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RENASCENDO

Atualizado dia 5/19/2008 10:16:15 PM em Autoconhecimento
por João Carvalho Neto


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Quando falamos em tratamentos psicoterápicos, o que esperamos sempre como resultado é a cura dos sintomas que nos afligem, e que desestabilizam nossa saúde mental e a capacidade de ser feliz.
Contudo, muito mais do que erradicar sintomas, é preciso pensar em amadurecimento de nossa vida emocional, na conquista de condições psicológicas mais estáveis que venham a garantir continuidade do bem estar psíquico.
Claro que poderíamos aqui traçar inúmeras reflexões sobre a fisiologia da mente enferma e dos processos terapêuticos que a fazem retornar à saúde, mas gostaria, nessas despretenciosas linhas, falar um pouco mais de perto do que seja a conquista do amadurecimento.
O desejo de alcançar uma condição de ventura, paz e plena saúde é inerente a todo ser humano. Como motivação para o imaginário de paraísos perdidos para além da vida após a morte vige esse anseio. A luta pela sobrevivência no cotidiano da existência, aliada à intuição inata da vida espiritual, faz com que todos aspiremos pela chegada de dias melhores, livres das angústias, dos problemas e das aflições. Uma boa parte de nossa vivência na fé está baseada nessa necessidade consoladora da esperança de dias melhores.
Entretanto, por outro lado, existe um paraíso mais próximo e no qual acumulamos impressões vivas em nosso psiquismo, pelas experiências que todos de lá trazemos: é o útero materno de onde nascemos e onde nos abrigávamos de todos os perigos e agressões que pudessem nos ameaçar. Pois essas impressões estão tão vivas em nossas mentes que temos enorme dificuldade em abandonar a proteção maternal e tudo aquilo que ela representa, mesmo que nossas mães não estejam mais presentes, ou mesmo que não tenhamos mais relações significativas com elas. Mas a sensação de que existe um lugar capaz de nos proteger fica gravada nos arquivos do inconsciente de tal forma que diante de qualquer dificuldade ou problema que seja maior do que nossa capacidade de reação, ou que demande uma energia psíquica muito intensa para isso, nos sentimos inadequados, deslocados, com necessidade de buscar refúgio, mesmo que conscientemente não saibamos onde.
Isso acontece de forma geral como base para a instalação de todos os transtornos neuróticos. Diante de uma ameaça superior aos limites da superação, o psiquismo busca proteção em estados emocionais anteriores onde esteve protegido e feliz. Lá ele se refugia até que o problema seja resolvido. Contudo, quantos traumas permanecem sem solução reprimidos no inconsciente? Para muitos de nós, diversos.
Essa situação faz com que a personalidade permaneça imatura, ainda que adulta na cronologia mas infantil no desenvolvimento afetivo. Ou seja, os neuróticos são crianças vivendo em corpos de adultos.
Bem, então vejamos: como a Organização Mundial de Saúde estima que mais de 60% da população mundial é neurótica (a experiência tem demonstrado que este percentual deve ser maior) muitos continuamos a nos comportar como crianças, com exigências de crianças, com reações de crianças, com sofrimentos de crianças.
Por isso uma psicoterapia não deverá se restringir jamais a apenas erradicar sintomas, mas sobretudo a fazer renascer a personalidade, tirando-a do imaginário de um útero onde se refugia para enfrentar a vida com toda a energia e coragem de que possa dispor. Essa será então uma mente saudável.
Claro que, como todo processo de nascimento, existe a ansiedade do período perinatal, a dor do parto, a expectativa da autonomia, da abdicação da necessidade de proteção infantil. É muito comum em processos psicanalíticos, o paciente, após alguns avanços, viver estados depressivos, que não caracterizarão uma depressão instalada, mas a angústia de assumir-se na sua maturidade.
Mas já disse um terapeuta americano, que agora me foge o nome: “mais vale a dor de descobrir-se do que viver a ilusão de uma felicidade que jamais será real”.

João Carvalho Neto
Psicanalista, autor do livro
“Psicanálise da alma”
www.joaocarvalho.com.br


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Conteúdo desenvolvido por: João Carvalho Neto   
Psicanalista, Psicopedagogo, Terapeuta Floral, Terapeuta Regressivo, Astrólogo, Mestre em Psicanálise, autor da tese “Fatores que influenciam a aprendizagem antes da concepção”, autor da tese “Estruturação palingenésica das neuroses”, do Modelo Teórico para Psicanálise Transpessoal, dos livros “Psicanálise da alma” e “Casos de um divã transpessoal"
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