também professores, a mídia, a religião... Estes pensamentos ficam mais enraizados se existem emoções fortes atreladas à eles. Por exemplo, vou contar um caso real: durante a meditação, vinha uma frase: vou ser traído. Vou ser traído. Estou sendo traído. E essa frase, que não cessava, trazia um sentimento de raiva. Cada vez mais. E a mente se agitava mais e mais e mais... Mas eu observava. Respirava. Ar entrando, ar saindo. Sentindo a raiva. O pensamento. O calor que esta luta interna causava... A dor nas pernas. Ar entrando e ar saindo. Subitamente, veio a imagem da minha avó na cabeça, a minha “mãe de criação”. Uma avó que tinha constantes crises emocionais, que assustavam uma criança de 6 anos de idade – por acaso, eu! E nestas crises, disparava contra tudo e contra todos. Principalmente contra meu pai, curiosamente, o filho dela, que traiu todas as mulheres com as quais se relacionou. E também disparava contra minha mãe, falando do comportamento sexual inadequado dela.

Esta visão aliviou imediatamente a neura, e a raiva passou... O corpo relaxou e a dor sumiu. Percebi que esta neura era da minha avó. Um programinha doloroso, que diz “serei traído”, que foi instalado por uma pessoa que não estava em condições emocionais para dar outra coisa. E hoje tenho quase certeza, minha avó também foi traída pelo marido, pois vovô era um homem sedutor e que sempre gostava de estar com mulheres...

Vejo muitos buscadores tentando “limpar” o pensamento. Querem ter sensações sublimes e rejeitam as sensações dolorosas. Buscam Deus desesperadamente e fogem do diabo com igual intensidade. Goenka, o grande professor e divulgador da meditação vipassana, ensina: sem apego. Sem rejeição. Tanto em relação às sensações sublimes. Como em relação às sensações grosseiras.

A grande lição que pode ser aprendida por alguém que observa a si mesmo, é simplesmente... observar. Observe. Observe tudo. E deixe passar. Deixe de buscar com avidez as boas sensações. Deixe de fugir das más sensações. Não ligue para os pensamentos neuróticos. Não se apegue aos pensamentos bondosos e angelicais. Nem mesmo às sensações sublimes. Nada disso é real... tudo isso passa. A partir desta sabedoria, que se adquire passo a passo, com bastante trabalho e persistência, nos tornamos uma pessoa capaz de agir com extrema competência. Humanos, aptos a sentir e pensar com total integridade, porém, sem apego. Nos ocupamos dos assuntos onde realmente podemos e devemos nos ocupar, e deixamos os assuntos que não tem nada a ver com a gente, para lá.Usamos a mente intuitiva para intuir os passos, a mente racional para planejar, e o corpo para executar... As neuras passam, passam... As emoções deixam de nos afetar... e aos poucos, uma raiva vem e vai em alguns segundos. O mesmo ocorre com os medos, ansiedade, confusão... Tudo passa... Inclusive sintomas físicos... Tudo passa... Aquilo que não passa, que é eterno... esse sim é você! É somente neste “ser” que buscamos estar presentes, e colocar toda a nossa percepção. Passo a passo. Este é o meu treino. E espero ter incentivado um pouquinho para que seja o seu também. Medite em silêncio.



 

 

 

Mais informações sobre a meditação vipassana no Brasil: clique aqui!

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Conteúdo desenvolvido por: Alex Possato   
Terapeuta sistêmico e trainer de cursos de formação em constelação familiar sistêmica
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