Quando respiro, apenas respiro




Autor Paulo Tavarez
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 5/21/2025 3:08:49 PM
Descobri o Zen não como quem encontra uma religião, mas como quem tropeça numa pedra silenciosa no meio do caminho. Nada me foi explicado. Nenhuma doutrina me foi imposta. E, no entanto, ali, sentado em silêncio, algo começou a se dissolver - lentamente, como o orvalho ao sol da manhã.
Sentei-me pela primeira vez sem saber ao certo por quê. Apenas me disseram: "Sente-se. Respire. Observe." Eu, acostumado a buscar sentido em palavras, respostas em livros, teorias e promessas, fui confrontado por um espaço em branco. Nada me era pedido, exceto estar ali - inteiro, presente. E ali comecei a perceber que talvez isso fosse tudo o que eu sempre evitara: o agora.
Zazen, chamam isso. Sentar-se com as pernas cruzadas, a coluna ereta, as mãos repousadas num gesto simples. Mas é mais do que uma postura. É um espelho silencioso diante de tudo o que se agita dentro de mim. Ao observar minha respiração, comecei a notar a inquietação da mente, o vai e vem dos pensamentos, a ansiedade de querer que o momento seja diferente do que é. E aí, o Zen me sussurra: "Apenas esteja."
O Zen não me ofereceu promessas de salvação. Ele não me disse o que é certo ou errado, nem o que eu deveria pensar. Ele me pediu apenas uma coisa: olhe para si mesmo diretamente, sem rodeios. Isso, por si só, foi um choque. Porque percebi que tudo o que eu achava ser - minhas ideias, minhas memórias, meus julgamentos - era apenas espuma na superfície.
Um mestre Zen pergunta:
"Qual é o som de uma única mão batendo palmas?"A princípio, quando li isso eu ri. Depois, tentei encontrar uma resposta inteligente. Mais tarde, entendi que ele não buscava resposta alguma. Ele queria apenas me tirar da prisão da lógica, da razão que separa tudo em partes. O Zen não busca explicar - ele busca despertar. E esse despertar não acontece no raciocínio, mas no momento em que deixo de me agarrar ao que penso saber.
Com o tempo, compreendi que o Zen é profundamente simples - e por isso tão desafiador. Ele não é uma fuga do mundo, mas um retorno ao óbvio. Comer quando se come. Andar quando se anda. Respirar quando se respira.
"Ao cortar lenha, corte lenha. Ao carregar água, carregue água."Comecei a ver que eu não vivia, eu pensava sobre a vida. Estava sempre um passo atrás do instante. O Zen me puxou para o agora - não como um esforço, mas como uma rendição.
Aprendi a valorizar o silêncio. Não o silêncio de quem se cala por medo, mas o silêncio que repousa por dentro, mesmo em meio ao barulho do mundo. Nele, percebo que tudo o que preciso já está aqui. Nada falta. Eu apenas não via, porque buscava demais.
A prática do Zen me ensina a desapegar - não das coisas, necessariamente, mas do apego em si: ao controle, à ideia de quem eu sou, ao desejo de entender tudo, ao medo de errar, ao orgulho de acertar. Aos poucos, fui soltando. E quando soltei, vi que a vida continua fluindo - mais leve, mais clara.
É um caminho sem mapa, sem garantias. Não há meta. Não há troféu. Não há iluminação como um ponto final. O Zen me ensinou que a iluminação está em cada passo que dou, se eu o der com total presença. É viver como se cada instante fosse sagrado - não porque me disseram, mas porque vejo.
Hoje, quando me sento, eu apenas me sento. Quando respiro, apenas respiro. Há momentos de paz, e há momentos de inquietação. Ambos são bem-vindos. Porque o Zen não busca eliminar o sofrimento, mas olhar para ele de frente, com coragem e suavidade.
O Zen não é algo que eu pratico. É algo que me revela. E nesse revelar, percebo que tudo o que eu procurava já estava aqui, esperando que eu apenas fosse o que eu já sou.









Conteúdo desenvolvido pelo Autor Paulo Tavarez Conhe�a meu artigos: Terapeuta Hol�stico, Palestrante, Psicap�metra, Instrutor de Yoga, Pesquisador, escritor, nada disso me define. Eu sou o que Eu sou! Whatsapp (s� para mensagens): 11-94074-1972 E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |