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Animais no Horóscopo e Tarô, do simbólico ao holocausto

Atualizado dia 6/22/2017 11:54:24 AM em Corpo e Mente
por Sílvio Reis


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Alguém buscou animal de Poder, no horóscopo chinês e asteca, encontrou o Coelho, que há muito tempo deixou de vivenciar naturezas da sua essência. Hoje, engaiolados e com pouco tempo de vida, coelhos são “produzidos” para a extração de pele e pesquisa. Nem o orixá Ibeji consegue protegê-los do holocausto que abrange quase a totalidade dos bichos. Atributos simbólicos do Tigre também foram enfraquecidos para ser considerado animal de Proteção. Ele está sendo protegido da extinção, em zoológicos.
A natureza e os hábitats foram alterados. Cruzamento de raças e aprimoramento genético modificam bichos originais e referenciados nas artes ocultas. Com isso, tradicionais animais místicos do horóscopo parecem migrar para o mítico, o fabuloso, o lendário. A mesma observação vale para os baralhos de tarô.

Inspirado em um jogo criado no Brasil, há 125 anos, o tarólogo e terapêutica esotérico Jorge Purgly, lançou o Tarô do Jogo do Bicho para “atrair sorte no amor e no trabalho, através da interpretação dos sonhos pelo jogo do bicho no tarot.” Se o consulente sonhou com a realidade comercial da vaca e do porco, poderá investir nesse mercado e se dar bem. Dados do IBGE informam que o Brasil abateu 29,67 milhões de cabeças de bovinos em 2016, redução de 3,2% em relação ao anterior. Nesse mesmo período, o abate de porcos aumentou. Mas é preciso fechar bem os olhos para não ter pesadelo diante do holocausto vivido pelos animais da indústria da carne, para o amor proposto pelo jogo não ficar no campo da compaixão.

A ilustradora Lisa Hunt se inspirou na mitologia de vários povos para criar o Animal Divine Tarot. Divino mesmo é o mercado de animais, que engloba função espiritual, projeção de arquétipos, aparato psicológico na dominação e convivência. Nem por isso, bichos deixam de servir como carne, produtos utilitários, matéria-prima, pesquisa industrial e acadêmica, entretenimento, publicidade. Notícias (como este artigo), livros e ocultismo também são mercadológicos.

Estão em crescimento os diversos ramos animais e as artes místicas. O mercado pet levou cães e gatos à visibilidade popular. Também fortaleceu o antropocentrismo e o especismo entre bichos. Afinal, os reinados animais mudam de acordo com necessidades e Vontades (solares), que imperam sobre a Imaginação (lunar).

A imaginação defende que o misticismo oferece, atualmente, o Poder e a Proteção de animais destruídos. E questiona se horóscopos e tarôs podem amenizar, de alguma forma, a atual violência institucionalizada com bichos.
A Vontade dos homens já tem respostas prontas. Mesmo se houvesse essa intenção, nem todos os consulentes defenderiam a abolição animal, nem o bem-estarismo das espécies. A história ainda registra que forças dominantes já impediram a atuação transformadora dos místicos. Bruxas e sacos de gatos jogados na fogueira, mas renasceram como o pelicano (fênix) do tarô alquímico. No entanto, continuam tirando o próprio sangue para alimentar os filhos das suas imaginações, ou ideais coletivos.

Os mais pontuados
Horóscopos e tarôs de diferentes épocas e regiões apresentam conteúdos universalizados. Existem várias universalidades no mundo. O ponto em comum são os mesmos animais citados até seis vezes. Confira.

Horóscopo chinês. Lunar, matriarcal e oriental, oferece opções para animais de uma mesma família. Rato ou Camundongo, Boi ou Búfalo; Tigre; Coelho; Dragão; Cobra ou Serpente; Cavalo; Cabra, Bode ou Carneiro; Galo ou Galinha; Macaco; Cão; Porco ou Javali. A cada 60 anos, Cavalo de Fogo.
Sem pássaros e peixes, foi adaptado por alguns países. Na Tailândia, mesmo com características bem distintas, o Gato substitui o Coelho. A Vaca ocupa o lugar de Boi; o Pequeno Dragão no lugar da Serpente. No Japão, foram supridas as opções e permaneceram o Boi, o Carneiro e Javali. A Pantera substituiu o Tigre chinês na Mongólia. Na Pérsia, Crocodilo no lugar do Dragão.

Horóscopo Asteca. Solar e lunar, divide-se em 20 signos representados por vegetais, símbolos sagrados e 10 animais: Crocodilo, Lagarto, Serpente, Veado, Coelho, Cão, Macaco, Jaguar, Águia e Abutre.

Horóscopo Xamânico. Criado por indígenas norte-americanos, cada signo corresponde a um tipo de vento (postura interna do Ser) e uma direção (meta espiritual). É complementado por 12 animais: Ganso, Lontra, Lobo, Falcão, Castor, Cervo, Pica-pau, Salmão, Urso pardo, Corvo, Serpente, Coruja.

Tarô alquímico: Coelho, Salamandra ou Lagarto, Sapos, Rãs, Peixes, Lobo, Leão, Pelicano, Águia, Cobra, Baleia e outros.
Baralho cigano – Cobra, Pássaros, Raposa, Urso, Cegonha, Cão, Rato, Peixes.
Horóscopo Indígena Brasileiro, HBI. Os lendários Saci (Curumim), Serpente Deusa Negra (Boiúna), Sereia, Fada e Dragão dividem espaço com o Veado, Macaco, Boto ou Peixe, Cobra (Boitatá), Papagaio (urutau), Passarinho, Cegonha (Guanambi).

Animais de Orixá. Na cultura Yorubá, cada Orixá protege um ou mais animais, em diversos mitos e rituais. O Papagaio é protegido de Oxossi; Passarinhos – Logun Edé; Galo – Ossaim; Cobra – Oxumarê; Cavalo – Omolu; Coruja – Nanã; Peixes – Iemanjá; Galinha – Oxum; Búfalo – Yansã; Leão – Xangô; Águia – Euá; Galinha d´angola branca – Obá; Coelho – Ibeji; Pombo – Oxaguia; Elefante – Oxalufan.

Tarô do Jogo do Bicho. Com finalidade essencialmente comercial, o jogo foi criado pelo Barão Drummond (João Batista Vianna de Drummond) para manter o zoológico do Rio de Janeiro, a partir de 1892. Avestruz, Águia, Burro, Borboleta, Cachorro, Cabra, Carneiro, Camelo, Cobra, Coelho, Cavalo, Elefante, Galo, Gato, Jacaré, Leão, Macaco, Porco, Pavão, Peru, Touro, Tigre, Urso, Veado, Vaca.

No Zodíaco tem Carneiro (Áries), Touro, Caranguejo (Câncer), Leão, Escorpião, Peixes. No baralho de Rider Waite, um Lagarto está na carta do Rei de Paus. No tarô dos Sete Mistérios, o Leão aparece na carta 21, Prudência. A Cobra se encontra no Tarô Etheila. Duas serpentes duelam no 8 de Copas do tarô da Espiral Mágica. No Tarô de Marselha, dois cães (ou um cão e lobo) e um escorpião se destacam na carta da Lua.

Há outros animais nas artes místicas. Esta pequena amostra com 60 bichos (fêmea e macho), relaciona os mais divulgados.
6 vezes: Cobra, se for somada com a Serpente, 4, resulta em 16% do total.
5 vezes: Cão (cachorro).
4 vezes: Águia, Carneiro, Coelho, Leão, Peixe(s), Serpente, Veado.
3 vezes: Cegonha, Escorpião, Galinha (incluindo d´angola), Lagarto, Pássaro(s) / Passarinho, Touro, Urso.
Duas vezes: Boi, Búfalo, Cabra, Caranguejo, Cavalo, Coruja, Crocodilo, Galo, Gato, Javali, Lobo, Macaco, Papagaio, Porco, Rato, Tigre, Touro, Vaca.
Uma vez: Abutre, Avestruz, Baleia, Bode, Borboleta, Burro, Camelo, Camundongo, Castor, Cervo, Corvo, Elefante, Falcão, Ganso, Jaguar, Lontra, Pantera, Pelicano, Peru, Pica-pau, Pombo, Raposa, Rãs, Salmão, Sapos.
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Conteúdo desenvolvido por: Sílvio Reis   
jornalista que está se especializando na interação “homem-animal”.
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