Você é a própria Graça!
Autor Paulo Tavarez
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 6/12/2025 11:06:06 PM
A graça que você tanto busca não está fora, escondida em algum canto distante. A graça está em você. Melhor dizendo: a graça é você. O tal do “estado de graça” não é algo extraordinário — é seu estado natural. Simples assim.
O problema é que você se esqueceu disso.
Existe um véu — espesso, sedutor, hipnótico — que impede o seu eu real de se manifestar. Os hindus o chamam de Maya, a deusa da ilusão. Tudo o que é temporário, mutável, sensorial e fragmentado é Maya. E você, como todo mundo, acabou se confundindo com esse jogo ilusório. Sua alma está mergulhada nisso, sujeita ao tempo, ao espaço e à matéria. Mesmo assim, no fundo, ela segue intacta, carregando em si a verdade, a consciência, o êxtase.
O problema é que você está dormindo.
Não dormindo como quem cochila. Dormindo como quem vive num transe — perdido no caos da mente, na identificação com o corpo, com os desejos, com a necessidade de ser alguém. Você deixou de ser o que é pelo desejo de ser alguma coisa. E nesse movimento surgiu um personagem — frágil, ansioso, carente, inflamado de importância e poder. Você passou a acreditar que é esse personagem. Mas não é.
Você virou um programa.
Está operando dentro de um sistema — repetindo padrões, seguindo condicionamentos, cumprindo funções. E como todo programa, vive reativo. Vive hipnotizado. Um morto-vivo, vagando por aí sem saber de onde veio nem pra onde vai. Talvez seja essa a verdadeira mensagem de The Walking Dead: a maioria está morta por dentro, mas ainda não percebeu.
Você sofre porque acredita que é uma pessoa.
Acredita que é esse corpo. Esse nome. Essa história.
E então surgem as preocupações, as culpas, os medos e uma lista infinita de necessidades criadas por um ego faminto, que nunca se sacia. Esse não é você. É apenas um reflexo. Um papel. Uma construção mental.
Você não consegue perceber a realidade porque está identificado com uma ilusão.
Adormeceu tanto que já não sabe mais o que é real. Vive em um sonho dentro de outro sonho — como o sábio chinês que, ao sonhar que era uma borboleta, acordou sem saber se era um homem sonhando ser borboleta ou uma borboleta sonhando ser homem. É nesse ponto que você está: perdido entre sonhos e personagens.
Poucos despertam.
Poucos realmente acessam a graça.
A maioria está embriagada de mundo, sedenta por sentido, mas presa nos vícios da mente. Só quem desperta a kundalini, só quem vê Shiva e Shakti se encontrarem dentro de si, sabe o que é estar acordado. O que é viver na realidade e não na simulação. Só esses conhecem a graça.
Jesus chamava isso de Reino de Deus. E dizia: “O Reino de Deus está dentro de vós”.
Entende isso? Dentro.
Se Deus está dentro, então você é divino. Você é expressão da própria Fonte.
E se é divino, tudo que dizem sobre você — que é fraco, pecador, indigno, pequeno — é mentira.
Essa parte é difícil de aceitar porque a programação foi pesada.
As religiões preferem manter você preso.
Elas não querem que você saiba quem é.
Elas precisam de fiéis, não de livres.
Desde sempre o jogo foi esse: transformar leões em ovelhas.
Quanto maior o rebanho, maior o controle.
E onde há controle, há lucro.
Se você ainda acredita que precisa de um pastor, é porque foi convencido de que é fraco. E se foi convencido disso, é sinal de que o sistema foi bem-sucedido.
Mas você pode acordar.
Não há ninguém segurando você, além de você mesmo.
Não há demônio te possuindo, só ideias.
Não há prisão maior do que a ignorância sobre si.
O caminho de volta começa no silêncio.
No não fazer.
Na disposição sincera de olhar pra dentro e lembrar:
Você é graça. Sempre foi. Sempre será.
Texto Revisado
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