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Regressão em menor de idade

Atualizado dia 10/4/2007 11:21:44 AM em Autoconhecimento
por Flávio Bastos


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Ao tratarmos, em psicoterapia, com menores de idade, considero que precisamos ter os cuidados necessários ao encaminharmos a pessoa para a experiência regressiva. Porque tanto a criança quanto o adolescente passam por distintas fases de desenvolvimento, sendo o último mais sensível às impressões do histórico da vida atual registradas em seu psiquismo.

Portanto, principalmente na fase da adolescência, as emoções e os sentimentos, ou seja, o conteúdo inconsciente não ou mal resolvido, encontra-se à flor da pele, exteriorizando-se através de sentimentos de raiva e de revolta ou reprimido, latente, muitas vezes acompanhado por sintomas ou crises depressivas.

Uma criança ou um adolescente que nessas circunstâncias é encaminhado direto para a experiência regressiva sem antes passar por algumas sessões de psicoterapia da vida atual, para que na devida investigação de seu inconsciente sejam apontados as origens de seus sentimentos mais intensos e internamente não resolvidos, corre o risco de não estar psicológicamente preparado para experenciar o provável intenso nível de emoções da regressão.

Gislaine, 14 anos, é um exemplo do que aqui está sendo abordado. Foi trazida por sua mãe ao meu consultório apresentando sintomas de depressão. As quatro primeiras consultas foram divididas no atendimento individualizado. A partir da quinta sessão, já com as interpretações do material das falas da mãe concluido, o foco de atenção foi centrado apenas na jovem, para que através de sua associação livre (verbalização) fossem realizadas as devidas interpretações do material que começava a fluir de seu inconsciente.

Foram necessárias, ao todo, nove sessões de psicoterapia da vida atual até chegarmos com segurança ao foco principal da sua angústia: sentimento de culpa. Sentimento gerado desde as suas primeiras experiências com o ambiente à volta do útero materno onde encontrava-se registrado as suas primeiras impressões em relação a uma gravidez indesejada por parte de sua progenitora, agravando-se com as constantes crises de relacionamento de seus jovens pais ainda imaturos para assumirem as responsabilidades da vida a dois. Dessa forma, o seu sentimento de rejeição que com o passar do tempo transformou-se em culpa por ter nascido e "atrapalhado" a vida de seus pais, estava bem presente nos seus verdes 14 anos, assim como o decorrente processo de somatização de característica depressiva.

Camuflado em seu sentimento de culpa, Gislaine manifestava exagerada preocupação em retribuir aos pais e avó materna o que eles tinham feito por ela. Costumava também, sentir-se extremamente incomodada com qualquer pessoa que soubesse estar passando por dificuldades, fosse essa pessoa estranha ou não. Sentia em sua angústia, uma necessidade de traço compulsivo em ajudar esse indivíduo a minimizar seu sofrimento.

Foi trabalhado, então, a necessidade da paciente despertar para as percepções e discernimentos necessários para que pudesse, aos poucos, ir conscientemente elaborando o material que precisava elaborar. Como, por exemplo, despertar para a realidade de que seus pais que separaram-se quando ela tinha dois anos, cometeram e continuaram a cometer uma sequência de equívocos em relação à sua educação, a começar pela constatação dela ter sido usada como "escudo" no sentido de mútuas acusações em relação ao aspecto transferencial de culpas não assumidas pela deteriorização do relacionamento.

Nessa sensação de "marisco entre o mar e o rochedo", Gislaine foi crescendo à medida que foi desenvolvendo o seu sentimento de rejeição e de culpa por ter nascido, motivo que, inconscientemente, começou a gerar a angústia da preocupação em desejar "compensá-los, gratificá-los" para que a sua atávica dor fundamentada no sentimento de culpa pudesse ser pelo menos minimizada.

O mesmo processo inconsciente acontecia com a excessiva preocupação em relação a qualquer pessoa que passasse por dificuldades, à medida que através da projeção contra-transferencial, ao assumir as dores daquela pessoa, identificava-se com a mesma.

Após nove sessões de psicoterapia e com a sua pressão interna aliviada através das catarses e das necessárias elaborações, Gislaine encontra-se em melhores (talvez ideais) condições de enfrentar uma experiência regressiva que possa trazer-lhe mais informações que venham somar-se às já existentes para que a sequência do trabalho terapêutico possa, de uma forma qualitativa e equilibrada, efetivamente ajudá-la no sentido de sua autotransformação.

Observação: o verdadeiro nome da pessoa foi preservado.

Psicanalista Clínico e Interdimensional.
flaviobastos

Texto revisado por: Cris

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Conteúdo desenvolvido por: Flávio Bastos   
Flavio Bastos é criador intuitivo da Psicoterapia Interdimensional (PI) e psicanalista clínico. Outros cursos: Terapia Regressiva Evolutiva (TRE), Psicoterapia Reencarnacionista e Terapia de Regressão, Capacitação em Dependência Química, Hipnose e Auto-hipnose, e Dimensão Espiritual na Psicologia e Psicoterapia.
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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