Vozes na cabeça
Autor Paulo Tavarez
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 12/17/2025 7:56:45 AM
"Nenhum está mais desesperadamente escravizado do que aquele que falsamente acredita que é livre." Essa frase de Goethe encerra uma verdade profunda, uma verdade que retrata nossa condição de escravos. Somos, sim, escravos de senhores que quase sempre desconhecemos - e não estou falando de um patrão, de uma autoridade política, religiosa ou de alguma instituição externa. Refiro-me aos senhores que nos escravizam sem que sequer consigamos reconhecê-los.
Esses escravistas assumem muitas formas, exercendo uma ascendência irresistível sobre o ser humano. Surgem como vozes ao pé do ouvido, ecoando em nossas mentes, criando cercas e fronteiras intransponíveis que nos paralisam, encarcerando-nos e impondo sobre nós um poder contra o qual não conseguimos nos rebelar.
Vivem na escuridão, emergem de nossas experiências, freiam nossas ações, influenciam nossas escolhas e nos dominam. Mas de onde vêm esses opressores que agem como algozes e nos manipulam incessantemente?
Procurar por tais entidades é inútil: por mais que aprofundemos essa investigação, não teremos êxito. O que fazer, então? Continuar sob o jugo dessas forças? Permitir eternamente que a escuridão continue regendo nossa existência?
É preciso ser pragmático: dar socos na escuridão é inútil; tentar lutar apenas fortalecerá esses senhores.
Em minha experiência pessoal, percebi que, em vez de lutar contra a escuridão, melhor seria acender luzes. Assim, ao invés de focar no enfrentamento, passei a construir novas crenças.
Essas forças se aproveitam de nossos pontos fracos - principalmente de nossa convicção de fraqueza. Construímos, através de crenças equivocadas, uma visão muito frágil de nós mesmos e, quando não nos sentimos bons o bastante, quando alimentamos culpas, remorsos e arrependimentos, quando nutrimos frustrações e decepções, é natural desenvolver uma personalidade fragilizada, que precise de algum tipo de regência e orientação para se ajustar.
Apenas quando damos um murro na mesa e reassumimos o controle é que começa o processo de libertação. Aceitamos as sugestões das sombras por ignorância, por vivermos sob a influência de uma autoimagem empobrecida - mas tudo isso pode mudar.
Aprendi que é possível dizer: "Não preciso de sua orientação, sou capaz de decidir sozinho." Porém, existe o tempo certo para isso: nenhuma fruta cai do pé antes de amadurecer. É imperativo buscar o autoconhecimento, é extremamente necessário autodescobrir-se, pois tudo se resolve dentro de nós.
É importante compreender que não estamos lidando com entidades autônomas, dotadas de vontade própria; estamos lidando conosco mesmos - com convicções construídas a partir, sobretudo, da dor. Aquele juiz, aquele padre, aquele pai, enfim, todos os personagens que representam as vozes em nossas cabeças são conteúdos carregados de combustível emocional, represado em experiências no trânsito da existência (ou de muitas existências).
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Autor Paulo Tavarez Conheça meu artigos: Terapeuta Holístico, Palestrante, Instrutor de Yoga, Pesquisador, escritor, nada disso me define. Eu sou o que Eu sou! Whatsapp (para mensagens): 11-94074-1972 E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |
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