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Um lugar para os excluídos

Atualizado dia 6/30/2007 12:05:46 PM em Autoconhecimento
por Alex Possato


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Estávamos numa dinâmica de Constelação Familiar segundo Bert Hellinger. O personagem do pai de Ivo olhava fixamente para uma direção onde não havia ninguém. Conforme o posicionamento dos personagens dos filhos e da esposa não havia uma atração deste pai pela sua família... Alguma coisa, uma força irresistível puxava a sua atenção, o seu amor, para fora do ambiente familiar. O que seria, ou melhor, quem seria?

Sabemos, pelo trabalho de constelação, que é muito comum uma pessoa ficar presa, ter os seus sentimentos e emoções atreladas a uma pessoa que foi excluída do seu convívio, sem o devido respeito e reconhecimento. Pode ser um antigo amor onde houve um rompimento ou, às vezes, até uma traição e as arestas não foram aparadas. Sobrou mágoa para todo mundo. Depois os anos passam, achamos que o caso ficou morto e enterrado, mas lá no fundinho do coração existe a culpa de algo mal resolvido. Bert Hellinger descobriu em seu trabalho psicoterapêutico que existe o amor em todas as relações, absolutamente todas. Este amor não são as atitudes padronizadas pela midia ou pela moral, mas um sentido de união entre as pessoas; afinal, somos todos um.
Quando excluo alguém – um antigo amor, um aborto, um suicida, um esquizofrênico, um filho bastardo, um pai severo, uma mãe omissa – seja lá quem for, estou excluindo a mim mesmo e o amor que flui naturalmente nas relações humanas fica interrompido.

O pai de Ivo olhava fixamente para uma direção onde não havia ninguém. Como normalmente fazemos nesta dinâmica, colocamos um personagem na direção do olhar. “Havia um antigo amor do seu pai que foi esquecido, abandonado, mal resolvido?”, perguntou-se ao cliente. “Não, que eu saiba... espera aí. Sabe de uma coisa? Lembro que meu pai contou uma história de que ele viajara para a Espanha e lá tivera uma namorada. Um relacionamento bem intenso. Até acho que houve filho, embora ele nunca tenha afirmado isso”. O semblante de Ivo iluminou-se como se uma revelação muito importante tivesse surgido do nada!

Assim é a Constelação! Embora não possamos saber com exatidão o que aconteceu no passado da família dos clientes – e nem é necessário - o sistema onde houve a interrupção do fluxo do amor se mostra claramente e a exclusão se demonstra. “Este relacionamento foi antes ou depois do casamento entre seu pai e sua mãe?” Ivo respondeu que foi antes. Aí já percebemos provavelmente dois excluídos: um ex-amor e um filho. Este tipo de exclusão deixa marcas no sistema familiar e geralmente um descendente acaba assumindo “as dores” dos excluídos, de diversas formas: pode manifestar doenças psicossomáticas, problemas de estabilidade emocional ou, às vezes, também tendências a procurar alguém fora do casamento, dificuldade de “estar presente” na própria família.

No caso específico de Ivo, ele sentia uma agonia profunda, um sentimento de perda inexplicável que o prejudicava no relacionamento familiar e profissional, embora ele tivesse uma bela e equilibrada família e uma empresa que estava se desenvolvendo. O trabalho de harmonização do sistema foi realizado, foram incluídos os personagens que estavam desprezados e as responsabilidades foram divididas a quem de direito. Se houve uma exclusão era uma questão de responsabilidade do pai de Ivo e não do próprio.

Um sistema justo e perfeito

O trabalho das Constelações Familiares demonstra que não há espaço para pessoas excluídas. A atitude comum que geralmente as famílias assumem perante a sociedade e dentro delas mesmas, de ter uma “postura social” onde fatos como abortos, amores traídos, filhos abandonados, tios esquecidos, etc., são escondidos no porão, não podem ser escondidos do Sistema Familiar e isso leva um outro membro da família a querer resgatar a dor da exclusão em nome de quem deveria ter feito isto antes. Este membro age simplesmente por amor, assim como o membro que excluiu anteriormente foi levado também pelo sistema a ter esta atitude. Não existem culpados.

A terapia de Constelação Familiar está plenamente de acordo com as teorias da física qüântica e da biologia, onde se mostra que toda a humanidade e em especial os membros de uma família, formam na verdade um único todo indissolúvel. Somos pequenas células de um único organismo e a idéia de que existe separação entre eu e o outro é apenas uma ilusão dos nossos sentidos físicos. Amar o próximo como a ti mesmo deixa de ser um postulado religioso e passa a ser uma obrigação para quem deseja a saúde física, financeira, familiar e espiritual.

Porém, é importante saber: o amor profundo significa deixar as responsabilidades de cada um com eles mesmos. Querer assumir as responsabilidades de um pai, ou de um filho, ou de um marido, ou ainda, do “coitado da rua”, do menino carente, e assim por diante, não é amor – é desequilíbrio.

É necessário confiar no sistema. O nosso papel individual é se equilibrar no sistema, se alguma coisa está incomodando e aceitar absolutamente tudo. “Ninguém é responsável”, diz Hellinger. “Tudo foi guiado por uma força maior. Então, a pessoa deveria dizer: ‘sou uma parte do movimento; não me excluo disso.’ Basta que ela reconheça que também faz parte disso e carrega as conseqüências, mas sem culpa. Isso nada tem a ver com culpa. A gente não precisa envergonhar-se. Este é um profundo processo de conexão, algo profundamente humano que me abre para outros e tira também do outro a resistência para se encontrar comigo”.

Aí, o amor verdadeiro flui.

Aruanan
Consultor e terapeuta
PNL - Programação Neurolingüística e Constelação Familiar e Sistêmica de Bert Hellinger
www.nokomando.com.br

Texto revisado por Cris

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Conteúdo desenvolvido por: Alex Possato   
Terapeuta sistêmico e trainer de cursos de formação em constelação familiar sistêmica
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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