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Viver para morrer

Atualizado dia 5/16/2006 3:26:19 AM em Autoconhecimento
por Merit Rabanés


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Conheci Maria na fila de um supermercado. Sem mais nem menos foi contando que seu filho tinha sido assassinado há um ano atrás, de forma estúpida, por uma pessoa que apenas o encarou e atirou... Não pude deixar de ficar estupefata diante da naturalidade de Maria em contar o caso. Cada um reage de uma maneira. Enquanto ela mostrava as fotos de seu filho, ele (espírito) se aproximava, ar tristonho e ficava ali ao seu lado, como se fosse uma pessoa comum em depressão.

Deixei que aquela mãe desabafasse toda a sua dor e perguntei se ela tinha religião. "Católica. Mas minha fé está abalada, minha filha... não consigo mais ir às missas...", disse ela, os olhos lacrimejando.

Fiz um enorme esforço para não chorar com ela. Perguntei-lhe se já havia querido ir a um centro espírita, buscar notícias do rapaz. Ela contou que já freqüenta um onde recebe passes, mas que gostaria mesmo é de receber uma mensagem.

A dor da morte é inconfundível. É impressionante observar como as pessoas tentam de todas as maneiras, se maquiando, se aprumando, esconder a tristeza, até mesmo nas feições de severidade que criam rugas de expressão, claro sinal de que não querem ser incomodadas. Tudo em vão. A dor não passa nem quando compreendida. A dor é necessária.

Procurei passar energia de sustentação para aquela mulher. Não saberia o que fazer no lugar dela.

À noite, antes de dormir, "entrei" no ônibus onde o filho daquela mulher fora assassinado.

Ele raramente pegava ônibus e naquela noite resolveu chegar mais cedo em casa. Havia passado a catraca e junto de seu amigo, sentado num banco próximo ao cobrador. O cobrador olhou assustado para aquele ser singular que passava pela catraca. Não era uma pessoa. Era uma espécie de alienígena, mas tinha moeda corrente e pagava o ônibus como qualquer humano. Por alguns minutos ficou observando o ET sentado com outro ET à sua frente. E olhou tanto, e encarou tanto, que o rapaz perguntou-lhe se ele, passageiro, havia esquecido algo. O cobrador não viu um rapaz perguntando, viu aquela espécie de alienígena (era o que interpretava de sua visão) falando alguma coisa e sem pensar atirou no monstro...

O filho daquela mulher caiu morto sem saber o que se passava. O cobrador ficou atônito sem saber o que se passava. O motorista freou bruscamente o ônibus, sem entender nada do que se passava. O amigo do morto ficou ali estatelado, horrorizado, sem saber o que se passava.

Entre uma realidade e outra, milhões de figuras, de símbolos, de pressões que nos levam ao cometimento de atos inimagináveis.

O cobrador é viciado em cocaína. Com o cérebro e a mente prejudicados pela droga, não me parece difícil ter confundido uma pessoa com um monstro. Já ouvi histórias semelhantes, de alcoólicos e dependentes químicos que têm alucinações pavorosas e acabam matando seus semelhantes.

Há pouco tempo um jovem viciado matou sua avó e a empregada da casa dela. Que neto em sã consciência usaria uma espada para matar a avó se não estivesse numa condição mental incompreensível? Ainda fico assustada com a justiça que não sabe dar a devida importância aos problemas mentais que assolam os jovens consumidores de drogas.

Coisas terríveis acontecem com o concurso do plano espiritual contrário ao Bem que quer a perpetuação dos vícios, das substâncias que entorpecem a alma. Se sem beber, sem fumar, sem cheirar, muitas pessoas cometem desatinos, o que não farão os entorpecidos?

Não estou pedindo absolvição daquele que se droga. Mentalmente afetado ou não, todos devem tomar conhecimento de seu erro e pagar por eles. Dependendo do erro, apenas a reclusão ajuda, ao menos, a afastar o criminoso da sociedade. Reclusão e tratamento mental também devem ser aplicados como corretivo. Um e outro poderiam "pagar o seu erro" fazendo alguma coisa de útil para a sociedade. Mas quem faz algo de útil quando está sendo obrigado?

A reclusão é recurso usado na outra dimensão para conter espíritos que não querem se ajustar ao bem comum e, pior que isso, querem destruir o bem estabelecido.

A diferença entre o regime prisional de lá e o de cá, é que o de lá é estruturado para corrigir a alma, atacando o cerne da questão; lá os funcionários não se corrompem; lá os celulares nao funcionam... Lá, infratores não são jogados num depósito à mercê de seus instintos, fabricando novas idéias criminosas. São tratados como seres em evolução e, se têm sua liberdade cerceada, também têm oportunidade de aprender a reconhecer seu erro.

O cobrador fugiu. O rapaz foi enterrado. Seu espírito errante não sabe o que fazer da vida... Sua mãe continua triste.

No passado, o filho assassinado de hoje, mandou matar um homem apenas porque ele ousou olhar para a sua filha. O filho assassinado de hoje era um senhor poderoso que "podia" mandar matar alguém de forma estúpida, apenas porque se incomodara com o olhar lançado à sua filha.

Um olhar, um assassinato. Um assassinato depois de um olhar.

Se no passado a vontade férrea foi quem ordenou a morte, hoje, passados séculos, não foi uma vontade férrea quem determinou o assassinato, mas uma decodificação errada de uma mente doente.

O espírito que hoje é o cobrador não guarda ligação alguma com o passado do que hoje foi morto por ele.

Estamos sujeitos à lei de justiça. Aqui os homens podem usar e abusar das leis mal elaboradas, da impunidade, do dinheiro, do poder, mas um dia ou outro o meirinho chega para dar ciência da sentença, nem que seja em outra encarnação.

Texto revisado por Cris

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