Por que o brasileiro lê tão pouco? A apatia pela leitura e o custo social da ignorância

Por que o brasileiro lê tão pouco? A apatia pela leitura e o custo social da ignorância
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Autor Paulo Roberto Savaris

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 10/20/2025 9:39:57 PM




Há um paradoxo que grita em letras maiúsculas: somos um país com grande produção cultural, com escritores, editoras e feiras literárias pulsando, mas, ao mesmo tempo, patinamos no hábito da leitura e na compreensão de texto.
Essa apatia pela leitura não é apenas um problema educacional - é um sintoma cultural profundo.
Talvez explique, em grande parte, as disfunções sociais, os radicalismos e a superficialidade de pensamento que marcam o Brasil de hoje.

Os dados que não mentem

Segundo o Indicador de Alfabetismo Funcional (INAF), 29% dos brasileiros entre 15 e 64 anos são analfabetos funcionais - ou seja, conseguem ler palavras ou frases simples, mas não compreendem textos mais complexos.
Em outras palavras: quase um terço da população adulta tem dificuldade de entender o que lê.

O que mais espanta é o contraste regional.
No Nordeste, o índice chega a 42%, e no Sul, considerado uma das regiões mais ricas e desenvolvidas do país, 35% da população está nessa condição.
É a contradição viva do Brasil: riqueza econômica e pobreza de leitura caminhando lado a lado.
De que serve tanto progresso material se a mente ainda vive na penumbra da ignorância?

A pesquisa mostra ainda que, entre os jovens de 15 a 29 anos, o analfabetismo funcional subiu de 14% em 2018 para 16% em 2024.
E mesmo entre pessoas com ensino superior, apenas 61% atingem o nível considerado "pleno" de alfabetização funcional.
Ou seja: estamos formando profissionais que leem, mas não compreendem.

O Brasil que lê pouco e investe menos ainda

Segundo levantamento da Câmara Brasileira do Livro (CBL), apenas 16% da população acima de 18 anos comprou ao menos um livro nos últimos 12 meses.
Desses, 69% adquiriram entre 1 e 5 livros por ano.
Os motivos mais citados para não comprar:

  • Falta de tempo (31,8%);
  • Acesso gratuito pela internet (32,4%);
  • Preço (16,7%).
Mas será mesmo o preço o vilão?
Vivemos em um país onde se gasta R$ 30 em qualquer coisa irrelevante, mas não se investe R$ 1 em livros.
O problema talvez não seja o custo, mas a falta de prioridade cultural.

E antes que alguém diga "o pobre não tem como comprar", vale lembrar:
a classe média, que consome tecnologia, viagens e streaming, quase não investe nada em cultura.
O consumo cultural é raso - e a superficialidade virou hábito nacional.

As consequências da falta de leitura

A falta de leitura e o analfabetismo funcional não são apenas estatísticas tristes; são raízes de um problema civilizatório.
Em uma sociedade que lê pouco, cresce a desinformação, a intolerância e a vulnerabilidade política.

  • Capacidade crítica reduzida: 29% da população não consegue interpretar bem um texto - como esperar debates conscientes e discernimento político?
  • Consumo superficial: Quem não lê com profundidade tende a consumir cultura de forma rasa - vídeos curtos, manchetes, frases soltas.
  •  Vazio cultural: A ausência de leitura cria um interior vazio, facilmente preenchido por fake news, discursos de ódio e teorias conspiratórias.
  • Ignorância travestida de opinião: É assim que prosperam crenças absurdas: que "as urnas são fraudadas", "a vacina não funciona" ou que "a escravidão foi ficção histórica".
Ler é um ato de resistência - e não ler é abrir mão da liberdade.

Sementes de esperança: a leitura como caminho de transformação

Apesar do cenário desafiador, nem tudo é deserto.
Em várias partes do país, brotam iniciativas que cultivam o amor pela leitura:

  • Bibliotecas comunitárias e projetos de mediação de leitura em bairros periféricos.
  • O trabalho do Instituto Pró-Livro, que há anos promove a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil e ações de incentivo.
  • Campanhas de doação de livros e clubes de leitura que florescem em escolas, universidades, igrejas e praças.
São pequenas luzes em meio à penumbra - sinais de que a mudança é possível, quando há vontade e propósito.

Caminhos práticos: comece por você

Se quisermos um país leitor, precisamos começar de dentro para fora.
Eis cinco passos simples, mas poderosos, para cultivar o hábito da leitura e multiplicá-lo:

  1. Desafie-se a ler um livro por mês.
  2. Monte um clube de leitura com amigos, colegas ou na sua comunidade paroquial.
  3. Doe livros que já leu para uma biblioteca pública ou projeto social.
  4. Presenteie uma criança com um livro.
  5. Divulgue autores e booktubers brasileiros - quem compartilha leitura, espalha consciência.
A leitura como ato espiritual e comunitário

Para o leitor do Caminhando com Francisco, a leitura também é um ato de fé.
Desde os primeiros monges e teólogos, a tradição cristã valoriza a Lectio Divina - o exercício da leitura meditativa, que transforma texto em oração e sabedoria em vida.
Ler é escutar.
Ao mergulharmos na história do outro, exercitamos a empatia, a humildade e o amor - virtudes essenciais para quem deseja caminhar em direção à paz.

E, assim como Francisco de Assis via no diálogo o início da reconciliação, a leitura nos reconcilia com o mundo e conosco mesmos.
Cada página lida é uma semente plantada em solo fértil de consciência e compaixão.

Conclusão: ler é libertar-se

Se a região Sul, próspera e industrializada, exibe 35% de analfabetismo funcional, fica claro que riqueza sem leitura é apenas aparência.
Um povo que não lê não se emancipa, não cria, não lidera.
E sem leitura, a riqueza é vazia e o pensamento é frágil.

Por isso, a pergunta ecoa:
Será que desejamos aquilo que não oferecemos?

Queremos um país mais justo, culto e inteligente - então que cada um de nós comece pelo próprio exemplo.
A mudança começa em silêncio, entre as páginas de um livro, e se expande como luz.
Ler é um ato de esperança, fé e liberdade.
E, quem sabe, livro a livro, possamos construir um Brasil mais consciente, compassivo e humano.

Fontes de pesquisa

  • Indicador de Alfabetismo Funcional (INAF) - Fundação Itaú Social / Ação Educativa, dados de 2024.
  • UNICEF Brasil - "Analfabetismo funcional alcança 29% dos brasileiros e permanece no mesmo patamar desde 2018" (2024).
  • UOL Educação - "Estagnado, Brasil tem 29% de analfabetos funcionais; pandemia piorou quadro" (maio/2025).
  • Câmara Brasileira do Livro (CBL) - "16% dos brasileiros compraram ao menos um livro em 12 meses" (2024).
  • Associação Nacional de Livrarias (ANL) - Pesquisa de consumo cultural (2025).
  • Instituto Pró-Livro / Itaú Cultural - Retratos da Leitura no Brasil, 5ª edição (2023).
  • TV Brasil / Agência EBC - "Brasil perde mais de sete milhões de leitores em cinco anos" (2024).

Um Sonhador, Caminhando com Francisco - 
Paulo Roberto Savaris - Autor dos eBooks Série, Descubra Caminhando com Francisco e O Eremita Digital - Silêncio no Caos Moderno. Reflexões sobre espiritualidade, fé, natureza e simplicidade.
 https://www.caminhandocomfrancisco.com/





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