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Para passar um grande amor

Atualizado dia 4/22/2008 4:14:38 PM em Almas Gêmeas
por Andrea Pavlo


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Há mais ou menos dois anos recebi a notícia que de precisaria passar por uma cirurgia de vesícula. Fiquei em pânico. Eu morro de medo de morrer e passar por um procedimento cirúrgico (que envolve maca, hospital, médico, e aparelhinho apitando o tempo todo) era a coisa mais assustadora do mundo.Demorei mais de seis meses para decidir fazer, aliás, esperei até as dores ficarem tão insuportáveis que não conseguia mais trabalhar direito. Então, um dia, depois de conversar com muitas pessoas que haviam tirado a vesícula, decidi encarar.
Isso eu tenho de bom. Eu sinto o medo, admito o medo e, mais cedo ou mais tarde, eu encaro. Lá fui eu me preparar para a cirurgia. Arrumei um bom médico, fiz todos os exames, e num dia quente de novembro acordei cedo, peguei a minha mala pronta no dia anterior e fui para o hospital.
Meu coração batia tão forte que achei que fosse morrer ali mesmo, antes até da anestesia. Depois de me ajeitar no quarto, fui para o centro cirúrgico sem anestesia e nem aqueles comprimidinhos que dão para gente ficar groge. Fui assim, com a cara, a coragem e o enfermeiro grande e forte que me levou para dentro de uma sala branca cheia de médicos que conversavam com que se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo (para eles era, claro).
Quando acordei, e demorei a acordar, estava mal. Tonta e muito enjoada. Vomitei e dormi uma infinidade de vezes até que comecei a conseguir ficar acordada. Meus pais, minhas irmãs e meu namorado da época estavam do meu lado o tempo todo. Quando passou o enjôo começaram as dores. Tentei tomar um banho mas quase caí no banheiro. Fui ancorada pela minha mãe. Sentia uma fraqueza inexplicável, um torpor, uma dor, tudo ao mesmo tempo. Passei assim uma semana. E tudo passou. Hoje eu não sinto mais aquelas dores horríveis, mas como todo mundo que tira a vesícula, já não posso comer qualquer coisa. O local dos pontos doem quando muda o tempo e eu sinto falta de um reservatório para as minhas mágoas (depois de tirar a vesícula, passei a falar muito mais o que eu penso).
Pois bem, e vocês me perguntando o que isso tem a ver com o amor? Bem, o amor vem, um dia. Ele chega. Te pega meio desprevenida, naquela hora em que você jura que não vai se apaixonar novamente. Às vezes vem numa pessoa que você nunca conheceria se não fossem circunstancias muitos estranhas, que só são explicadas por pura sincronicidade. Você vive uma história de amor, linda. Com lindos momentos a dois, mãos dadas, sorvetes compartilhados, passeios que você não ousaria fazer sem o parceiro. E, da mesma maneira que vem, um dia, ele vai.
É, amor não é eterno. Mesmo que ele acabe no dia em que um dos dois morrer, ele acaba. Um dia você se vê sozinha novamente, no meio de um monte de lembranças. Fotos, recordações, ingressos de cinema, de teatro, presentes. Promessas de uma vida inteira junto com aquela pessoa que parecia tão ideal, tão perfeita, que tudo o que você consegue sentir agora é um enjôo, um torpor e uma dor horríveis. Saudades, medos, inseguranças, parece que tudo vem a tona em todos os segundos do dia. Você acaba de acordar e pensa que ele foi embora e volta tudo de novo. Em sonho, as vezes, você o encontra. Mesmo que seja para ele te dizer que não, não te quer mais mesmo. O amor para a pessoa acabou. E para você não.
E dói. Como dói. Os dias vão se arrastando. Você vai tentando voltar a fazer tudo com alegria mas parece que não dá. Sei lá, não dá. Tem uma coisa no seu peito falando “desculpa, mas não dá”. Você tenta, saí para balada, faz a fila andar, arruma outro namorado correndo. Ou então se fecha no seu quarto e chora todas as suas dores, entrando na sua vítima o mais fundo que pode. E a dor continua lá.
A semelhança entre os dois procedimentos é uma só: você precisa passar. Não se tira uma vesícula sem sentir toda a dor e ansiedade que ela causa, mesmo sabendo que, depois disso, virá a cura e você será infinitamente mais feliz. Não se cura uma dor de amor se não passar por ela, mesmo sabendo que, depois, você terá aprendido lições importantes e será infinitamente mais feliz do que antes. As dores são para serem vividas, passadas. Mesmo aquelas que te causam uma angústia horrível, que te fazem pensar em nem estar mais neste mundo, que te colocam frente a frente com todas as suas carências. Suas carências. Ninguém é carente do outro, mas acreditamos nisso. Acreditamos que o que nos dói é a falta do outro quando na verdade, é a falta da gente mesmo. É aquela pessoa que deixamos para trás quando decidimos acreditar que tudo seria tão perfeito com ele, com ela, que não precisaríamos de mais nada.
Aos poucos, nos recuperamos. E assim como uma cirurgia em que um órgão doente é extirpado, são extirpadas de nós as nossas ilusões amorosas. As festas de casamento da nossa mente, os laços, o bebê rosado e cheiroso. Vai sobrando o que sempre teve: uma linda história de amor, lindas lembranças e lindos aprendizados. A ferida aberta e pulsante vai fechando. Você tira os pontos, você vê a ferida cicatrizando, dia a dia. Possivelmente não será a mesma de antes. Não poderá mais comer qualquer coisa, não permitirá mais que entre qualquer coisa na sua vida. O grande perigo das dores de amores são os quelóides. A gente não deixar aquilo cicatrizar. Ficar amarga, distante. Dizer que não quer mais amar, não quer mais sentir aquela ternura por ninguém. Mas o tempo passa, e assim como você pode voltar a comer batata-frita, um novo amor poderá surgir. Mais maduro, menos cheio de ilusão. Não será como antes, porque você não é a mesma, mas será igualmente bom e reconfortante. E quanto menos ilusões criarmos com este novo amor, mais feliz para sempre seremos. Mesmo sem festa de casamento e promessas de vida eterna. Porque eternamente, minha amiga, você só vai ficar com você.
Viver hoje o que tem que ser vivido. Esta é a minha lição. E se é o momento de reparação, de recuperação, é este momento que eu vou viver. Sei que me recupero, sei que encaro. Confio em mim e no Universo. Sejamos felizes agora, com o que temos. O melhor sempre está a nossa espera!
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Conteúdo desenvolvido por: Andrea Pavlo   
Psicoterapeuta, taróloga e numeróloga, comecei minhas explorações sobre espiritualidade e autoconhecimento aos 11 anos. Estudei psicologia, publicidade, artes, coaching e várias outras áreas que passam pelo desenvolvimento humano, usando várias técnicas para ajudar as mulheres a se amarem e alcançarem uma vida de deusa.
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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