UMA HISTÓRIA
Atualizado dia 11/27/2006 4:59:24 PM em Autoconhecimentopor Verônica Dutenkefer
Se vê-la lhe faz mal, não vê-la também lhe faz mal. Falar com ela lhe dói pois é como se a cada término do diálogo uma nova despedida fosse gravada. Mas não ouvir a voz dela é a despedida concretizada. Não poder mais compartilhar nada, nem pequenas, nem grandes coisas; não poder comemorar suas conquistas e nem desabafar suas derrotas. Não poder mais pedir um conselho e nem tomar nenhuma decisão com ela.
Não sei o que é pior: perder porque a pessoa morreu ou porque a vida nos separou. Na morte, por mais saudade e vontade de ter contato com a pessoaque se tenha, é absolutamente impossível. Na separação, por mais vontade de se ter contato com a pessoa que se tenha, é dolorido, pois a certeza de não poder mais ter sua companhia é explicitada e a dor é sangrada pelo aborto de qualquer esperança.
Alguém pode me dizer como transformar meu afeto? Como aceitar o fato de que seu amor é impotente? Não sei não me envolver! Não sei esquecer! Apego? Talvez, mas atire a primeira pedra quem nunca sofreu por ter perdido um afeto.
E a roda da vida continua. Pessoas continuarão entrando e saindo de sua vida. Sempre foi e sempre será assim e o que mudará é como vamos aprendendo a lidar com nossos afetos. É a lei natural. Tudo tem um começo, um meio e um fim. Mas quem sabe o fim é o começo, e teimosos, não queremos ver. Quem sabe a filosofia, nos ajude a transformar nossos afetos! Filosofarmos que, na verdade, não existem perdas, só transformações. Só novas aprendizagens para nossas almas ignorantes. E quando nossas almas forem mais sábias, essas perdas não mais existirão.
Quando aprendermos que, na verdade, carregamos os outros dentro de nós de diversas formas; quando admitirmos que nunca mais seremos os mesmos pois alguém muito especial cruzou o nosso caminho e deixou sua marca; e nos ensinou uma nova maneira de sorrir, uma nova maneira de pensar, uma nova maneira de perceber o mundo; e reconhecermos que dói menos deixar alguém entrar e partir de sua vida, do que não deixar ninguém entrar.
Dói menos quando conseguimos perceber as eternas presenças e marcas de diferentes amores, do que nunca termos amado.
E, finalmente, aprendermos que, na verdade, não temos que esquecer nada. Temos é que somar nossas experiências e darmos o nosso testemunho. Para que eles sejam exemplos para as almas mais jovens. Para que o desespero deles seja um pouco menor do que o nosso. Embora isso também seja impossível, pois a aprendizagem é muito mais rápida, quando a vivenciamos de alguma forma.
Enfim, quem sabe possamos tranqüilizar mais nossos corações doloridos quando passarmos a compreender que é impossível estarmos sós, pois todos nós temos uma história para contar.
Verônica Dutenkefer
27/04/2002
Texto revisado por Cris
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