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Um presente para o ano novo...

Atualizado dia 12/28/2006 2:13:08 PM em Autoconhecimento
por Maria Silvia Orlovas


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Nunca imaginei que receberia um presente tão especial na cozinha da minha casa. Tenho que dizer que amo cozinhar porque encontro na culinária uma certa alquimia espiritual. Todas as vezes que preparo meus pratos me divirto com os condimentos, com os legumes e ingredientes que, misturados, criam um novo sabor seduzindo meus convidados. Cozinhar para mim é uma arte e um serviço, pois com meus pratos faço a alegria daqueles que comigo compartilham a mesa. A paixão é tanta que até já escrevi um livro sobre o assunto, mas não foi na culinária que encontrei meu raro presente. Resolvi este ano preparar uma ceia especial que fosse simples, leve e prazerosa ao mesmo tempo, e para me ajudar nessa empreitada chamei uma moça que conheço, que há alguns anos trabalhou para mim.

Maria é uma mulher jovem, bonita e lutadora, que sai da periferia para trabalhar em São Paulo todos os dias, como milhares de pessoas, enfrentando uma série de desafios. Ela não se destacaria da multidão, não fosse seu compromisso de cuidar de uma filha deficiente com um amor tão grande que remove dificuldades de toda natureza. “A criança nasceu normal, mas teve icterícia e afetou o cérebro, como ela era negra parece que ninguém notou...”, contou Maria com os olhos cheios de lágrimas quando perguntei qual o problema da menina logo que a conheci. Com a convivência fui percebendo a força daquela mulher que foi deixando as armas e os gritos de lado. Ela foi aprendendo com sua experiência ao contrário de muita gente que se abala e se corrompe com o sofrimento; ela é forte e doce ao mesmo tempo. Muitas vezes me disse que não tem tempo para resmungar e foi com alegria que aceitou o convite de preparar a ceia de Natal comigo.

Enquanto preparávamos nossos quitutes, perguntei como tinha sido este ano que passou, se ela tinha alguma novidade para me contar.
“Tenho sim, d. Silvia, a senhora sabe que ganhei na justiça um bom dinheiro para cuidar da Gabriela?”
“Foi, Maria? Que bom, você merece. Sua menina é tão bem cuidada!”, disse eu pensando no esforço que aquela moça fazia todos os dias levando a filha à escola especial, à fisioterapia e a todos os médicos e tratamentos regulares que a menina tinha que fazer.
“Mas eu não aceitei o dinheiro porque a gente é pobre e ficaria gastando aquilo tudo em coisas muito necessárias e acabaríamos deixando minha filha de lado. A senhora nem sabe o que sofri, porque todo mundo ficou contra a minha decisão, mas o que eu queria era que o hospital assumisse o tratamento da minha filha até o fim da vida dela e não apenas me dar um dinheiro para resolver o assunto”, disse ela olhando no fundo dos meus olhos.
Juro que na hora não entendi muito bem o que ela estava me dizendo, parei de descascar as nozes e prestei mais atenção ao que Maria estava me narrando.
“Pois bem, d. Silvia, o advogado disse que eu deveria aceitar o dinheiro que era muito, mas não quero o dinheiro, quero o tratamento para a menina. Meu marido até deixou de falar comigo por uns dias, mas depois entendeu minha posição porque expliquei para ele que nossa família é pobre e que sabendo do dinheiro da Gabriela todos iriam me pedir ajuda e se negasse seria imediatamente a malvada da história.”, disse ela mais uma vez olhando para mim.

Naquele momento agradeci a Deus pelas mãos santas que tocavam a comida que minha família em breve partilharia, pois não é todos os dias que nos deparamos com pessoas como a Maria. Ela, sem saber, estava me dando um lindo presente de Natal, porque acreditar na vida, na integridade das pessoas é o melhor presente que eu podia receber num dia especial como o Natal.

Acho que ali Jesus renasceu um pouco mais no meu coração. Uma moça humilde como ela foi portadora de uma energia muito, mas muito especial, que valeu mais do que muitos cursos, ensinamentos e palestras a que assisti. Ela me provou na sua simplicidade que a vida vale a pena, que a ação correta e a integridade não têm escolhidos, que somos nós que podemos escolher sermos íntegros e puros como ela tinha sido. Com seu jeito simples de falar ela disse: “A senhora acha que eu não ficaria tentada a gastar aquele dinheiro?” Perguntou ela logo, completando: “Por isso nem quis passar por essa tentação; a gente falha, não é, d. Silvia?”

É, Maria, a gente falha, se perde nos desejos, nunca fica satisfeito com o que a vida oferece, querendo sempre mais, pensei sem falar nada porque o que estava ouvindo era uma espécie de música para meus ouvidos cansados de ouvir tantos lamentos...

Amigo leitor, é com alegria que compartilho com você este presente sem preço que recebi da minha amiga Maria. Acreditar na vida e nos manter íntegros perante a nossa luz é o que desejo a todos nós para 2007.

Um beijo de luz e incentivo ao amor.

Texto revisado por Cris

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Conteúdo desenvolvido por: Maria Silvia Orlovas   
Maria Silvia Orlovas é uma forte sensitiva que possui um dom muito especial de ver as vidas passadas das pessoas à sua volta e receber orientações dos seus mentores.
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