Menu

Upanishade Brihad

Atualizado dia 2/1/2008 4:23:17 PM em Autoconhecimento
por Marcos Spagnuolo Souza


Facebook   E-mail   Whatsapp

UPANISHADE BRIHAD

A alma é a consciência da vida. A alma tem três moradas: este mundo material, a terra do sono e dos sonhos e o mundo do além. No mundo dos sonhos não há coches, nem parelhas de cavalos, nem estradas; mas a alma cria os seus próprios coches, as parelhas de cavalos e as estradas. Não há alegrias neste lugar, nem prazeres, nem delícias; mas ela cria as suas próprias alegrias, os seus próprios prazeres e delícias. Nessa terra não há lagos, nem águas com flores de loto, nem correntes de água; mas ela cria os seus próprios lagos, as suas lagoas com flores de loto e correntes de água. Porque a alma do homem é criativa. Deixando o seu ninho inferior a cargo do sopro de vida, a alma imortal voa impetuosa para longe do ninho. Move-se por todas as regiões que ama e na região dos sonhos, errando para cima e para baixo, a alma faz para si próprias e inúmeras sutis criações. Este mundo do sonho uma vez parece ser o mundo do amor de belezas de conto de fadas, outras vezes ri, ou vê visões terríveis e apavorantes. As almas vêem o seu campo de prazer; mas o referido mundo nunca pode ser visto, é real apenas para a alma, é uma criação da alma.

Quando a alma gozou o seu prazer na terra dos sonhos e, nas suas perambulações por lá, apreciou o bem e o mal, então ela volta para este mundo acordado. E quando gozou o seu prazer neste mundo acordado e, nas suas voltas no mundo material, apreciou o bem e o mal, então a alma volta pelo mesmo caminho para a terra dos sonhos. Tal como um peixe grande nada ao longo das duas margens de um rio, primeiro pela margem oriental e depois pela margem ocidental, assim também do mesmo modo a alma se move entre as suas duas moradas: este mundo acordado e a terra do sono e dos sonhos. O que foi visto no mundo do sonho é apenas uma ilusão da alma.

Quando a alma teve o seu prazer na terra dos sonhos, e nas suas peregrinações por lá observou o bem e o mal, então regressa novamente a este mundo acordado, o mundo material. Tal como uma carroça muito carregada se move gemendo, assim também a carroça do corpo humano, dentro do qual vive a alma, se move gemendo quando o corpo material está a perder a vida. De acordo com o modo como o homem age e percorre o caminho da vida, assim se torna depois da morte do corpo material. A alma que fez o bem se torna boa; a alma que fez o mal se torna má. A alma corporificada é feita de desejos. Assim como é o seu desejo, assim é também a sua fé. Assim como é a sua fé, assim também são as suas obras. Assim como são as suas obras, assim também é a sua alma. Alcançando o fim da jornada começada com as suas obras na Terra, passa pelo mundo do sonho e regressa para este mundo de ação humana, isto quando a alma vive sob o domínio do desejo.

A alma que está liberta dos seus desejos dimensionais e seus desejos são transmutados em desejo por Deus então o mortal torna-se imortal e alcança a libertação ainda nesta vida. Tal como a pele caída da cobra jaz morta sobre um formigueiro, assim também o corpo mortal; mas a alma é imortal, é vida, luz e eternidade.

Todo aquele que segue a ação cai em profunda escuridão. Numa escuridão mais profunda ainda cai todo aquele que segue o conhecimento dos outros. Há mundos sem alegria; regiões de suprema escuridão. Para esse mundo vai, depois da morte, todo aquele que, na sua imprudência, não despertou para luz.

Tal como um falcão ou uma águia, depois de voar impetuosamente pelo céu, dobra as suas asas de cansaço e voa até ao seu ninho, assim também a alma se apressa até aquele lugar de repouso no mundo do além, no mundo divino. Quando a alma sente que Deus é tudo, então está no mais elevado dos mundos. É o mundo do Espírito Supremo onde não há desejos, onde toda a maldade desaparece e onde não há medo. A alma sente penas paz em seu redor não existindo desejos e pesares. No mundo do além o pai não é mais pai, nem uma mãe é lá uma mãe; os mundos não são mais mundos, nem os deuses continuam a ser deuses. Lá os Vedas desaparecem; e o ladrão não é ladrão, nem o assassino é mais assassino; o paria já não é paria, nem o mal nascido é mal nascido; o peregrino não é mais peregrino e o eremita não é mais eremita; porque a alma atravessou as terras do bem e do mal, atravessou os mundos das dualidades e ultrapassou as tristezas e as alegrias. Não há ai qualquer dualidade, nada há separado dele que ele possa ver. No oceano do mundo do além o observador está sozinho admirando a sua própria imensidade. Esse é o mundo de Deus onde se bebe o vinho soma do Espírito Supremo. Esse é o supremo tesouro, esse é o mundo supremo, o supremo júbilo. Contempla, pois como único o infinito e eterno Único, que permanece radioso para além do espaço.


Todo aquele que no mundo material alcança o sucesso, a riqueza e goza de todos os prazeres humanos, esse alcança o supremo júbilo humano. Mas cem vezes maior que o júbilo humano é o júbilo daqueles que alcançaram o céu dos antepassados. Cem vezes maior que o júbilo do céu dos antepassados é o júbilo do céu dos entes celestiais. Cem vezes maior que o júbilo do céu dos entes celestiais é o júbilo dos deuses que alcançaram à divindade por meio de obras santas. Cem vezes maior que o júbilo dos deuses que alcançaram à divindade por meio de obras santas é o júbilo dos deuses que já nasceram divinos e isentos de desejos. Cem vezes maior que o júbilo dos deuses que já nasceram divinos e isentos de desejos é o júbilo do mundo do Senhor da Criação. E cem vezes maior que o júbilo do Senhor da Criação é o mundo divino, o mundo de Deus.

Sabendo tudo isso que falamos que o amante de Deus sempre persiga a sabedoria. Que não se enrede em muitas palavras, pois as palavras são apenas cascas. Os amantes de Deus procuram-no através dos Vedas, dos santos sacrifícios, da caridade, da penitência e da abstinência. Todo aquele que o conhece, torna-se sábio. Na ânsia de encontrar o seu reino, os peregrinos vivem vidas errantes. Sabendo isto, os sábios de antanho não queriam descendentes. “Para que queremos descendentes”, diziam, “nos que possuímos o Supremo Espírito?” Elevando-se acima do desejo de ter filhos, e riquezas dedicam-se a uma vida de peregrinos. Porque o desejo de ter filhos e riquezas é o desejo de ter o mundo. E esse desejo é apenas vaidade. Toda alma corporificada que isto sabe, não é movido pela mágoa ou pela exultação devidas às más ou boas ações que tenha praticado. Ele a ambas ultrapassa. O que foi feito ou foi deixado por fazer, isso não o perturba. Não é arrastado pelo mal: ele afasta o mal. Não é queimado pelo pecado: ele queima o pecado.
Bibliografia: Os Upanishades



Gostou?    Sim    Não   

starstarstarstarstar Avaliação: 5 | Votos: 4


estamos online   Facebook   E-mail   Whatsapp

Conteúdo desenvolvido por: Marcos Spagnuolo Souza   
Visite o Site do autor e leia mais artigos..   

Saiba mais sobre você!
Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui.
Deixe seus comentários:



Veja também
© Copyright - Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução dos textos aqui contidos sem a prévia autorização dos autores.


Siga-nos:
                 




publicidade










Receba o SomosTodosUM
em primeira mão!
 
 
Ao se cadastrar, você receberá sempre em primeira mão, o mais variado conteúdo de Autoconhecimento, Astrologia, Numerologia, Horóscopo, e muito mais...


 


Siga-nos:
                 


© Copyright 2000-2024 SomosTodosUM - O SEU SITE DE AUTOCONHECIMENTO. Todos os direitos reservados. Política de Privacidade - Site Parceiro do UOL Universa