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UM DIA PARA A MULHER

Atualizado dia 2/22/2007 12:57:23 PM em Autoconhecimento
por João Carvalho Neto


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É interessante como nossas culturas ainda precisam organizar seus pensamentos com base na idolatria de dias especiais, quando tudo aquilo que se deveria fazer ao longo da vida fica restrito a alguns ensaios que mais consolam a alma culpada do que promovem mudanças estáveis e duradouras. Assim é com o Natal, com os dias de pais e mães, com datas cívicas e com o dia da mulher. Penso que os dias deveriam ser do homem (não se assustem, minhas amigas), do homem ser humano, das suas necessidades de se realizar e de ser feliz. Já dizia Baby Consuelo que “todo dia era dia de índio” e eu parafraseio “todo dia é dia de gente”.

Pois esse ser humano que deveria ser homenageado em uma cultura voltada ao bem estar comum, nasce da união de um homem com uma mulher, sendo ambos, tanto na procriação quanto na educação, indispensáveis ao sucesso da construção de indivíduos voltados para o bem. É bem verdade que nossa sociedade vem privilegiando vantagens seculares para o papel masculino, mas este homem, aparentemente dominador, age dessa forma por ser, ele mesmo, prisioneiro de incontáveis conflitos psicológicos que o tem levado a impedir a ascendência feminina, por isso, sendo ambos necessitados de profundas reflexões para um amadurecimento coletivo; ou seja, temos um homem neurótico, egocêntrico, ao qual a mulher historicamente se deixou submeter, pela baixa auto-estima de que estava investida. O conluio psicopatológico é tão real que têm sido essas mulheres, principalmente, aquelas que educam esses homens, formando-os para exercer tal papel. Assim sendo, deveria haver um dia das mulheres para que avancem na conquista de seus espaços, e um dia dos homens para que reflitam sobre recuar dos espaços narcisistas que têm ocupado.

Contudo, apesar da luta insana dos sexos, certamente que um foi feito para o outro. Se assim não fosse, eu não estaria aqui escrevendo essas linhas, nem vocês lendo-as.

A humanidade é fruto da reprodução sexuada, um conquista da evolução biológica das espécies. Por outro lado, o ser coletivo que vem se multiplicando ao longo do tempo, parece estar sujeito a uma força evolutiva incessante. Acredito que exista uma grande trama das forças da vida no sentido de produzir formas cada vez mais elaboradas da criação e capazes de conviverem mais intensamente numa relação de reciprocidade.

Se não, vejamos: onde começam os impulsos de amor a outra pessoa que assistimos sempre crescentes ao nosso redor? A sensibilização com as dores alheias, que nos incomodam mesmo sem conhecermos essas pessoas? De onde isso vem? Se remontarmos aos primórdios da história da raça humana, veremos que foi justamente movido pelo desejo sexual que um homem e uma mulher se aproximaram e, partindo daí, com a sublimação dos desejos sexuais em sentimentos, os laços de união entre as pessoas foram ganhando uma conotação mais afetiva e menos sensual. Claro que o desejo sexual ainda permeia os impulsos atrativos entre homens e mulheres, mas sem a agressividade de antes, muitas vezes já pautado pela necessidade de existência do amor entre as partes.

Dessa forma, homens e mulheres se precisam e se desejam como se precisaram há milhares de anos atrás, movidos por forças que também evoluem, transformando-se nos sentimentos do amor que unem casais, constituem famílias, mas que também formam grupos de solidariedade pelo bem comum. Portanto, a questão não é quem é melhor ou quem pode mais; a questão é como poderemos ser mais felizes juntos!

Nossa civilização vem sendo marcada, como disse, pela influência masculina, por fatores extremamente complexos que não caberiam neste pequeno ensaio. O que representa a influência masculina? Diretividade, competitividade, agressividade, sentimentos ligados ao seu papel histórico de caçador e provedor da família primitiva.
A violência que assistimos e que tanto nos assusta é resultado dessa influência psicocultural masculina na sociedade. Vejamos que a grande maioria dos líderes mundiais foram e ainda continuam sendo de homens. Por isso, as motivações às guerras, às conquistas territoriais, à insensibilidade com o sofrimento alheio. É bem verdade, e vale aqui um parênteses, que o fato de ser homem não o coloca necessariamente nessas condições. Apesar da diferenciação fisiológica entre os sexos, a questão é muito mais psíquica do que morfológica, sendo que existem homens com fortes aspectos femininos e mulheres com fortes aspectos masculinos.

Agora perguntemos: o que representaria a influência feminina? Tolerância, paciência, amor, compromisso com a vida, sentimentos que reverteriam a opção da violência como alternativa dos conflitos humanos.

Paremos para fazer uma pequena digressão. Imaginemos que pudéssemos substituir todos os atuais líderes mundiais por mulheres. Pensem vocês aqui comigo... todos! Estou certo de que o mundo ia mudar muito. Aliás, quando os cristãos de todas as correntes falam da evangelização do ser humano, estão dizendo sobre estimular sentimentos de amor ao próximo, fraternidade e solidariedade, aspectos do psiquismo feminino.

Logo, meus amigos homens, vamos nos libertar de nossas fragilidades inconscientes e convivermos com mais espaço para as mulheres, muito mais espaço... Tenho defendido e acredito que nestes tempos de sofrida transição, estamos no limiar da construção de um mundo melhor, fruto de profundas reflexões que irão nos levar a um amadurecimento coletivo. O homem já fez o que lhe coube na construção da sociedade que temos hoje, onde avanços tecnológicos são capazes de nos proporcionar mais conforto e saúde. Nos resta agora democratizar esses benefícios, para que não sejam patrimônio de uma minoria, mas uma possibilidade de todos. Criar uma cultura do cuidado, como sugere Leonardo Boff. E, penso eu, tal papel está reservado à influência feminina. Não é difícil concluir que a sobrevivência da raça humana no planeta está nas mãos das mulheres.

Como disse o poeta Vitor Hugo: “O homem está onde termina a terra e a mulher onde começa o céu”.

João Carvalho Neto
Psicanalista, autor do livro “Psicanálise da alma”
www.joaocarvalho.com.br

Texto revisado por Cris

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Conteúdo desenvolvido por: João Carvalho Neto   
Psicanalista, Psicopedagogo, Terapeuta Floral, Terapeuta Regressivo, Astrólogo, Mestre em Psicanálise, autor da tese “Fatores que influenciam a aprendizagem antes da concepção”, autor da tese “Estruturação palingenésica das neuroses”, do Modelo Teórico para Psicanálise Transpessoal, dos livros “Psicanálise da alma” e “Casos de um divã transpessoal"
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