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O Sudário de Turim durante a Idade Média - I A de IC

Atualizado dia 2/2/2008 12:14:38 PM em Autoconhecimento
por João José Baptista Neto


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O Sudário de Turim durante a Idade Média (I)


Extraído de “Cuadernos Medievales” nº 2 link
Tradução autorizada pelos Editores.



Autor: Sr. Alfonso Sánchez Hermosilla.


A ‘Síndone’ de Turim, é mais conhecida como Lençol Santo de Turim, que sem dúvida é a mais popular e controvertida de todas as relíquias da cristandade. A polêmica se instalou desde o começo da história desse lençol, que desafia, ainda na atualidade, inclusive os últimos conhecimentos científicos. O nome de ‘Síndone’, procede etimologicamente do grego Syndon, e que textualmente significa Sudário, cuja palavra tornou-se popular no âmbito dos estudiosos do lençol, entre os quais se encontram historiadores, físicos nucleares, químicos, microbiologistas, botânicos, criminalistas, numismatas, documentaristas, etnólogos, médicos, fotógrafos, teólogos e legistas, o que deu lugar a uma nova disciplina científica, a ‘Sindonologia’.

Depois da polêmica “Crise do Carbono 14”, que datava a relíquia na Idade Média com uma margem de erro de cem anos, seus detratores encontraram por fim um argumento científico (?) com o que demonstrar que nunca pôde envolver o cadáver de Jesus Cristo, não ouvindo o informe oficial no qual se afirmava que, embora os resultados eram os que refletiam as técnicas aplicadas, esse resultado não demonstrava a falsidade da relíquia, o que se demonstrou a seguir submetendo-se lenços, previamente datados do século primeiro de nossa era, sem valor arqueológico, a situações semelhantes as que sofreu a Síndone, e que iremos conhecendo ao longo dessa série de artigos, descobrindo que a datação com o método do Carbono 14 dava, resultados muito semelhantes aos da relíquia.

Mais recentemente, um autor quis ver nele uma semelhança com o rosto do cadáver do ancião Mestre Templário Iacques de Molay. Como prova de que, de fato, é um lenço medieval, usado para cobrir o cadáver do Mestre, manifesta que um cadáver calcinado aparenta muito menos idade que a que lhe corresponde cronologicamente, o que não deixa de ser certo. O único problema que apresenta tão original teoria é que o venerável Mestre, além de ser torturado durante sua reclusão, morreu queimado na fogueira, concretamente na Ilha dos Judeus em Paris, e que o fogo teria queimado todos os pelos, o cabelo, a barba e o bigode, mais ainda, teria feito desaparecer todo o sangue, assim como as lesões intumescidas e inflamadas, que tão visíveis resultam no rosto da Síndone, logo não pôde deixar essas estampas depois de sua morte. Mais ainda, a morte na fogueira teria deixado umas lesões características, que também seriam visíveis na Síndone, e que, não obstante, não aparecem, tais como a denominada no âmbito legista “posição de boxeador”, pois como conseqüência da intensa rigidez cadavérica, ocasionada pela coagulação da massa muscular provocada pelo calor, o cadáver adota uma posição encurvada que lembra a que podemos ver em um boxeador durante uma luta. Em dita posição é impossível retificar sem fragmentar o cadáver do modo em que aparece na Síndone, de modo que tampouco poderia ter ocorrido, pois dita fragmentação seria também visível.

E por último, no caso que não se calcinasse o cadáver, ainda no melhor dos casos, apresentaria extensas lesões superficiais por queimaduras, com grandes bolhas e esfoliação de grandes segmentos cutâneos, alguns dos quais, inclusive teriam aderido ao lenço mortuário, o que tampouco ocorreu, pois não se detectaram porções significativas de tecido epitelial na Síndone, apesar das mais modernas técnicas legistas terem investigado cada um dos pedaços e dobras do lenço.

Mais, ao desafortunado Mestre, antes de morrer, o devem ter coroado de espinhos, luxado o nariz, golpeado até a extenuação, e crucificado até morrer, para depois de morto, levantar-lhe o costado direito, provocando-lhe essa ferida sendo já cadáver. As outras as teria recebido ainda com vida. De outro modo, não teriam podido deixar essas impressões tão visíveis na Síndone. Em honra da verdade, diremos que, com toda a segurança, o venerável ancião foi torturado de modo selvagem antes de ser levado ao suplício da fogueira, mas no pouco provável caso de que não tivesse sido crucificado, tal extremo teria sido relatado pelos cronistas da época, o que não ocorreu pela simples razão de que não foi crucificado.

Quanto a imagem do rosto morto de Jacques de Molay, no hipotético caso que de fato seja a sua, devemos reconhecer que apresenta algo parecido com o rosto do homem da Síndone, não obstante, um detalhado estudo, especialmente si se usam técnicas antropometricas, revela que são maiores as diferenças que as semelhanças, especialmente no nariz, supercílios e pomos faciais.

De modo que, embora a alguns possa resultar atrativa essa teoria, fica muito longe da realidade, carecendo de todo o fundamento científico. Alguém versado em medicina legal, poderia dizer que talvez não morreu calcinado, senão só asfixiado pelo dióxido de carbono, mas então, não se justificaria que o Mestre ancião aparentasse pouco mais de trinta anos; dito efeito rejuvenescedor não se produz por nenhuma intoxicação.

Antes de entrar na matéria, faremos previamente um ligeiro repasse histórico pelas diversas transformações pelas quais atravessou a Síndone antes de chegar à Idade Média, e as datas de sua “suposta falsificação”. Em primeiro lugar devemos esclarecer que durante os primeiros séculos existe pouca informação, e dentro da escassez que resulta, aparece como contraditória, quando não de reduzida credibilidade.

A isso devemos somar o fato de que desde o início, nos evangelhos, por exemplo “O Evangelho dos Doze Apóstolos”, se diferencia entre os athonia (lenços) e as keirtai (vendas) com que se amordaçou o cadáver de Jesus Cristo, o que sem dúvida adiciona complexidade à interpretação das referências documentais históricas, pois a maioria dos cronistas, não costumam especificar em seus escritos a qual dessas relíquias se referem, embora não devemos esquecer que tão somente uma delas apresenta a imagem de corpo inteiro, fato que sem dúvida chamaria a atenção do observador e assim o faria constar em seus escritos. Por tal motivo, a maioria dos historiadores considera que os textos que fazem referência a alguma destas relíquias, mas que não mencionam a imagem, se referem, com toda a probabilidade, aos demais lenços e vendas.

E se isso fosse pouco, a Síndone, durante os primeiros cinco séculos de sua existência, foi copiada, que saibamos, um mínimo de cem vezes, com o objetivo de obsequiá-la uma a cada peregrino ilustre que acudia a venerá-la. Em seguida, passados os séculos, algumas dessas cópias foram tidas como autênticas, apesar de que uma observação cuidadosa detecta facilmente que se trata de pinturas, não do original. Em qualquer caso, tais fatos também somam complexidade à investigação histórica da relíquia.
Continua
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