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Depende de quem?

Atualizado dia 5/14/2008 7:50:59 PM em Autoconhecimento
por Flávio Bastos


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Ocorrido nessa semana em Porto Alegre, o evento "Fronteiras do pensamento", concebido para promover a exposição de idéias e debate entre os grandes pensadores da atualidade, o teatrólogo Gerald Thomas e o dramaturgo Fernando Arrabal, acabou numa briga de egos entre os dois palestrantes, o que resultou no apelido de "Fronteiras da vaidade" dado pela imprensa gaúcha ao incidente. "Foi patético" - resumiu o psicanalista Mario Corso.

Em Brasília, numa batalha perdida contra os interesses corporativistas, cai a "ministra do impossível", Marina Silva, uma das mais importantes defensoras do meio ambiente com prestígio internacional. Em defesa dela, entidades como a WWF e a Green Peace lamentaram a sua saída. Na sua carta de demissão, a ministra do meio ambiente escreveu: "Esta difícil decisão, sr. presidente, decorre das dificuldades que tenho enfrentado há algum tempo para dar prosseguimento à agenda ambiental federal..."

O avanço do homem sobre a natureza é inevitável, mas o que pode ser evitado é a depredação das reservas naturais em nome do progresso de uma nação ou em nome da ganância individual ou corporativista. A situação da Amazônia é um exemplo do que vem ocorrendo com o planeta, quando misturam-se políticas ambientais ineficazes, fiscalização inadequada, e a pior delas, a indiferença humana.

Num universo bem menor que a região amazônica, aconteceu na década de setenta algo parecido no Rio Grande do Sul que afetou considerávelmente o equilíbrio ecológico da região noroeste do estado. No entanto, a depredação da natureza ocorreu em campo aberto, afetando mananciais de água e, como decorrência, áreas de matas nativas.

Foi o fenômeno sócio-rural da "corrida do soja", quando pequenos, médios e até grandes proprietários de terra começaram a abandonar a tradicional criação de gado em troca de uma cultura que segundo informações de autoridades governamentais da época, garantia lucro fácil a cada colheita.

Frenéticamente, tratores começaram a rasgar campos férteis a qualquer hora do dia ou da noite. Sedes de fazenda começaram a virar granjas equipadas com toda a parafernália agrícola. Não bastasse a destruição do habitat de inúmeras espécies de animais, o "defensivo" agrícola passou a ser utilizado de forma indiscriminada pela mão de obra despreparada, sendo responsável pela mortalidade de um número incalculável de animais silvestres herbívoros e também de peixes, à medida que a enxurrada das chuvas levava a água contaminada das lavouras para as límpidas águas das sangas, riachos e rios.

O êxodo rural, inevitável, em decorrência da brusca mudança da tradicional pecuária para uma cultura alienígena, fez com que muitos nativos da região, desqualificados, desempregados e sem perspectivas de vida, fossem engrossar com as suas famílias o cinturão de miséria das cidades.

Passados poucos anos do "boom" do soja, muitos produtores rurais começaram a encarar a realidade das dívidas contraídas no Banco e a permanente ameaça do fantasma da falência. Vários pequenos e médios proprietários de terra perderam tudo e tiveram também que emigrar para os centros urbanos. Além das dívidas, não contavam com as decisivas mudanças climáticas que arrasaram muitas lavouras.

Em quase quarenta anos passados desde o início da corrida do soja, muitos agricultores que sobreviveram às mudanças e, principalmente à falência, retornaram para a pecuária. Outros, com mais sorte, dividiram as suas terras com as duas culturas. O que mudou considerávelmente, foi a paisagem dos campos. Muitas espécies de aves, pássaros e mamíferos desapareceram ou foram significativamente reduzidas as suas populações. Outras muitas espécies sobreviveram porque conseguiram adaptar-se razoávelmente às drásticas transformações de seu habitat.

Lembro-me quando ainda um adolescente, antes da frenética corrida do "ouro" chamado soja, costumava nas minhas peregrinações campeiras, admirar o explendor da paisagem natural... e quando caminhamos em silêncio na natureza preservada, são inevitáveis as lições de vida e equilíbrio que ela nos reserva. Equilíbrio do qual o homem vem, aos poucos, se distanciando...

Na tentativa de diminuirmos essa distância, atitudes concretas baseadas no presente em relação direta com o futuro do planeta - onde estarão tentando sobreviver nossos filhos, netos e bisnetos -, com certeza, não dependerão de intelectuais vaidosos ou de políticos com as suas políticas ambientais demagógicas ou ineficazes na prática. Tais ações dependem e dependerão de quem ainda conserva em si a criança que um dia foi e que guarda em seus sentimentos, o amor despertado pelas lições de simplicidade e de equilíbrio extraídas da vivência com outras crianças em meio ao ambiente natural.

Depende de nós
quem já foi ou ainda é criança.
Que acredita ou tem esperança.
Quem faz tudo por um mundo melhor

Depende de nós,
que o circo esteja armado.
Que o palhaço esteja engraçado.
Que o riso esteja no ar
sem que a gente precise sonhar.

Que os ventos cantem nos galhos.
Que as folhas bebam orvalhos.
Que o sol descortine mais as manhãs.

Depende de nós
se este mundo ainda tem jeito,
apesar do que o homem tem feito.

"Depende de nós", Ivan Lins.


Psicanalista Clínico e Interdimensional.
flaviobastos
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Conteúdo desenvolvido por: Flávio Bastos   
Flavio Bastos é criador intuitivo da Psicoterapia Interdimensional (PI) e psicanalista clínico. Outros cursos: Terapia Regressiva Evolutiva (TRE), Psicoterapia Reencarnacionista e Terapia de Regressão, Capacitação em Dependência Química, Hipnose e Auto-hipnose, e Dimensão Espiritual na Psicologia e Psicoterapia.
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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