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Revertendo o fracasso dos nossos sonhos

Atualizado dia 5/26/2017 10:24:09 AM em Autoconhecimento
por Alex Possato


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Acordei hoje pensando sobre empreendedorismo. Estou em Brasília, na casa do amigo Newton, debaixo do silêncio e acolhido pela bela natureza do cerrado. Uma casa, mas também um projeto que abriga cursos, atendimentos terapêuticos, alguns encontros espirituais... e que nasceu da necessidade. Precisávamos de um lugar para trabalho, já havia o trabalho, já tínhamos público... e é lógico, tudo fluiu... Até quando irá durar, não sei, afinal, tudo depende, como se dizia antigamente, “dos olhos do dono”.

Eu já fui dono de um projeto. De uma empresa. E apesar de ter durado muito tempo, quase uma década, não tive lucro nem felicidade com ela. Foi muito trabalho, tudo o que tínhamos foi investido e... perdido... Ao contrário do projeto acima, não havia público, não havia um produto adequado, estávamos na região errada, enfim, foi um grande aprendizado, através do sacrifício.

Repetindo o fracasso dos nossos pais, avós e antepassados

Sem ter feito esta experiência, jamais eu poderia ter partido para uma carreira autônoma – que também é um projeto, uma empresa individual – com mais assertividade como estou tendo agora. Sem ter montado a minha empresa errada, no lugar errado, com os produtos errados e público idem, não estaria nem escrevendo estas linhas.

Hoje posso dizer que aquilo que é o “nosso projeto”, já flui por si só... antes de termos algo concreto, já aparecem nossos clientes. Já desenvolvemos um produto ou serviço adequado. Somos muito competentes naquilo que fazemos e nos dá imensa satisfação realizar o trabalho. O dinheiro flui, mesmo na informalidade, e passar para o próximo estágio, a regularização, é uma consequência natural, e não uma invenção do ego. Eu disse: invenção do ego.

Para entender um pouco sobre o que estou dizendo, o ego, nesta concepção que coloco, é o apanhado de crenças, emoções e padrões de comportamento que dá uma sensação de “eu”. Algo muito importante, para entendermos os limites nossos e dos outros, reconhecermos quem somos diante do mundo, fazermos nossas escolhas... Porém, o ego é uma parte programada dentro de nós. Programada por nossos pais, família, sociedade e modelada também pela nossa personalidade. Nossa forma de atuar no mundo.

O ego é um programa, e não aquilo que sou... Vou dar um exemplo, voltando ao empreendedorismo. Sentado na cama, pensando sobre minha empresa antiga e o fracasso, começaram a vir lembranças: vovô dizendo que teve uma lanchonete numa escola particular em São Paulo muito bem-sucedida, mas... vovó brigou com a diretoria da escola e eles tiveram que ir embora. Depois, montou uma lanchonete em Suzano, cidade periférica de São Paulo... tudo estava indo bem até que... vovó resolveu que teriam que mudar de cidade por causa dos problemas de saúde do meu pai... Ele vendeu tudo. Outra voz que me vem do passado, é de vovô dizendo, meio que ridicularizando, de um projeto que meu pai fez: criar galinhas no Mato Grosso. Virou motivo de piada e foi um fracasso que, possivelmente, mal saiu do papel. A última voz que ouvi é da minha mãe, que há alguns dias atrás, disse que meu avô, seu pai, tinha uma indústria química para produtos de beleza e não deu certo, enquanto que a vovó, a mãe dela, montou uma escola de cabeleireiros que foi de vento em popa. Ela nem sabia cortar cabelo, contratou um profissional, aprendeu e em breve estava ensinando, dentro de um instituto que ela mesma fez. O dinheiro da família, nesta fase, veio todo da vovó.

Hoje eu tenho certeza absoluta de que meu ego ficou infectado pela ideia do fracasso, principalmente os homens fracassados da minha família. Embora eu tivesse sido influenciado a ser empreendedor como vovô paterno e materno, o padrão que mais fiquei preso era o fracasso, a frustração, a perda financeira e a sensação de derrota... e com uma mulher mandona ao lado. Isso também ocorreu comigo: ao quebrar minha empresa, voltamos para São Paulo, e em breve minha antiga companheira estava fazendo terapia. Aprendeu muito rápido, ela já possuía este dom natural, e começou a ensinar... E nós finalmente entramos numa era de poder ganhar muito dinheiro.

Já ouviram esta história antes?
Mas só me dei conta agora, quando mamãe contou outra vez a história dos seus pais.

Honrar a derrota, para abrir-se para a vitória

Uma coisa que aprendi fazendo terapia é que reproduzimos a eterna guerra entre homem e mulher dentro da nossa relação, e isso se espalha nos nossos negócios. Meus avós paternos não se davam bem. Conviveram juntos até o fim, mas era uma relação cercada de mentiras, traições, mágoas e comportamentos abusivos. Meus avós maternos também não se deram bem. Conviveram até o final da vida juntos, mas havia alcoolismo, agressividade velada, falta de diálogo. O ambiente de conflito gera energia para aquelas pessoas que conseguem canalizar a guerra para seus objetivos. Motivados para a batalha, podemos direcionar esta força para os negócios e sermos muito bem-sucedidos. Mas quando a briga é dentro de casa, isso vai minando nossas resistências. Geralmente um tem que ceder, para o outro subir. Um deve ficar submisso, para que o outro fique em evidência. O que ficou embaixo, logo irá tentar puxar o tapete daquele que ficou acima. Por raiva, ciúme, inveja, competição.

Eu também acabei vendo despertado em mim a raiva, a frustração, a sensação de incapacidade ao me ver fracassado. E ao ver minha mulher subir, tive ciúme. Inveja. Mas já eram muitos anos de relação, que não estava bem. E a necessidade financeira, junto com meu trabalho espiritual, me fez ver que era o momento de baixar a bola. De ver meu ego cair por terra. E auxiliar no processo que estava dando certo. Mesmo que nossa relação afetiva não estivesse mais íntegra.

Era necessário honrar a derrota e todos os sentimentos que isso provocava em mim. No fundo, vovô, quando dizia que só foi derrotado por causa da vovó, estava ausentando-se da responsabilidade do fracasso. Ao ridicularizar seu próprio filho, estava dizendo, pelo menos ao meu ouvido: nós, homens, somos uns bostas. E eu, o descendente, também. Isso é inconsciente, mas acaba ficando. Logo, na vida adulta, eu tive que reproduzir mais uma vez, a experiência de derrota em mim mesmo, para que pudesse ter a oportunidade de assumi-la. Achava que queria empreender para ser bem-sucedido, mas no fundo, meu inconsciente queria empreender para ser derrotado, e se igualar à mediocridade que meu ego acreditou ser real. Mas eu não sou medíocre. Vovô e papai também não. Era um grande engano.

Era isso que o universo quis me ensinar: não há culpa de alguém, quando fracassamos. Não há culpa de nada. Somente é uma situação que precisa ser incluída. Vovô não conseguiu e jamais se levantou. Tanto o paterno quanto o materno. O dinheiro ganho por eles, as propriedades conquistadas, foram divididas e diluídas pelos descendentes. Quase nada sobrou.

Ao tomar a decisão de servir, com meu trabalho, àquilo que minha ex estava fazendo, o combate entre nós suavizou, e a prosperidade pôde chegar. E ficar.

O sucesso não necessita de esforço desmedido

Os passarinhos cantam, por entre as árvores do cerrado. Logo mais, terei um encontro com alunos e pessoas interessadas no meu trabalho e no trabalho proporcionado pelas pessoas que ensinei. Me encontrarei com algumas dezenas de pessoas, entre hoje e este final de semana. Tenho que dizer: estou muito surpreso em ter entrado em contato com a sensação de que estou honrando a minha avó materna, empreendedora bem-sucedida, que deixou o marido seguir seu caminho e provou a sua competência ao aprender uma profissão, e tornar-se professora... assim como eu. Passou a vida submissa, ao lado do marido, para depois, já com certa idade, partir para o próprio negócio.

Os homens da minha família sempre lutaram. Lutaram muito. Se esforçaram muito, e não deram conta. Eram raivosos e emocionalmente instáveis, frágeis. As mulheres, de certa forma, faziam as coisas com leveza. E talvez por isso, muito mais assertividade. Também emocionalmente problemáticas, mas com mais estabilidade nas ações. O homem e a mulher, unidos, conseguiriam prosperar. Mas não havia união de casal, e cada um teve que ir por um caminho. Lembro-me que a ex dizia para mim: para que você faz isso? Por que gastar tanto nisso? E eu não a ouvia. Intimamente sentia que ela era incapaz, não auxiliava no processo e estava me desmotivando. Estava revivendo a guerra entre os sexos da minha família. E tentando provar para ela a minha competência. Estava unido ao vovô e ao papai.

Não consegui. Ela conseguiu. Felizmente, pude reconhecer isso. A relação acabou. Mas o aprendizado ficou. É necessário entrar em contato com o fracasso. É importante nos dobrarmos e cairmos ao chão, sinceramente derrotados, após todos os nossos esforços. Renunciar à insanidade de tentar provar, seja lá para quem, a nossa competência: porque nesta toada, só colheremos frustração. Somente assim, saberemos tomar posse da nossa força. A nossa força natural, e não os condicionamentos do ego, que age por programação. Suavemente, deste lugar, a prosperidade começa a se mostrar. O próprio caminho se abre. Seus tons despertam. As pessoas chegam. O dinheiro vem.

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Conteúdo desenvolvido por: Alex Possato   
Terapeuta sistêmico e trainer de cursos de formação em constelação familiar sistêmica
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