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Será que estamos perdidos?

Atualizado dia 4/18/2007 12:00:20 AM em Autoconhecimento
por Samuel Macêdo Guimarães


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Ao refletir sobre a pergunta do título, proponho uma situação paradoxal: discutir qual é a pior ameaça ao ser humano, sua completa extinção ou a degradação gradativa da sua qualidade de vida e conseqüentemente, a perda de sua humanidade. Acredito que a perda da humanidade é uma ameaça pior que a extinção em virtude de abrir possibilidades para instalação da barbárie.

Uma preocupação constante em contribuir para a melhoria das relações dos seres humanos entre si e com o meio ambiente é de fato muito importante para qualquer um que toma consciência das possibilidades destrutivas que vez ou outra pairam sobre os moradores do planeta Terra, principalmente pelo fato de que em sua maioria, esses perigos que nos rondam, são todos produzidos pelo próprio ser humano, ou seja, por nós mesmos.

Deduzo duas formas diferentes de argumentar: uma pelo lado otimista e outra pelo aspecto pessimista. Vejamos a interpretação pessimista: talvez para o ser humano não exista mais possibilidade de superação de quadros negativos que nos expõem ao perigo. Estaremos extintos como espécie no futuro ou, na melhor das hipóteses, nos tornaremos completamente bárbaros, desumanizados, regredidos em função da perda da nossa qualidade humana.

Pensando de forma otimista, noto que apesar das sérias ameaças o ser humano tende a se ajustar às condições perigosas, pelo próprio processo de ajustamento inerente à espécie, e daí surgirá um ser humano mais consciente e gradativamente reconhecendo a possibilidade de produzir uma vida mais humanizada.

Podemos até recuar no tempo e verificar que algo parecido já ocorreu com algumas civilizações. Em alguns casos, se fala até de civilizações mais desenvolvidas. Mas o que quero demonstrar é que em muitos casos, apesar do desaparecimento de determinadas civilizações, outros grupos humanos encontraram formas de manter a vida humana existindo no planeta.

Pergunta-se então: existe uma ameaça pior que a extinção? No plano biológico, é possível que qualquer espécie possa ser extinta ou substituída por outra mais resistente e/ou mais inteligente. Essa é uma lei biológica na qual estamos inscritos com ou sem a nossa humanidade. Nesse caso, provavelmente, a humanidade do ser humano, não contaria muito se fôssemos apenas obedecer essa lei bióloga.

Mas não é só isso que está em jogo. Está em jogo muito mais do que uma lei biológica. Está em jogo também a transcendência do biológico para o político-social que é uma inserção completamente humana fundada pela sua inteligência, que pelo menos até o momento transcende em muitas direções que envolvem a complexidade do ser humano. Numa concepção mais ampliada de refletir o Ser humano, também não podemos deixar de comentar a transcendência em direção ao espiritual.

Não se pode desconsiderar as infinitas possibilidades da inteligência humana e aquilo que se compreende como influências de forças cósmicas que ao longo da própria experiência de viver, nos vai sendo desvelada, de tempos em tempos.

Creio que tudo isso possui uma abrangência multidimensional nas quais é preciso muito mais do que uma simples reflexão. São necessários profundos e verdadeiros questionamentos e tomadas de decisões mais contextualizadas com os anseios de evitar o perigo que nos ronda, valendo-nos das mais variadas maneiras de entender o mundo, seja através da ciência, misticismo, arte ou espiritualidade. Não resta dúvida de que esse é um trabalho de toda a humanidade.

Pode-se também dizer que como humanidade não estamos sozinhos e podemos, cada um com sua própria vivência e experiência, influenciar os que estão ao nosso redor, acreditando na possibilidade de reações em cadeia, de quaisquer influências que sejam positivas para a preservação do meio ambiente e das boas relações. O grande desafio seria conseguir atingir o âmago das pessoas e não apenas o intelecto.

Quanto ao fato de sobreviver ao perigo e, ainda mais, com essa sobrevivência perder a humanidade ou a possibilidade de melhor qualidade de viver, não tenho dúvida de que o ser humano sobreviverá como espécie por uma razão: ele consegue adaptar-se a tudo e, não é ao ser humano que as crises ecológicas ameaçam, mas à qualidade da vida humana.
Logo, podemos avaliar que apesar de não ser impossível, o caminho da autodestruição pode ser evitado. Acredito até que chegue um momento em que o ser humano reconheça que estando destrutivo, não estará seguindo a sua real natureza, fundada na vocação ontológica de Ser mais e que uma tomada de consciência dessa qualidade, possa reverter as possibilidades de autodestruição ou de autodegeneração.

Quanto aos mecanismos negativos de sobrevivência a qualquer custo, aguçados pelos nossos ancestrais que estão inscritos no código genético, considero uma questão de valor, mas não se herda só as coisas ruins e não é só o processo de adaptação que está incluso nos traços de comportamentos herdados, é também o processo da natureza humana, bem como, da continuidade da vida que quer viver, condição ontológica de Ser mais, reconhecida na percepção de que somos inconclusos, incompletos, e por isso mesmo em eterna busca.

Vale ressaltar que a condição humana é muito rica em beleza, diversidade de culturas, diversidade de raças, enfim tantas diversidades que não podemos admitir a possibilidade de que a mãe-vida, seja essencialmente inconsciente das condições desfavoráveis, na forma em que está se permitindo viver em nosso planeta. Viver é também uma questão de talento para viver. Acredito na possibilidade de emergir um nível de consciência que surpreenda os mais pessimistas, e o ser humano possa se manter no velho caminho eternamente trilhado, de buscar a honra e a glória de Ser mais sem precisar se tornar um bárbaro.

Por tudo isso e por tantas outras coisas que podem ser ditas, valorizo a vida reflexiva no sentido de um exercício importante para que diante da situação mais próxima do caos, seja corporificada pela tomada de consciência, uma postura de mudança positiva de atitude, que dê ao Ser humano uma vontade de manter a vida dentro dos mais elevados padrões qualitativos, levando sempre adiante a idéia de que nem tudo está perdido.

Texto revisado por Cris


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Conteúdo desenvolvido por: Samuel Macêdo Guimarães   
Formação em Psicoterapia Corporal Neo-Reichiana, Psicoterapia Corporal para Crianças e Adolescentes, Psicoterapia Holográfica. Mestre em Educação Física, Consultor de Bem Estar.
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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