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SUTILEZAS DA ALMA

Atualizado dia 2/6/2005 3:42:36 PM em Autoconhecimento
por Debora Casalechi


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Quando era bem menina já tinha uma idéia clara de quem era e o que trazia por dentro e, como toda criança, permitia que tudo aquilo fluísse naturalmente... não havia aprendido ainda a agir de outra forma... eu era eu e pronto! Como ainda era muito pequena, muitas das coisas que “via” e “sentia” eram consideradas fantasia ou imaginação fértil... E a vida seguia tranqüila.

Os anos foram passando e meu mundo interior foi se tornando mais e mais ativo... Mas agora, já não era mais tão simples, falar sobre o que se passava comigo. Ao longo do meu crescimento, percebi que não poderia mais falar sobre minhas experiências pois agora, já estava ficando complicado aceitar que a menina tão extrovertida, também ouvia vozes, via luminosidades nos ambientes e nas pessoas, saia do corpo em situações variadas, enfim, que a menina, que encantava a todos, começava a falar de coisas que nem sempre agradariam aos mais desavisados e estava se mostrando diferente demais...

Apesar de tudo, nenhuma das pessoas com as quais convivia naquela época se deu conta, realmente, dessas sutilezas. Exceto uma, que foi meu anjo da guarda enquanto pode e que percebeu tudo desde os primeiros momentos, talvez pelo contato tão próximo, ou quem sabe, por estar comigo a muitas vidas e me conhecer melhor do que eu imaginava.

Provavelmente, para me proteger das incompreensões do mundo, ele me pediu para não falar sobre aquilo com outras pessoas, pois talvez não compreendessem o que se passava comigo. Sinto, hoje, que ele agiu daquela forma para me preservar. Afinal, ser diferente é complicado, gera discriminação e tenho certeza que ele não queria que eu sofresse.

Por esse motivo, fui me fechando e acabei por perder a espontaneidade dos meus primeiros anos, pois nem sempre sabia o que podia ou não dizer... e aquilo me fazia sofrer. Então decidi que não queria mais nada daquilo e bloqueei todos os canais por onde a sensibilidade sempre fluiu.

Tranquei as portas da minha alma ainda menina e simplesmente segui em frente, orientada apenas pelo que viesse de fora. Hoje sei que parei de sentir. Desse ponto em diante só utilizava os meios racionais para resolver os problemas e dificuldades da vida... Caminho difícil...

Quando chegou a adolescência, fiquei com a memória desses fatos que vivenciei na infância um tanto quanto amortecida pelo bombardeio hormonal característico dessa idade. Não sei dizer se esqueci ou se bloqueei, mas, o fato é, que tudo aquilo foi sumindo aos poucos de minha memória e eu fui me tornando outra. Criei uma outra personalidade para mim que, com certeza, se adaptaria melhor ao que se considerava, naquela época, o “certo”. Hoje acredito que foi um mecanismo de defesa e muito difícil de reverter...

O início de minha adolescência foi conturbado, por esses e muitos outros motivos. Tudo era confuso e estava sem meu anjo. Estava sozinha, pensava. E como seria agora, sem a única pessoa que realmente me conhecia por dentro e que me amava de forma incondicional? Tinha medo de não saber seguir sozinha...

Quando ele se foi, fiquei literalmente sem chão por algum tempo. Não tinha mais meu anjo, nem minhas vozes e as muitas presenças amigas para me orientar... E agora? Foi exatamente nesse ponto de angústia, que comecei a sentir aquela presença tão familiar... Mas ainda não conseguia entender o que seria e cheguei até a ter um pouco de medo, afinal havia esquecido de quase tudo que antes era tão comum...
Aos poucos, reconheci a presença como sendo de meu anjo, que não havia me deixado, apenas estava com outra aparência, em outro lugar, mas sempre comigo... como nos velhos tempos!

Uma noite, depois de dois anos que ele havia partido, tivemos permissão para nos encontrarmos novamente. Ele ainda mantinha os mesmos traços que tinha aqui, apenas com uma aparência mais sadia e ligeiramente mais jovem do que a dos seus últimos anos de vida, mas ainda “em tratamento”, como ele mesmo disse. Estava num local parecido com um hospital e numa cadeira de rodas, amparado por algumas pessoas de branco, que, naquela época, imaginei serem médicos, e dizia que ainda estava fraco.

Muitas outras vezes estive “lá” e, aos poucos, observava que a aparência dele se transformava. Na última vez em que nos encontramos dessa forma, ele estava totalmente refeito e com uma aparência bem rejuvenescida. Se eu não tivesse acompanhado todo o processo de cura, talvez nem o reconhecesse. Agora ele parecia outra pessoa, mas eu sentia que era o mesmo.

Ele me disse, entre outras coisas, que já estava pronto para “voltar”, que ficaríamos sem nos encontrar por algum tempo e que eu deveria voltar a ser o que sempre fui, que não precisava temer as diferenças e que “eles” sempre estariam comigo...

Depois desse dia, não mais senti aquela presença familiar, mas agora já tinha iniciado o processo de despertar das minhas antigas “habilidades” até então adormecidas, não da forma como antes se manifestavam, pois estava altamente condicionada a não demonstra-las, mas, aos poucos, tudo estava retornando... Timidamente, eu estava voltando a sentir aquele universo invisível do qual sempre fiz parte. Estava começando a destrancar as portas da minha alma e isso era muito bom... já não me sentia mais tão sozinha e vazia!

Quando iniciei a vida adulta, muitos fatos me desviaram desse despertar necessário. Por muitos anos fiquei totalmente voltada aos meus afazeres, ao trabalho, enfim, à vida que seguia... Quando os filhos, meus e de minha irmã, começaram a chegar, as lembranças também voltaram e o processo de despertar tomou um novo e forte impulso... Cada um que anunciava sua chegada, mesmo antes dos resultados dos exames, até mesmo antes de sua concepção, já trazia consigo a história que tinha vivido comigo em tempos tão distantes... Um a um voltou para meu lado.

Sinto que faltam alguns...e não faço idéia de onde estão... Também ainda não reencontrei meu anjo de outros tempos e nem sei quando nos reencontraremos... Mas sei que tudo é uma questão de tempo. Entretanto, sinto que da forma que lhes é possível e permitida, “eles” (que agora sei quem são) sempre me acompanham, mesmo que eu não perceba.

Ainda sigo despertando o que adormeci dentro de mim um dia e descobrindo outras habilidades que jamais imaginei estarem lá. Não é uma tarefa fácil, mas é o meu caminho e não serei feliz de outra forma. Preciso - e vou - resgatar tudo o que é meu por direito e principalmente, nunca mais fecharei as portas da minha alma!

Texto revisado por Cris

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