Reflexão sobre o Complexo de Atlas: Soltando os Pesos que Não São Meus

Reflexão sobre o Complexo de Atlas: Soltando os Pesos que Não São Meus
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Autor Paulo Tavarez

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 5/13/2025 9:02:59 AM


Sempre que penso na mitologia grega, um personagem me vem à mente de forma muito simbólica: Atlas. Irmão de Prometeu e Epimeteu, ele fazia parte da primeira geração de deuses, os titãs - seres enormes, violentos, caóticos, que representavam a desordem do mundo. E, como outros titãs, Atlas foi derrotado pelos deuses mais jovens, liderados por Zeus, numa batalha chamada titanomaquia. Aqueles deuses novos simbolizavam o equilíbrio, a ordem que deveria substituir o caos.

A punição de Atlas foi dura: carregar o mundo nas costas por toda a eternidade. E quanto mais reflito sobre isso, mais percebo como esse mito continua presente hoje, dentro de mim, dentro de nós. Existe um "complexo de Atlas" que nos afeta quando assumimos pesos que não são nossos, quando queremos controlar tudo e todos, inclusive os rumos da vida.

Eu já me vi fazendo exatamente isso: tentando estar no controle das situações, das pessoas que amo, das decisões dos outros - como se o mundo estivesse, de fato, sobre meus ombros. E percebi que, quanto mais eu tentava administrar tudo, mais me transformava em um animal de carga, sobrecarregado com responsabilidades que nem eram minhas.

É como se eu tivesse perdido a confiança na vida. Achava que, se eu não interviesse, tudo daria errado. No fundo, eu não confiava na Inteligência Universal, nessa força maior que conduz o que precisa acontecer. Vivia em alerta constante, esperando o pior, absorvendo preocupações que não me cabiam. E, muitas vezes, tentando viver a vida dos outros - dos filhos, dos amigos, da família - como se eu pudesse protegê-los de tudo, como se o sofrimento não fizesse parte do processo deles.

Mas quem sou eu para evitar o sofrimento de alguém? Quem sou eu para impedir a experiência alheia, achando que posso poupar todos das dores do crescimento?

Em algum momento, precisei parar e admitir que tinha perdido a conexão comigo mesmo. Estava vivendo entorpecido, alimentado por notícias negativas, estatísticas assustadoras, medos desproporcionais. E quando a gente se desconecta assim, começa a viver sob um peso que não é nosso. Sofremos por antecipação, nos enchemos de ansiedade e, pior ainda, transmitimos isso aos outros.

Aprendi, com muito esforço, que estados mais felizes vêm quando desenvolvemos as virtudes da alma. E, no meu caso, o que mais precisava cultivar era a fé - não uma fé religiosa necessariamente, mas aquela confiança genuína de que existe uma ordem maior por trás de tudo. Porque, sim, o nosso livre-arbítrio é limitado. Às vezes, ele é tão pequeno quanto o de um peixinho dentro de um aquário. E, mesmo assim, queremos reger o mundo...

Entendi que, quando decido não confiar em nada nem ninguém, automaticamente me coloco no papel de administrador do Universo - e isso é insano. Comecei, então, um processo de soltar. De devolver ao Universo tudo aquilo que não me pertence. De tirar o peso das costas e permitir que cada um siga sua própria jornada.

Isso é especialmente difícil quando se trata de quem a gente ama. Por exemplo, como é difícil para uma mãe entender que os filhos não são mais parte do seu corpo, que o cordão já foi cortado, que eles precisam cair, errar, sofrer, como todos nós. A superproteção, por mais bem-intencionada que seja, muitas vezes só atrapalha. O mimo pode virar prisão.

Sim, é um discurso duro, mas também é libertador. A gente não pode resolver os problemas de todos, principalmente quando ainda estamos presos aos nossos próprios emaranhados emocionais. Carregar o mundo nas costas só nos adoece - e também adoece quem está ao nosso redor.

Eu precisei aprender que viver tentando prever e controlar tudo só alimenta a tensão e o medo. Confiar mais nas pessoas, permitir que errem, dar espaço... tudo isso é parte da vida. Errar é como cair quando aprendemos a andar - faz parte, e não tem como evitar.

Hoje, escolho viver com mais leveza. Diminuir a cobrança, reduzir as expectativas, e perceber que o controle absoluto é apenas uma ilusão do ego. Em vez disso, tento acessar recursos do meu Eu Superior: confiar, compreender, compartilhar, aceitar.

E sempre me lembro: para Atlas, carregar o mundo nas costas não foi uma virtude... foi uma punição. Eu não quero mais esse castigo para mim.






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Conteúdo desenvolvido pelo Autor Paulo Tavarez   
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