Perguntas e respostas do Dalai Lama na palestra do Ibirapuera
Atualizado dia 5/1/2006 10:07:27 PM em Autoconhecimentopor INSTITUTO LOTHUS -ESCOLA DE MAGIA INTERIOR
Não guardar ressentimentos. Brigou, solta e deixa ir. Se você guarda, o sentimento cresce mais forte e isso não é bom. Eu brigava com meu irmão mais velho; depois de algum tempo, a raiva passava e estávamos juntos novamente. Quando se é adulto a raiva é inevitável. Quando a raiva aparecer, expresse e deixe que se esgote. Importante não guardar raiva dentro de você.
2. O Senhor fica bravo? Quando? Porque?
Sim. Às vezes o sangue sobe à cabeça. Fico com raiva quando alguma coisa vai mal. Porque sou um ser humano.
3. Qual a origem do medo e como lidar com ele?
O medo pode ser tanto uma proteção quanto uma criação mental. O medo faz parte da vida. É um dos fatores mentais para preservação: ser cauteloso. Pelo lado da proteção, contribui para a sobrevivência; forma benéfica baseada na razão. Mas o medo exagerado – criação da mente – vem acompanhado de nossa ignorância, atitude auto-centrada e destrutiva, porque traz raiva, elementos de atitudes negativas em relação aos outros, e, então, o outro é percebido como tendo também atitude negativa em relação a si mesmo. Esta forma de medo é desnecessária e destrutiva.
4. Podemos praticar compaixão em relação à natureza?
Compaixão é definida como estado mental com aspiração de remover o sofrimento dos outros seres. Que não é o caso do meio ambiente (que não é um ser). Mas se compaixão é o cuidado com outra coisa, também se pode ter compaixão com o meio ambiente e todas as espécies dependentes do meio. Assim, ter compaixão com o meio ambiente é ter compaixão com as espécies. A preocupação com o meio ambiente é muito séria. Assistimos a sua degradação em muitos lugares do mundo. Se estas questões não forem enfrentadas, muitos desastres naturais imprevistos podem acontecer. Preservar os recursos hídricos do planeta, cuidando sob uma perspectiva de curto e longo prazo. É muito triste ver um rio tão bonito (Tietê) onde não se pode beber água nem nadar. Grande pena. Isto é muito sério.
5. O mundo ocidental não lida muito bem com a morte. Como lidar com morte/perda de pessoas queridas?
Morte é um assunto muito vasto. A forma de lidar com a morte, ou quem está morrendo, depende da crença das pessoas envolvidas. É um tema muito vasto. Não temos tempo para discutir isto. Mas basicamente, um fator importante na hora da morte é o medo. Razoável ou não. Olhar para a morte faz parte da vida. Aceitar isso reduz o medo e a ansiedade em relação a ela. O medo mais razoável nos leva a refletir melhor sobre o presente, o tempo enquanto se está vivo. Levar a vida melhor, ser mais feliz, traz menos arrependimento na hora da morte.
6. Como Sua Santidade vê Jesus Cristo?
Grande mestre, sem dúvida. Alguém que consegue fazer diferença na vida de tantas pessoas por tanto tempo não pode deixar de ser considerado um Grande Mestre. Dentro do budismo pode ser considerado a manifestação de um Boddhisatva.
7. Pode afirmar que a maior felicidade é dar felicidade?
Sim. Absolutamente.
8. Percebo que quando começo a trabalhar ilusão e a olhar a realidade me sinto estranha e diferente dos outros. Como estar na realidade?
Quem pode dizer o que é a realidade? Outros podem ver diferente, talvez achem que quem vê de forma diferente é louco. Talvez achem que EU sou louco. Mas isso não importa.
9. Como podemos ser felizes e entender esse mundo de violência, fome, destruição, sede de poder e de tirar vantagens?
Esta pergunta vem de um pessimista. Mundo perfeito é impossível. Sempre há uma forma de problema. Adotar postura pessimista também não é uma forma realista de encarar a vida. Importante adotar atitude mais holística: perceber que nesse nosso pequeno planeta com muitos problemas também existem muitas coisas positivas. Ter uma visão mais ampla, enxergar os dois lados, traz uma atitude mental mais equilibrada. Se mantém a consciência no que é negativo a situação parece insuportável. Enxergar de forma mais ampla.
Texto revisado por Cris
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