A medicina do grilo - animais de poder

Ninguém pode dar o primeiro passo por você. 

O primeiro passo é um dos atos mais profundos e solitários de alguém. Mas é só no primeiro passo que há a solidão e ela é profundamente necessária. É na solidão que conseguimos escutar nossa voz interna, saber a verdade do coração e decidir, profundamente, mudar de vida, ir na direção de um sonho, colocar  nossa vocação no mundo. Quando damos um primeiro passo, conectados ao nosso coração e à nossa verdade, quando a força para esse passo vem de um chamado interno, de uma vocação, tudo se move para que a estrada surja diante dos nossos pés. 

Existe um momento de fé, um momento de saltar sem saber, pela razão, se haverá chão ao pisar. A certeza do chão vem da conexão profunda com o próprio coração e com o próprio caminho. O grilo salta no escuro, uma distância muito maior do que pode enxergar, mas está tão conectado à sua verdade de grilo, ao seu instinto, ao impulso de exercer aquilo que é, que ele salta, na certeza do chão. E o chão surge para o pouso seguro. Esta é a medicina do grilo: o salto de fé, a força da conexão com o que realmente somos. Se nos movemos na direção de ser quem viemos aqui para ser, sempre haverá caminho para nosso salto.

Se estivermos plenamente conectados com ser quem realmente somos, com a nossa natureza e verdade, podemos dar nosso passo em confiança, na fé de que, se estamos no nosso caminho, não existe outra possibilidade: a estrada vai aparecer. Essa é a fé que move montanhas, é a fé da conexão profunda com a verdade de ser quem você é, inteiramente, exercendo seu papel no todo. 

Cada um de nós tem uma singularidade. Você é único e eu também. E cada um de nós tem um talento, uma sabedoria, uma medicina, uma vocação. Somos como peças de um grande relógio cósmico, que precisa de cada engrenagem funcionando no melhor de si. E todas são necessárias.

A vida trava quando não estamos alinhados com nossa verdadeira grandeza, quando desmerecemos quem somos, quando não damos valor aos nossos talentos, quando não estamos expressando nossa singularidade, funcionando no melhor de nós. Se negamos a expressão da nossa verdade profunda, negamos a vida dentro de nós. 

Se entramos no caminho de nos tornar quem somos e expressar nossa grandeza no mundo, a vida destrava. O que ela quer de nós é coragem, já dizia Guimarães Rosa, e a coragem é a de ser quem somos e assumir nossa grandeza diante do mundo.

 

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