Menu

Quanto custa a psicoterapia?

Atualizado dia 12/26/2006 10:49:38 AM em Autoconhecimento
por Sandra Rodrigues Garcia


Facebook   E-mail   Whatsapp

Uma das questões fundamentais que preocupam as pessoas que sentem necessidade ou desejo de fazer psicoterapia é o preço do atendimento. Afinal de contas, trata-se de um investimento no bem-estar pessoal, no autoconhecimento, na curiosidade para saber o que acontece ali, naquele espaço sagrado de certa forma, pois trata-se de um lócus de revelação e de encontro com a alma. Por isso mesmo, no mínimo, vale a pena pagar para experimentar... sim, mas como tudo o que ocorre ali tem seu caráter específico e pessoal, acredito que o combinado entre o psicoterapeuta e seu cliente vale por si só, independentemente de outras situações, claro que respeitando sempre os aspectos éticos, implícitos no contrato.

Penso nisso quando me recordo de um garotinho que atendi em uma instituição aberta para famílias carentes. Nunca combinei nada em termos de dinheiro com a mãe, pois conhecia as dificuldades financeiras que ela enfrentava e em nenhum momento isso interferiu na qualidade do atendimento de seu filho nem no meu interesse por ele. Procurei trabalhar com o melhor de mim, buscando despertar o lado saudável da criança que me fora confiada generosamente pela mãe. O garoto progredia rapidamente, corria junto com tudo o que lhe era oferecido naquele espaço único, intuitivamente percebido por sua jovem inteligência e por seu desejo de crescer e desabrochar para uma vida melhor.

Gosto muito de trabalhar com crianças, pois elas entram facilmente no trabalho terapêutico e de certa forma aproveitam a experiência com uma sagacidade inédita, propícia a aceitar (não sem questionar!) aquilo que está sendo oferecido e que a faz sentir-se bem. Adultos podem agir dessa maneira, mas muitas vezes são propensos a ir e vir, entrando e saindo muitas vezes desses locus sagrado, desejando ir em frente e ao mesmo tempo ficar onde estão, ou seja, mudar sem mudar nada. E aí podem ficar meio empacados por algum tempo, mas quando se soltam e adquirem uma certa leveza, vão se tornando cada vez mais livres e capazes de se enfrentar e a seus temores, o que permite mudanças profundas, verdadeiras, benéficas.

Recorro a este caso para pensar melhor a questão do pagamento e o quanto ele é relativo. Claro, psicólogos e psicoterapeutas precisam ganhar dinheiro como todo mundo, mas nem por isso são obrigados a estipular valores fechados. Creio mesmo que o preço dependerá de um acordo feito entre ambos e como tudo o mais precisa ficar preservado pelo sigilo. Uma vez combinado, está tudo bem. Esse garotinho de 7 anos decidiu por si mesmo ‘pagar’ as sessões com flores. Trazia sempre algumas florezinhas amarelas que colhia a caminho da clínica e as colocava num copinho com água para me entregar. Esse gesto delicado passou a fazer parte da rotina do seu atendimento alguns meses após o início dos nossos encontros; de tal forma que quando não encontrava as flores ficava aborrecido e prometia trazê-las na sessão seguinte. Nunca foi cobrado por nada, mas de certa forma fazia sua parte, mostrando a disposição para oferecer algo em troca pelos esforços que fazíamos juntos, abrindo novos caminhos, que ele trilharia e completaria depois, sem a minha presença.

Quero destacar o que me parece mais significativo nisso tudo: as flores que recebi continuam presentes, vivas em minha lembrança, marcadas pelo tempo em que trabalhamos juntos, quando as vejo nos jardins, parques, residências. O simbolismo de seu gesto jamais será apagado de minha memória. Lembro-me com carinho e sou muito grata por ter sido meu paciente e por ter me ensinado uma das mais importantes lições para aplicar ao dia-a-dia. Refere-se justamente à questão do valor que devemos conferir ao trabalho terapêutico. Recebi flores e nunca mais vou me esquecer desse gesto. Procuro manter sempre comigo essa delicadeza, quando falo de dinheiro com meus pacientes. Enfim, a generosidade e a confiança mútua podem estar alicerçadas em detalhes como esse. E sem garantir um bom alicerce, não se cria um locus sagrado, ou seja, o lugar que promove o crescimento e o encontro com a alma. Em resumo: onde se faz psicoterapia.

Sandra Rodrigues Garcia
Psicoterapeuta.
Atende em São Paulo, com hora marcada.
3661-5785.
[email protected]

Texto revisado por Cris

Gostou?    Sim    Não   

starstarstarstarstar Avaliação: 5 | Votos: 11


estamos online   Facebook   E-mail   Whatsapp

Conteúdo desenvolvido por: Sandra Rodrigues Garcia   
Visite o Site do autor e leia mais artigos..   

Saiba mais sobre você!
Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui.
Deixe seus comentários:



Veja também
© Copyright - Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução dos textos aqui contidos sem a prévia autorização dos autores.


Siga-nos:
                 




publicidade










Receba o SomosTodosUM
em primeira mão!
 
 
Ao se cadastrar, você receberá sempre em primeira mão, o mais variado conteúdo de Autoconhecimento, Astrologia, Numerologia, Horóscopo, e muito mais...


 


Siga-nos:
                 


© Copyright 2000-2024 SomosTodosUM - O SEU SITE DE AUTOCONHECIMENTO. Todos os direitos reservados. Política de Privacidade - Site Parceiro do UOL Universa