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Política, seca/estiagem e religiosidade.

Atualizado dia 3/7/2015 9:24:36 AM em Psicologia
por Marcia Regina Aurichio


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Bem, a princípio você deve estar se perguntando o que uma coisa tem a ver com outra.
Parece até um título sem sentido, sem nexo. No entanto, essas palavras estão intimamente ligadas, e nós – todos aqueles envolvidos e empáticos à espiritualidade ou afins – devemos assumir o compromisso interno de exercer uma visão mais holística e integradora, para assim identificarmos que não só somos parte importante dentro de um todo, como também podemos contribuir com mudanças significativas positivas, alterando o curso das ações que às vezes se revelam e/ou são percebidas como destino, porque não assumimos nosso poder pessoal.
Coloquei esse título exatamente com o intuito de revelar uma importante característica: O PODER. Nele (no título) temos a polarização de dois extremos, ou seja, a Política, que é o exercício máximo desta característica, e a Espiritualidade, que busca a transformação do primeiro (poder) lembrando que não devemos nos identificar pelo que temos, mas sim pelo que somos. TER X SER.
No meio desses extremos temos a Seca/Estiagem, que representa o momento pelo qual estamos passando. Ora, o elemento água está relacionado ao nosso corpo emocional e em se tratando de um coletivo (pois a maior parte do País está ou estará passando por isto), mostra que nossa estrutura está e/ou será revelada e que as carcaças do nosso ser serão evidenciadas para serem reorganizadas. Aquilo que estava soterrado no fundo do nosso ser está vindo à tona, do mesmo jeito que os objetos jogados nos rios e represas estão aparecendo. Mas, de novo, o que tem a ver política, espiritualidade e seca?
Nascemos num país e nos desenvolvemos nele repetindo, de forma inconsciente, a mesma experiência psíquica de quando este território foi descoberto.
Somos um povo formado pelos índios, que entregaram nossas riquezas, nosso ouro, pedras preciosas e fartura de alimentos para os europeus – em especial os portugueses –, que nos exploraram em todos os sentidos, até sexual, em troca de miçangas, espelhos etc.
Acrescidos a esta população nativa, os escravos de diversas nações africanas foram retirados de sua terra natal e, uma vez aqui, separados de qualquer parente. Só tinham a missão de trabalhar, trabalhar e trabalhar, servindo também para as fantasias sexuais de seus “donos” e, no caso das mulheres, para a amamentação dos bebês.
Enfim, as riquezas naturais e de trabalho eram fartamente distribuídas para manter a corte europeia. Pergunto: não fazemos isto até hoje? Afinal, doamos nosso trabalho e pagamos altos impostos, sem obter retorno, para manter a corte – neste caso, o governo.
O exemplo máximo disso é o Leão da Receita Federal (o símbolo do Imposto de Renda), que está sempre pronto para abocanhar.
A história se repete tal e qual na medida em que recursos infindos foram levados para fora. E não só lá em Portugal não foram bem gastos, como aqui também não foram e continuam não sendo devidamente empregados em favor daqueles que os estão ofertando: o Brasil e o povo trabalhador.
Cada (nação/população/sociedade) tem uma característica para lidar, desenvolver e aprender. A nossa deve trabalhar o poder.
O brasileiro sofre dos complexos inconscientes do escravo e do índio – submissos, espoliados e maltratados –, por isso se compensa e recompensa com pérolas como: “Deus é brasileiro”, “O Brasil é o melhor país do mundo” e por aí vai.
Quando viaja para o exterior, tem o hábito de se mostrar como o melhor, de falar alto, exibir sua alegria, seu samba, seu futebol e dar sempre um jeitinho para conquistar suas coisas, até como uma forma de autoafirmação.
Interessante notar um eixo de comportamento, já que ora ele é nada, ora é tudo.
Ele é nada para exigir que a “corte” faça a parte dela, para reivindicar seus direitos. Mas, quando tem um cargo, seja qual for, esta mesma pessoa submissa mostra que tem o poder na mão, tirando vantagens e se vangloriando disto.
Exemplos não faltam. Basta observar todos aqueles que nos prestam serviços em algum momento, seja um caixa de supermercado, um operador de call center, um médico... motoristas de ônibus, então, nem se fala, já que quando estão na direção adoram mostrar do que são capazes. Isso sem contar o cansaço que sentimos quando precisamos ir a qualquer repartição pública, onde é necessário lidar com a pretensa importância e a soberba da maioria dos funcionários. É preciso gastar um tempo enorme no nosso país para que as coisas funcionem como deveriam verdadeiramente funcionar.
Se pararmos e olharmos friamente, nenhuma dessas pessoas tem o poder que se atribuem, pois estão sendo pagas para trabalharem e exercerem seus ofícios, realizarem um trabalho, o trabalho que se propuseram a fazer. Na nossa forma inconsciente submissa, damos a eles esse poder, como se sempre fossem nos “engolir”, como se nunca fossemos conseguir nosso intento de forma pragmática e eficiente. É só nos imaginarmos falando com algum técnico da Receita Federal, com um delegado, com uma prefeitura ou subprefeitura. Quem não se viu em alguma situação como esta? Elas ocorrem na maior parte do tempo, sendo que, na real, deveriam acontecer bem pouco.
Nas relações trabalhistas, aqui as pessoas saem para trabalhar comprando a garantia das garantias que as empresas e o governo podem oferecer, acreditando inconscientemente que estes são os grandes pais que devem prover e se responsabilizar pelo futuro dos funcionários.
Colocarei um exemplo que definirá muitíssimo bem essa experiência do tudo e nada.
Quem de nós já não se deparou com histórias e/ou vivências pessoais em que, nas relações de trabalho anteriores, funcionários foram maltratados, espoliados, cumpriram carga horária às vezes até desumana, e essas mesmas pessoas, outrora submissas, em ambiente totalmente favorável, facilitador e respeitador se tornaram arrogantes, entraram com processo trabalhista, inventando um monte de mentiras com testemunhos falsos e, ainda por cima, acabaram ganhando a causa na justiça.
Isto é mais corriqueiro do que parece. Explico que o indivíduo em questão tem um opressor que consegue controlar sua tirania interior, quando num ambiente positivo. O lado reprimido e recalcado vem para fora, fazendo com que essa pessoa se torne tão igual àquelas que antes condenava.
Este é o exemplo ocorrido na África, quando na política do apartheid os negros eram segregados pelos brancos e, após este domínio, o que se viu e se vê até hoje são as tribos matando-se entre si. O opressor na figura do branco saiu de cena e revelou a dinâmica de opressor e oprimido entre eles mesmos.
Vamos agora olhar para uma esfera nossa real e um pouco maior do que as relações trabalhistas; vamos nos voltar para os nossos governantes. Costumamos fazer duas coisas: não só os colocamos e os sentimos de forma inatingível, como também delegamos pra eles a responsabilidade de zelar perfeitamente por nós. De uma forma cega vamos levando, ignorando tudo o que acontece ao nosso redor, como se não fôssemos corresponsáveis por tudo isso.
Como podemos delegar ao outro aquilo que não utilizamos e exercemos?
Ao agir assim, ficaremos sempre reféns, na medida em que toda “ausência” deixa um espaço para ser ocupado e, nesta configuração, não há como ter harmonia sem comprometer a individualidade de uma das pessoas.
A água está e estará refletindo a nossa imagem, não através de seu líquido, mas pelo que sua ausência nos permite e permitirá vermos.
Ela mostra e mostrará como as pessoas são e serão com sua falta, as mesquinharias, a lei da vantagem, da malandragem, do roubo e da falta de consciência em sua utilização.
Ela revela e revelará nossa aridez, assim como a avidez dos políticos, que visam apenas o poder e não a administração pública.
Por outro lado, poderá evidenciar também a solidariedade, a iniciativa, a compaixão, o respeito por ela, pela natureza e pelas pessoas, bem como a criatividade para superarmos essa estiagem com ideias originais de reuso, de captação etc., resgatando assim o poder natural do cidadão.
Obviamente, os que se tornam criativos deixam de ser áridos e se revelam férteis.
Já para os políticos, essa situação mostra que existe algo acima do que que acreditam cegamente. Existe o real, o verdadeiro, que não pode ser mascarado, comprado, maquiado ou negociado. Verdade esta que se revela nua e crua para todos indistintamente, muito embora eles tendam a tirar vantagens próprias disso tudo, quem sabe até desviando recursos hídricos para suas mansões(zinhas).
E onde entra a espiritualidade nisso tudo?
Bem, a palavra já faz referência ao espírito, logo está relacionada a questões essenciais, pois aquele que a busca procura um significado para sua vida, que transcende o que lhe é transmitido de concreto. Isso pode se dar via religiosa ou não, já que o indivíduo busca se religar com as forças superiores e divinas de e da vida, que servirão para norteá-lo na prática.
Interessante ressaltar que vivenciaremos aquilo que hoje está sendo definido como espiritualidade. De acordo com a Wikipédia, “atualmente a espiritualidade tem sido bastante estudada no que se refere às suas relações com a saúde humana. A Organização Mundial de Saúde (OMS) vem aprofundando as investigações sobre a espiritualidade enquanto constituinte do conceito multidimensional de saúde; hoje, o bem-estar espiritual vem sendo considerado mais uma dimensão do estado de saúde, junto às dimensões corporais, psíquicas e sociais.
E este é um momento bastante concreto para exercermos a espiritualidade e fazermos a diferença, pois doravante teremos questões básicas que testarão a prática dessas experiências que visam o essencial.
Como disse no início, esses valores são opostos aos praticados na política. De que forma nós, cidadãos conscientes, dotados de valores éticos e morais, podemos ter saúde psíquica, corporal e social, se no nosso dia a dia vemos pessoas que deveriam estar realizando um trabalho honesto para um bem maior coletivo, mas na verdade estão mentindo, difamando, se difamando, banalizando tudo e a todos apenas pelo gosto e gozo de estar no poder? Elas roubam nosso dinheiro suado, advindo do trabalho, e só Deus sabe o que cada um passa para lidar com o stress da vida diária.
Imagino que, ao lerem este artigo, vocês se depararam com inúmeras situações que literalmente nos tiram ou já tiraram do sério.
Voltando ao problema do complexo inconsciente, ficamos reféns e à margem disso tudo como se de fato não houvesse saída, na medida em que despertam em nós emoções, sentimentos e ideias tão densas de contrariedade e negativismo, que resolvemos a questão nos distraindo para esquecê-la, alegando que não adianta nada ficarmos nervosos. Assim, voltamos para práticas isoladas de bem-estar, mas por negarmos ou ignorarmos o todo, criamos um mundo à parte e tudo se repete sempre e sempre.
Somo ao aspecto do inconsciente coletivo, já comentado, a maneira como mantemos esse processo também através do nosso mecanismo primário de luta e fuga, proveniente do instinto de sobrevivência, presente em nós através do cérebro reptiliano – unidade primitiva, onde nascem os mecanismos de agressão e de comportamento repetitivo. É aí que acontecem as reações instintivas dos chamados arcorreflexos e outros comandos que possibilitam não só algumas ações involuntárias, como o controle de certas funções viscerais (cardíaca, pulmonar, intestinal etc.) indispensáveis à preservação da vida.
Então, digo que existe em nós uma forte tendência de sermos reativos e de lidarmos com as situações de forma simples, baseando-nos sempre em estruturas arcaicas.
Este processo delata a necessidade de lidarmos obrigatoriamente com estruturas superiores, não só cerebrais como psíquicas / emocionais.
Jung dizia: “Tudo que for negado volta de forma demoníaca para o meio”.
Portanto, é o momento correto e oportuno de se colocar a lucidez a favor do controle e das transformações dos impulsos e emoções, criando mecanismos internos para que essas energias não se dissipem, não “jorrem” para fora e, tão pouco, se aprisionem em nosso interior, levando-nos a adoecer no futuro e, mais uma vez, a permitir o domínio do sistema sobre nós, por nos subjugarmos a ele.
Vemos muito esse "jorrar para fora” nos atos de barbáries que acontecem no trânsito, no futebol, nos trotes das faculdades, nos assassinatos e outros crimes. Assim como acontece na política, aqueles que cometem delitos acabam se beneficiando, numa evidência concreta de inversão de valores. No outro lado da mesma moeda, outras pessoas têm enfarte, câncer... isso sem falar em depressão e síndrome do pânico (doenças muito comuns nos dias atuais), além de vícios como o alcoolismo.
É por isso que nossa sociedade está tão adoecida. Então, qual a saída?
Ela será encontrada no momento que encararmos nossas sombras, nossa aridez, a maneira como estabelecemos, nas devidas proporções, essa dinâmica do poder. Assim resgataremos nosso poder pessoal, não na referência do EGO, mas da essência, de como não devemos criar bodes expiatórios, de como precisamos domar nossos medos, lidar com nossas ausências, sem deixar rastros negativos, compactuando com mentiras, fofocas ou pessimismo. Só poderemos nos edificar através da lucidez e da força de vontade de sermos melhores pessoas para assim sermos melhores cidadãos.
A falta de água será o nosso buril, uma possibilidade de nos transformarmos através de aspectos superiores e não inferiores. Aí, sim, a religiosidade terá sua verdadeira função em nós, para nós e por nós, pois será exercida na prática e não em templos, igrejas, centros e espaços físicos que a representem. Ela mudará de status, se tornará um padrão psíquico / espiritual em nós, passando a ser vivificada na matéria.
Neste contexto, quebraremos o status quo do nosso inconsciente coletivo, como também usaremos as estruturas superiores cerebrais, ligadas a planejamento, sociabilidade, linguagem etc., enfraquecendo a cadeia da retroalimentação do jogo do tudo e nada. Dessa forma, seremos exemplos para os outros assumirem sua força e suas potências pessoais, servindo à transformação do todo.
Os políticos, ah, nesse cenário ficarão esvaziados de significado em nós e para nós, não terão mais a força, pois não mais os alimentaremos com nossas fraquezas e, a partir daí, os colocaremos em seus devidos lugares, ou seja, eles precisarão fazer aquilo a que deveriam se prestar – trabalhar para e pelo povo, não para causa própria, seja material ou de poder.
Falei da mudança pessoal. Agora, contextualizarei esse processo no todo.
Já pararam para pensar que os problemas hídricos mais graves estão em três estados – Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo –, justamente os maiores colégios eleitorais?
Destaco que colégio de São Paulo possui a maior representatividade, não só em números, mas também na qualidade da caracterização de seus eleitores, pois reúne em si uma amostra da população de vários estados, principalmente os nordestinos.
Será que isto é apenas um acaso ou uma forma de termos a possibilidade de nos aprimorar, de sermos “testados” no nosso caráter, de colocarmos em prática aquilo que buscamos nas diversas formas e expressões de religiosidade?
Digo que estamos na eminência de uma crise de abastecimento, na inversão de valores morais e éticos, (vejam o caso da Escola de Samba Beija Flor, que ganhou o último carnaval carioca, financiada por um ditador), da falta de caráter dos governantes, que em troca de “visões socialistas” se dão o direito de denegrir e achacar o cidadão produtivo, a mesma classe que paga os impostos para os governos se fartarem, desprezando aqueles com melhores condições materiais, como se estes fossem os causadores da pobreza, os responsáveis pela perpetuação dessa dinâmica. Mas, se de fato nós usarmos esses princípios de transformação de dentro para fora e de fora para dentro, imprimiremos no inconsciente coletivo uma nova informação, um novo modelo que, por sê-lo na sua essência, inevitavelmente afastará as sombras que assombram a nós e o nosso país.
Quero ressaltar que este texto fala de um contexto coletivo; porém, há exceções em toda essa dinâmica, pessoas que já fazem a diferença positivamente em todas as esferas. Posso citar dois bons exemplos que representam este texto: a vida e a dinâmica atual do Papa Francisco e a trajetória de Nelson Mandela.
Para quem quiser conferir, o filme “Invictus” revela como a mudança no todo acontece quando mudamos verdadeiramente dentro de nós, deixando de nos basear na nossa memória e de ser sujeitos reativos – que é o estímulo e resposta do nosso cérebro primitivo (luta e fuga) –, para nos tornarmos ativos, estado em que habilidades superiores, de empatia, equilíbrio emocional e resiliência entram em ação.
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Conteúdo desenvolvido por: Marcia Regina Aurichio   
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