Ser mulher




Autor Patrícia Marques Barros
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 3/6/2025 12:18:01 AM
O que é ser mulher? "Ninguém nasce mulher: torna-se mulher", escreveu Simone de Beauvoir em seu livro "O Segundo Sexo". É inegável que a sociedade influencia (ou tenta influenciar) meninas e mulheres para que tenhamos um comportamento tipicamente "feminino". As mudanças trazidas pelo feminismo foram muito importantes, mas ainda estamos longe de conquistar todos os nossos direitos.
Nós somos filhas, irmãs, esposas, namoradas, amigas, mães. mulheres! Ser mãe (para as pessoas que decidem conscientemente ser mães) é um ato de enorme coragem, pois não se sabe nada sobre o futuro do filho que está por vir. E o mundo atual apresenta muitos problemas sérios. Uma mãe pode apenas ter fé na Vida e esperança de que as coisas correrão razoavelmente bem, esperança de que, com percalços e desafios, o caminho valerá a pena. É importante observar que muitas mães cobram demais de si mesmas. Ser mãe (e pai) talvez seja o último tipo de compromisso que existe na nossa sociedade de amores líquidos (conceito de Zygmunt Bauman). Ser mãe é um caminho com dificuldades e alegrias, um caminho que é diferente para cada mãe. E ser mulher é muito mais do que ser mãe! Ser mulher é ser. pessoa! É se descobrir e evoluir enquanto pessoa. É amar, descobrir o seu caminho na vida, o seu espaço no mundo...
Nós somos. mulheres! Então, nós queremos chamar a atenção, queremos nos sentir atraentes, desejadas, amadas. Infelizmente quantas mulheres se perdem neste caminho. As músicas, filmes, seriados, novelas, livros românticos influenciam as meninas e mulheres e muitas têm como foco principal ter um relacionamento. A nossa cultura influencia as meninas para que elas coloquem os relacionamentos românticos em primeiro lugar. O machismo está evidente nestes produtos culturais. Não é à toa que o livro "Mulheres que Amam Demais" se tornou um best seller, pois a sociedade leva mulheres a supervalorizar um relacionamento romântico, o que pode favorecer a co-dependência, ou seja, dependência de um relacionamento que é tóxico. Mas claro que as nossas vidas são muito mais do que ter um relacionamento! Muitas mulheres colocam o outro como prioridade em suas vidas e esquecem que se elas não tomaram posse de si mesmas, amando a si mesmas em primeiro lugar, não têm quase nada para oferecer ao outro. Idealmente amar é um transbordar do sentimento, amar é estar pleno e então oferecer afeto e cuidados ao outro.
A mídia tenta impor a nós, homens e mulheres, padrões irreais de beleza. Mas em relação a nós, mulheres, a cobrança é muito maior, incomparavelmente maior. Um homem não precisa ter boa aparência ou ser atlético para ser considerado um grande homem. Mas uma grande mulher pode até ser ridicularizada por certas pessoas se não corresponde aos padrões de beleza. Como se a aparência fosse tudo o que uma mulher tem para oferecer ao mundo! Como se a beleza definisse quem uma mulher é! É claro que o machismo está presente neste modo de ver as coisas. Cumpre a nós ser críticos, questionadores.
É difícil ser mulher. Recebemos críticas por todos os lados. Se uma mulher decide não ter filhos pode ser chamada de egoísta. Se uma mãe tem muitos filhos é chamada de maluca. Se a mulher tiver um filho pode escutar: "Por que você não tem mais um?" Se uma mae trabalha sente culpa por nao passar mais tempo com o(s) seu(s) filho(s). Hoje em dia se uma mulher nao trabalhar para ajudar no orçamento familiar também pode ser criticada por isso. Mas o trabalho doméstico merece reconhecimento! Se uma mulher de certa idade se submeter a uma cirurgia estética não soube envelhecer com dignidade e se não toma esta atitude. envelheceu! Como se nós nao tivéssemos o direito de envelhecer, como se envelhecer nao fizesse parte do ciclo da vida... Somos altas demais, baixinhas, gordas demais, magras demais, "feias". Se uma mulher é bonita, de acordo com os padroes culturais, é rotulada como sendo burra. Se ela for bonita e bem sucedida pode escutar que chegou onde está por causa da sua aparência (isso se não escutar algo mais grosseiro). Uma mulher bonita também pode sofrer com a inveja e fofocas de outras mulheres. Sim, infelizmente nós nem sempre somos unidas.
Não faz muito muito tempo que foram veiculadas na internet campanhas como #me too e #primeiroassédio. Muito se falou sobre a "cultura do estupro". Também houve as "marchas das vadias". Não quero dar a entender que tais campanhas não têm a sua validade. Sim, devemos nos expressar e lutar contra a violência sofrida pelas mulheres. O que eu questiono é a maneira de lutarmos pelos nossos direitos. É compreensível que no início do movimento feminista mulheres queimassem seus sutiãs e lutassem pelos seus direitos, com protestos, expressando a sua revolta e sua ira. Mas acho que hoje o movimento feminista precisa passar a um novo estágio. Nós, homens e mulheres, precisamos nos unir. O novo homem está surgindo e eles ainda estão perdidos. O que é ser homem hoje em dia? O que se espera deles? Nós, mulheres, também estamos perdidas, sobrecarregadas de obrigações. Desempenhamos vários papéis e jamais seremos perfeitas em tudo. Cobramos muito de nós mesmas, muitas de nós precisam aprender a relaxar, a delegar. Mesmo assim podemos dizer que nos adaptamos à nova realidade social na medida do possível. Os homens estão mais perdidos do que nós. Voltando a falar das campanhas #me too e #primeiroassédio, percebo que as feministas hoje em dia expressam muita raiva dos homens, muito ódio. É claro que estes sentimentos são válidos, mas este não é o melhor caminho. Vou repetir: nós, homens e mulheres, precisamos nos unir. De que adianta acusar os homens? Muitas mulheres se sentem agredidas porque foram vítimas de assédio muito cedo em suas vidas, muitas de nós são vítimas de violência e precisamos tomar atitudes, lutar contra todo tipo de violência que sofremos. Como? Nós precisamos conscientizar nossos filhos de que os seus sentimentos são importantes, de que eles não precisam ser "pegadores". Nós devemos ensiná-los a respeitar as garotas e mulheres. Nós precisamos conscientizar nossas meninas de que dar muita importância á sensualidade não é ser poderosa e que ter um relacionamento romântico não deve ser a prioridade na vida de ninguém. Nós conquistamos a liberdade sexual e a liberdade dizer "não" faz parte de ser poderosa. As meninas precisam ter consciência do seu próprio valor e saber se defender de situaçoes perigosas (este tópico é complexo) e relacionamentos tóxicos.
Tratando de relacionamentos tóxicos, atualmente se fala muito sobre o Transtorno de Personalidade Narcisista. Infelizmente nós, mulheres, vivemos em uma sociedade que é machista - narcisista e que busca nos oprimir e rebaixar a nossa autoestima, fragilizando-nos com a intençao de nos dominar. Isso é típico do Transtorno de Personalidade Narcisista e é exatamente isso o que a nossa cultura faz.
Repito: nós precisamos lutar também contra a violência sofrida pelas mulheres, mas apenas expressar a raiva, o ódio que sentimos em relação aos homens não é o suficiente. Temos o direito de nos expressar, é claro! Mas outras medidas precisam ser tomadas. Existem grupos de ajuda mútua para homens que foram agressivos e este tipo de trabalho deve ser mais disseminado. Levar informaçao a homens e mulheres também é essencial. Devemos incentivar nossos filhos a falar sobre seus sentimentos, devemos ensiná-los que pedir ajuda não é vergonhoso. Devemos ensiná-los que homens podem chorar, sim. E a raiva é uma emoção com a qual todos nós, homens e mulheres, precisamos aprender a lidar. Nossas crianças precisam de orientação. Já existem iniciativas, tais como a "School for life", meditação nas escolas. Torço que muita coisa mude nas escolas e nos lares.
Nós, mulheres, ainda ganhamos menos do que os homens, desempenhando as mesmas funções. Mais um direito pelo qual precisamos lutar.
Existem muitas pessoas, inclusive mulheres, que acham que o feminismo é apenas o feminismo radical. Mas isso não é verdade. O feminismo é a luta para que mulheres e homens vivam em condições de igualdade. O ideal é que homens e mulheres se unam para um maior bem estar das pessoas e para a evolução da humanidade. Isso é um sonho? Como disse John Lennon: "Você pode dizer que eu sou um sonhador, mas eu não sou o único". Homens e mulheres cooperando para o bem de todos parece ser utopia? Nem por isso devemos deixar de tomar atitudes para que isso um dia seja uma realidade. Ter escrito este texto foi a minha pequena contribuição para reflexões neste sentido.
Sem querer "puxar a brasa para a nossa sardinha", nós somos a obra prima da criaçao. Nós somos sensíveis e fortes, temos inúmeros talentos e habilidades, temos a tendência a ter coraçoes bondosos, temos um inestimável valor! E não precisamos que ninguém nos valide. No dia da mulher vamos lembrar que somos preciosas!









Conteúdo desenvolvido pelo Autor Patrícia Marques Barros Visite o Site do autor e leia mais artigos.. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |