A necessidade de perder
Atualizado dia 11/16/2021 12:49:04 AM em Espiritualidadepor Paulo Tavarez
O Universo está em movimento e o Ser deve estar em movimento também e não preso pelo encanto de algo qualquer, uma vez que ele é parte do Universo, ele deve estar em movimento também. Sofremos com perdas quando deveríamos aprender a soltar, liberar e perder a identificação com aquilo que perdemos. Cada coisa que julgamos possuir torna-se um pedaço do nosso ser, uma espécie de membro que ganhamos. Quando existe a perda é como se houvesse uma amputação, é como se perdêssemos um membro qualquer, com isso, a dor e o sofrimento surgem. Não é preciso dizer que esses efeitos são ilusórios, pois são a consequência da ilusão da posse.
Não estamos no comando de nada, nem somos os artífices do nosso destino, porém, não entendemos profundamente isso. Acreditamos que somos os responsáveis pela nossa realização, que a nossa felicidade dependa de conquistas materiais ou realizações mundanas, estamos totalmente seduzidos pelo poder e saímos em busca de uma elevação qualquer que nos traga algum tipo de destaque.
É o que retrata a passagem de Zaqueu, pois ele era um homem de baixa estatura que resolveu elevar-se de forma artificial para encontrar a realização (representada por Jesus). Essa mesma realização tratou de forçá-lo a descer desse sicômoro ilusório e colocá-lo no chão. Quando ele desceu encontrou a realidade, consequentemente, realizou-se.
O homem ainda não percebeu que só veio ao mundo para perder e não para ganhar. Tudo aquilo que ele ganha o escraviza, em contrapartida, tudo aquilo que ele perde o liberta.
É preciso perder importância, grandeza, relevância, notoriedade, pois tudo isso faz parte de um falso eu que foi inflado por desejos e sonhos. Tudo aquilo que perdemos nos torna mais leves, pois esse objeto externo, de alguma forma funcionava como uma gaiola para o nosso Ser.
É preciso perder a descrença para que a confiança possa surgir, é preciso perder a tristeza para que a alma possa alegrar-se, é preciso perder o orgulho para que a humildade surja, é preciso perder a inveja e o medo para que a coragem se instale, é preciso superar o desânimo e a preguiça para que a perseverança apareça, é preciso perder a ansiedade, a preocupação e a insegurança para que a alma encontre a serenidade e, finalmente, é preciso perder o interesse por tudo para o homem possa transcender o mundo através da renúncia.
Percebam que estamos aqui para perder e não para ganhar. O próprio Jesus dizia: "Que adianta o homem ganhar o mundo inteiro e perder a alma?" Mc 8:36.
Lembro-me bem da letra de Arnaldo Antunes na música de Nando Reis: "Quando não tiver mais nada, nem chão, nem escada, escudo ou espada, o seu coração acordará". Em contrapartida, enquanto estiver com tudo, lã, cetim, veludo, espada e escudo, a sua Consciência adormecerá.
Texto Revisado
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Conteúdo desenvolvido por: Paulo Tavarez Conheça meu artigos: Terapeuta Holístico, Palestrante, Psicapômetra, Instrutor de Yoga, Pesquisador, escritor, nada disso me define. Eu sou o que Eu sou! Conheça mais sobre mim em: www.paulotavarez.com - Instagram: @paulo.tavarez E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |
