Agora entendo o sentimento que me ronda

"Eu vim forte e ele, meu filho, veio forte. Viemos para fazer acontecer dessa vez",  diz a mãe.

 

Talita em 2014 era minha cliente. Estava em processo, envolvendo sua vida pessoal e profissional.

 

Sentia-se com impulsos variados, estranhos à sua própria vontade.

Ela não entendia, isso a perturbava.

 

Como facilitador, procurei indicar caminhos e atitudes a partir das intuições que eu tinha sobre a alma dela.

Muito contraditórias ao que ela manifestava como mãe, mulher ou um ser social.

Dei apoio, sentia-se mais segura.

 

Numa consulta, disse que fora convidada pra ir num grupo xamânico que utilizava o chá ayuasca nos rituais.

 

Apoiei, dizendo que, por projeção astral, iria acompanhar e dar proteção.

Ela então foi e participou.

 

Eu nada sabia desse processo. Fiz um apelo e veio a resposta.

A noite, "involuntariamente" encontrei na TV um programa onde uma repórter foi participar de uma sessão e tomou o chá.

Ela explicava como funcionava e os efeitos do chá. Agradeci ao Universo pela orientação.

 

Talita, então enviou mensagem:

"Olá, Wilson, segue o relato do trabalho do Daime. Espero que ajude a nos sintonizar e continuarmos esse processo de cura na próxima consulta.

 

Foi um trabalho muito muito bonito, eu cheguei lá às 6h da manhã.

Logo que cheguei ao espaço, estava muito feliz de estar lá.

 

O trabalho começou. A força veio vindo lentamente. Senti inicialmente muita alegria e muito amor. Passei por uma esfera de forte gratidão. 

Sentia a presença de todas as pessoas que estão vibrando por mim. Foi tudo muito leve e gostoso. 

Tudo o que via e sentia foi sempre da perspectiva de observadora, ainda com muito amor e leveza. Assim como o chá, que era doce e suave.

 

Na segunda dose, entrei mais fundo, tive vários insights e várias imagens. Algumas que já se perderam. Senti meu espírito mais puro, suave e delicado.

Vi as armaduras e armas que recebi para essa vida. Vi eu recebendo a minha dureza, minha força, minha dedicação ao trabalho, minha persistência, minha obstinação como armas para cumprir a missão dessa vida.

Vejo, contudo, que não sou isso. Me sinto muito suave e delicada, até frágil.

 

Tomei outras doses e fui entrando mais e mais.

 

Em um momento eu me ouvi dizendo "a doença levou meu filho", senti que estava em outro plano, em outra vida e percebi que tinha perdido o Théo, agora meu filho menino, um pouco maior do que ele é hoje.

 

Foi um sofrimento sem tamanho. Um sofrimento tão grande que transbordou para essa vida. Fiquei muito tempo (naquela vida e depois) imersa nesse sofrimento, nesse umbral, sem fé e me sentindo vítima e culpada.

 

Entendi porque sinto ainda esse sofrimento com ele, porque não aguento ver ele chorar, porque não consigo conceber a ideia dele sofrer ou ter dor. Entendi também o processo dele, de encarnar agora. Senti a impotência da outra vida, entendi porque sinto que sou incapaz e impotente perante a maternidade e em assumir essa função.

 

- "Observem bem, nesse relato,  procedimentos que surgem em função do que aconteceu na vida passada".

 

Meu coração se fechou no passado. 

Mas senti tudo isso muito leve e à distância.

Percebi a alegria de ter a oportunidade que tanto pedi de receber ele de novo e de fazer diferente.

 

Eu vim forte e ele veio forte. Viemos para fazer acontecer dessa vez. Senti que toda a minha trajetória de vida, de ter meu sucesso, minha vida estabilizada, o parceiro ao meu lado, como alicerce para recebê-lo e ser diferente dessa vez.

 

Também senti que temos que nos amar e construir uma vida juntos, mas sem ser únicos para nós mesmos. Eu ter meu trabalho e minha carreira também faz parte da minha missão e temos que construir nossa vida juntos, com autonomia. Isso será um desafio.

 

Senti que me foi revelado somente o necessário para eu entender o que está acontecendo e seguir adiante, com fé e gratidão por essa nova chance.

 

Em algum momento perguntei se ele era meu pai (isso me ronda há muito tempo) e ouvia "ele foi seu pai".

 

Uma lógica só minha e reforça que o que importa é o agora. Isso não ficou muito claro para mim, mas senti que não importa. Se ele foi meu pai, foram várias encarnações de desencontros.

 

Mais um motivo para celebrar o reencontro e ser feliz!

 

Não posso tocar no assunto que o Théo chora... Por isso esse registro é tão importante para me lembrar quando necessário, mas ao mesmo tempo deixar para trás essa história e viver feliz o presente.

 

Agora entendo o sentimento que me ronda, sinto o sofrimento puro da situação do passado.

 

Fiz uma limpeza no corpo bem forte e o Théo também.

 

Minhas noites e sonhos estão revigorantes nesses últimos dias. Cheios de alegria e música. Me encontro com a Mari, minha amiga. Rimos e dançamos.

 

O Théo ainda está processando, sinto que ele também está mexido. Ele teve diarreia sexta e sábado. Estamos conversando bastante sobre tudo isso.

 

Senti a presença também de vários animais ao longo do trabalho, lembro de uma onça e de um pássaro que aparecia várias vezes.

 

Ainda sinto que o trabalho está se encerrando e preciso me lembrar de ter fé para cumprir essa missão, sentindo novamente todo o amor e gratidão!

 

É importante manter a conexão para continuar o trabalho de cura para mim e para o Théo, com toda a rede de apoio que temos. Me senti muito abençoada por ver todos os amigos que estão nos ajudando!"

 

O relato, por si só, tem uma relevância incrível. A experiência foi clara, profunda e expressiva.

Desata nós, clareia a visão e fortalece a alma pra seguir essa jornada com alegria e gratidão!

 

Wilson Francisco

 

Texto Revisado