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A PÁSCOA, A VIDA E A TERRA

Atualizado dia 4/24/2011 9:46:25 PM em Espiritualidade
por Oliveira Fidelis Filho


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Variadas são as possibilidades oportunizadas pela semana chamada santa.  Para muitos, o maior benefício é o feriado prolongado. Os cristãos, em especial as lideranças, empenham-se em reforçar a importância histórica da Páscoa. Entre estes há até os que nutrem um sentimento de amor e ódio em relação aos sedutores ovos e coelhos de Páscoa.

Outros transformam a Páscoa no carnaval do cacau, rendendo-se à sedução deliciosa dos chocolates. Claro que com tanto chocolate ingerido quem mais acumula "gordura" é a indústria de chocolate, além do setor de turismo, hotelaria e entretenimento. Entre um chocolate e outro, há também os rituais religiosos com seus cultos, cantatas, encenações, culto da ressurreição, missa do galo e bacalhau.

Há os que ficam em casa por opção ou por falta de opção. Tenho uma amiga que, geralmente, usa o feriado de Páscoa para fazer sua declaração de imposto de renda, penso que saboreando os recomendados chocolates amargos...

A mídia redirecionará suas lentes para as tradicionais encenações, a missa rezada pelo Papa, os exaustivos engarrafamentos e os acidentes nas estradas. Quanto a mim, também ganhei amendoins açucarados e chocolates, ou seja, a Páscoa também me alcançou e adoçou. Portanto, a Páscoa possui, na prática, concordemos ou não, estes variados "recheios" e ingredientes.

Entretanto, o drama que o livro sagrado cristão descreve, experienciado por Jesus em seus últimos dias de vida na dimensão encarnada, destaca alguns personagens que protagonizaram atitudes que extrapolam o antes e o depois de Cristo.

Infelizmente é possível entrar em contato com tais personagens da mesma forma que se visita um museu. Ficamos impressionados, comovidos, admirados, mas ao deixar o museu é possível até sentir uma sensação de alívio, de dever cumprido, e a vida retorna aos valores de sempre. Assim, as encenações da páscoa, as homilias, as cantatas, as tentativas de relembrar seu "verdadeiro sentido" não passam de visita aos acervos do museu religioso cristão.

Há, no entanto, nas atitudes dos principais personagens que pontuaram a história do Mestre, ensinamentos cujos desafios se mantêm atuais e determinantes. Remetem a valores e escolhas explicitamente verificáveis em cada um de nós. Tais posicionamentos em relação a Jesus manifestam, também, respostas claras diante da demanda Vida. São, portanto, pessoas e escolhas que continuam a se reproduzir no dia a dia de todos.

Trair e vender a Vida (Judas), negar e não se identificar com Vida (Pedro), lavar as mãos e se omitir em face da demanda da Vida (Pilatos), desvirtuar a justiça em detrimento da Vida (Barrabás), escolher movido pelo fundamentalismo religioso cujo prazer mórbido é julgar, condenar e reprimir a Vida (multidão), investir na manipulação de multidões e na destruição da Vida (interesses econômicos, políticos e religiosos), oportunizar o surgimento da Vida, cuidar e por ela se sacrificar (as mulheres); eis alguns comportamentos que estão longe de serem "peças de museu".

Todas estas atitudes tornaram-se manifestas na presença de Jesus, do Mestre, da Vida. As mesmas atitudes podem ser observadas em relação a Terra pois é também na Terra que a Vida, tal qual a conhecemos, se expressa em infinitas formas e dimensões. Neste aspecto, nada é mais oportuno do que comemorar o dia da Terra, 22 de Abril, durante a Páscoa, até porque a páscoa Judaica nos remete à jornada do povo em busca da Terra Sonhada Santa.

Voltemos aos personagens que se destacaram na semana da paixão de Cristo.

A escolha de Judas de trair e vender a Vida pode ser claramente observada nos atos de corruptos e corruptores que se vendem em detrimento da Vida. Negociatas e concessões, regadas a escabrosos mensalões e vultosas propinas ou por irrisórias quantias, resultam na entrega e no abandono da Vida a inomináveis crueldades e sofrimentos. A atitude de Judas se repete em cada momento que um benefício pessoal, lícito ou não, resulte em sofrimento de alguma expressão da Vida.

A escolha de Pedro, de negação e de não identificação com a Vida, resulta na negação de sua própria existência. E quando se nega a Vida não faltam motivos para se chorar. Após negar Jesus por três vezes, o relato bíblico diz que Pedro chorou amargamente. A amargura, as profundas tristezas, o sentimento de esvaziamento e a depressão, são também expressões visíveis da negação à Vida. Consciente ou inconscientemente, alimenta-se um sentimento de distanciamento em relação à Vida. Nega-se a Vida quando se mergulha em lamentações; abandona-se a gratidão. Nega-se a Vida quando se perde o encantamento, a magia, a alegria de viver. Nega-se a Vida quando se vive amedrontado, esvaziado de coragem e ousadia.

A escolha de Pilatos em lavar as mãos e se omitir em face da demanda da Vida, de não se envolver com Jesus, de não assumir uma posição, de não usar de sua posição na defesa da Vida, de não colocar em risco sua zona de conforto, são ainda comportamentos comuns. Há muito Pilatos que vendem a própria alma para não perderem as benesses dos cargos, das comissões e das funções. Que aspiram a amizade dos poderosos, "dos Césares", ainda que para isso tenham que entregar a Vida a todo o tipo de abuso e sofrimento.

A escolha pela libertação de Barrabás que desvirtuou a justiça e condenou a Vida, protagonizada e incentivada pelos donos da lei, não se prende ao fato histórico de dois mil anos atrás. Não são poucas as ocasiões em que a defesa dos direitos humanos beneficia os contraventores e penaliza os cidadãos de bem. Escolhemos "Barrabás" quando liberamos as sombras, a maldade, os sentimentos menores, mantendo aprisionada em nós a Essência Divina. Optamos por "Barrabás" quando nos deixamos levar pelo mal em qualquer uma de suas expressões, mesmo que em pensamento ou sentimentos. Tudo que em algum nível contribua para poluir, ferir e desfigurar a Vida na Terra é também uma opção por Barrabás; portanto, um comportamento anti-Cristo.

A inarredável decisão de algumas mulheres em cuidar, permanecer ao lado, arriscar e se sacrificar em prol da Vida são comportamentos que precisam ser valorizados e reproduzidos. São elas que, via de regra, mais sentem a Vida e pela vida se posicionam de forma altruísta e amorosamente responsável.

Felizmente, chegamos à Era de Aquário, da energia feminina, presente tanto na mulher quanto no homem, pois não se trata de gênero e sim de energia. Era da sensibilidade que já manifesta as contrações de parto para uma nova geração, de expansão de consciência em direção a eco-espiritualidade, da defesa, cuidado e valorização da Vida.

O "terceiro dia" se aproxima; para trás vai ficando a inconsciente infância dando lugar à tumultuada adolescência e a maturidade. Jesus, a abundante Vida, já iniciou sua descida da mente para o coração para novamente sair dos templos e se fazer presente nas ruas e nos vilarejos.

Que experienciemos em cada um de nós os benefícios de uma passagem para uma consciência expandida, uma nova Terra onde habite a Justiça.


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Conteúdo desenvolvido por: Oliveira Fidelis Filho   
Teólogo Espiritualista, Psicanalista Integrativo, Administrador,Escritor e Conferencista, Compositor e Cantor.
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