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TRISTEZA OU DEPRESSÃO?

Atualizado dia 11/13/2006 12:06:16 PM em Autoconhecimento
por Silvana Lance Anaya


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Em se tratando de emoções, quem em algum momento da vida diante de um fato infeliz não se sentiu deprimido?! Mas quando a tristeza cede lugar a um estado melancólico por dias, semanas e até meses.. podemos estar diante da “depressão” que atinge pessoas em toda as faixas etárias, inclusive crianças. O tema é complexo, tentarei abordá-lo sem aprofundamentos prolixos.

A depressão é considerada uma doença que envolve o corpo, o humor e os pensamentos, devendo ser diagnosticada e tratada por um profissional através de medicamentos ou terapia, até mesmo em tratamento conjunto. Pode se instalar por diversos motivos, podendo ser ativada por uma crise emocional, na perda de um objeto de afeto, desenvolvendo-se em pessoas que possuam uma disposição patológica, ou ainda desencadeada pela falta de serotonina no cérebro. Nem sempre um fator emocional está envolvido, mas é preciso avaliar suas causas pois outras formas de depressão não dependem unicamente deste desequilíbrio mesmo que esta seja uma situação comum.

Mas como saber diferir a tristeza da depressão? Quais os sinais a serem observados?

A tristeza tem um motivo real; a depressão, não, podendo se manifestar em pessoas sem nenhum histórico familiar, ainda que isso não seja freqüente. Os sintomas mais comuns de uma depressão são: choro fácil, tristeza constante, sensação de desalento, vontade de se ausentar de tudo, irritabilidade, ansiedade e oscilação de humor, podendo gerar uma visão deturpada das coisas e das pessoas, resultando em uma leitura prejudicada da realidade. Tarefas simples são vistas como dificuldades, a concentração fica prejudicada e há um desgaste da motivação e da ambição. Muitos depressivos preferem atividades que reforçam o isolamento se afastando do convívio pela dificuldade de trabalhar e de assumir responsabilidades.

Um estado depressivo pode se apresentar após um choque emocional como a perda de um ente querido, separação, perda do emprego, etc. mas ainda que o quadro de depressão seja o mesmo, nestes casos trata-se de uma depressão reativa a ser superada; sua origem e causas são diferentes. É a duração da tristeza que define se existe ou não um quadro depressivo, pois esta é subjugada com o tempo por mais difícil que seja a adversidade. Portanto, “tempo” é um fator relevante, mas para “momentos de crise”, uma terapia de apoio pode ser de grande ajuda, pois um acompanhamento terapêutico facilita a assimilação e superação nesta “travessia”.

Apesar dos sintomas aqui descritos, eles são variados e diferentes entre as pessoas, somados a diversos outros fatores. Além de sintomas emocionais, podemos observar também sintomas físicos como: tensão muscular, problemas digestivos, insônia, sono em excesso, problemas de pressão, etc. Estes sintomas somáticos estão relacionados a significados simbólicos dados pelo paciente, que encontra através dos órgãos uma comunicação mais fácil de sua agonia. Em quadros mais profundos a pessoa entra em desânimo excessivo e com a diminuição da auto-estima e comportamentos de auto-recriminação, pode apresentar comportamento suicida, revelando preferir a morte a viver desta forma...

É preciso que a família e pessoas próximas estejam atentas, deixem o preconceito de lado e incentivem auxiliando na procura de um “socorro psicológico profissional” para se detectar o quadro e concluir o melhor tratamento o quanto antes. É importante salientar que para o sucesso de qualquer tratamento é necessário que o próprio envolvido colabore.

No entanto, se a depressão fosse facilmente descrita com propriedade e facilmente diagnosticada por um agrupamento de sintomas fáceis de se observar, a análise clínica seria extremamente simples até mesmo a leigos no assunto. Em sua complexidade, o mais árduo trabalho está em sua investigação, no diagnóstico dos muitos casos de depressão atípica ou dissimulada e em outras patologias emocionais ao se distinguir traços depressivos como nos casos de fobias, pânicos, etc.

Ser portador de depressão não deve ser motivo para que ninguém se sinta diminuído, mas sim um pretexto a mais para cuidar melhor de si mesmo e de suas emoções aliando-se ao tratamento adequado para que haja controle e qualidade de vida perfeitamente alcançáveis.

Em termos de psicanálise, na busca do tratamento e controle da depressão, o esforço se concentra no inconsciente, evitando assim enveredar-se por rumos obscuros, tentando fazer com que o paciente se livre de objetos internos perseguidores que o afligem, levando-o à alta auto-estima através de uma investigação em forma de diálogo único desenvolvido entre paciente e seu analista, visando a melhora da reação diante de causas desencadeantes da mesma. Desta forma, procura-se equilibrar a balança de ganhos/perdas evitando a imersão na tristeza e o que dela pode advir. Em muitos casos, utilizar-se apenas de uma medicação seria como tratar uma dor qualquer com analgésicos sem investigar suas causas, pois muitos por acharem que não serão capazes de suportar sua dor emocional, recorrerem à medicina atrás de uma “receita de alívio” para anestesiar seu sofrimento. Mas, até quando?

Sabemos que não temos o poder de escolha em relação a muitos acontecimentos em nossas vidas, especialmente na infância que muito nos marca, mas podemos sim ser bem sucedidos se conseguirmos desenvolver um senso de equilíbrio nesta balança de “perdas/ganhos” de modo aceitável sem nos entregarmos de corpo e alma à tristeza! Desde o nosso nascimento estamos sujeitos a perdas, começando quando somos tirados daquele mundo seguro, fantástico e aconchegante do útero; depois vem o desmame e outras pequenas situações que, na infância, são vistas como “grandes perdas”; e este ciclo continua na adolescência, na vida adulta e ao longo de toda a existência!

Lidar com perdas não é nada fácil, portanto, devemos concentrar esforços em mudar nosso olhar para podermos enxergá-las como aprendizagens.

Muitos de nós vivemos no anseio de uma vida perfeita e concluímos erroneamente que perda tem a ver com fracasso e nesta frustração nos deprimimos. Na falta de elaboração destas situações a depressão pode avançar... se tornando o núcleo gerador de toda a enfermidade...

Mas vida perfeita não existe! A não ser que consigamos enxergar na imperfeição a “perfeição possível”! Mesmo que alcançássemos uma suposta “perfeição”, nunca estaríamos satisfeitos, pois estamos sempre buscando algo que nos “complete” e sempre haverá um senão! Ninguém está livre de fracassos e perdas pelo caminho!
De uma forma ou de outra a vida sempre nos surpreende. Sendo assim, podemos também nos surpreender com nossas próprias atitudes diante dos acontecimentos, adquirindo uma postura de maior resistência e aceitando as coisas que não podemos mudar sem nos subjugarmos à inércia da vida, permanecendo assim aliados da tristeza a ponto de a vida ficar por um triz... É preciso lutar e resistir, pois viver é preciso, embora a vida não seja tão precisa nos caminhos que idealizamos!

“Ninguém pode livrar os homens da dor, mas será bendito aquele que fizer renascer neles a coragem para suportá-la."
S.Lagerlof

"Aprendi com a primavera, a deixar-me cortar e voltar sempre inteira."
Cecilia Meireles

“Nas asas do tempo, a tristeza voa.”
La Fontaine

Silvana Lance Anaya
Psicanalista

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Conteúdo desenvolvido por: Silvana Lance Anaya   
Silvana Lance é Psicanalista e Psicoterapeuta Especialista em Psicodrama Clínico - Pós-Graduada em Teoria Psicanalítica, membro fundadora da SODHEP - Soc. Desenv. Humano e Estudos Psicanalíticos - / Jornalista Mtb 75200/SP atendimento: consultório particular/SBCampo www.clinicapsicabc.com.br - facebook.com/clinicapsicabc
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