Você

 

 O escritor José Russo Baracho escreveu esta preciosidade, que todos deveriamos anotar e, de vez em quando, meditar sobre a verdade que ele encerra. Disse ele: "Sonhar com a pessoa que você gostaria de ser é desperdiçar a pessoa que você é". Nada mais verdadeiro. Sonhar é bom. Faz bem. Não fossem os sonhos muitas realidades teriam sido impossíveis. Pode-se dizer, mesmo, que sonhar é preciso para que a humanidade caminhe. Muitas das maiores criações do homem, nos campos da arte, das ciências, da tecnologia, da literatura e que beneficiaram - e beneficiam - a humanidade foram, em seu início, produtos de sonhos. Sonhar é preciso. Sonhar é necessário. Sonhar é imprescindível. A advertência de Baracho, contudo, diz respeito ao mau vezo de numerosas pessoas em sonharem menosprezando as suas potencialidades, substituindo-as por uma visão distorcida das possíveis conquistas aspiradas. Por exemplo: é insensatez ao homem de cinquenta primaveras sonhar ( e muitas vezes de olhos abertos) em ser um campeão olímpico de ginástica, se ele jamais praticou esse esporte. Se o fizer, está efetivamente, desperdiçando a pessoa que ele é, capaz de realizar tantos e numerosos sonhos dentro de sua capacidade. É conhecido o refrão segundo o qual nenhum sonho é impossível. Efetivamente, nenhum sonho é impossível. Impossíveis são muitas realidades. E com as realidades o ser humano precisa, necessariamente, se quiser viver em paz com a vida, ser realista. O "eu", ou o "você", assim, não devem (ou não podem) ser desperdiçados se sonharmos em voltar a ser aquele ou aquela jovem de 16 ou 18 anos, que amava ou odiava a tudo ou a todos, na sua impulsiva ânsia de viver de acordo com os padrões que imaginavamos ser os melhores e, por isso, nos sentiamos felizes. Sonhe, sonhe sempre, porque sonhar é também viver.Mas em seus sonhos não menospreze ou desperdice a pessoa que você real e efetivamente é.