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Antes e Depois

Atualizado dia 4/9/2014 10:03:13 AM em Espiritualidade
por Christina Nunes


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Não havia ainda me acostumado à mesa cirúrgica. Soro com sedativos na veia, batimentos cardíacos controlados, ainda olhava com certa curiosidade a movimentação em volta, e cai durante uns dois minutos num cochilo breve, para acordar logo, sem saber direito como havia dormido daquele jeito; mas o fato é que, então, o olho direito já tinha sido anestesiado para a cirurgia de catarata precoce, que me acometeu justo quando, no auge das atividades da vida, nem imaginaria o ter que me ver às voltas com este contratempo inconveniente.

De repente, entra o cirurgião. E, também quase sem que eu me desse conta, como um mágico tirando um coelho da cartola, dispara uma série de luzes esquisitas no olho anestesiado. Nem findos quinze minutos, pronuncia um “acabou”, que me soou ainda mais sem sentido! Olho já tampado, perplexa, acachapada, pensava comigo mesma: acabou como? Que hora saiu o cristalino imprestável? E quando entrou o novo?

Espetáculo de mágica, mesmo, para quem, leiga como sou, entra numa sala cirúrgica sem nada entender dos métodos avançados deste tipo de intervenção operatória à base de ultrassom, dos tempos em que vivemos, mas a grande e surpreendente realidade veio mesmo depois.

Com a vista novinha em folha, ao longo dos dias, percebi, espantada, o quanto já vinha enxergando mal – com os dois olhos! Porque só então, com a visão em ponto de bala, afinal, dei-me conta de como a outra está ruim, vendo tudo amarelado, destituído da luminosidade vívida que, conforme foi dominando a sã, chegou a me sugerir a suposição absurda de que era, ela, a anormal, com todo aquele brilho de coloração diamantina, encantadora! Talvez a cirurgia não tivesse alcançado sucesso, algo deveria estar errado!

Tonta, de dentro dessas impressões desencontradas, só agora, duas semanas depois, e com o auxílio do cirurgião, consegui enfim raciocinar com acerto, para entender que tinha, já, com o passar do tempo, as duas vistas comprometidas! O hábito de enxergar mal - explicou-me o médico competente, de bom humor - se assenhoreara do meu cotidiano sem que me apercebesse, o que eu julgava tratar-se de mera necessidade corretiva com periódicas trocas de graus de óculos!

A vida é uma caixinha de surpresas – bom que, de tempos em tempos, boas!

Em breve, estarei de novo sobre a mesa cirúrgica para a correção devida da outra vista, amigos, mas a vivência me sugeriu reflexões úteis também n’outro sentido. Pensei, esses dias, que coisa bem parecida deve nos acontecer quando deixamos as limitações perceptivas de mais uma reencarnação finda, para lá chegar, no nosso habitat espiritual verdadeiro, deparando, e aí sim, com nova luminosidade extasiante, através da visão espiritual mais fidedigna, desperta para o espetáculo maravilhoso da continuidade de nossas vidas n’outras esferas! Encontrando rostos risonhos e felizes pelo nosso retorno; paisagens brilhosas, coloridas de novos e insuspeitados matizes, luzes antes imperceptíveis pelos nossos sentidos materiais falhos; sons mais apurados, emoções mais depuradas, enfim...

Que encanto deve ser para os nossos espíritos exaustos dos desafios terrenos mais um reencontro com tais panoramas divinos, quando então e, finalmente, curados de um mal de “catarata” de outra ordem – a que é característica dos nossos sentidos visuais embotados pelas imensas restrições corpóreas, que nos permitem somente enxergar não a existência, na versão mais luminosa na sua fonte! Mas apenas a percepção embotada da filial da matéria mais densa, onde provisoriamente estagiamos!

O antes e depois do sentido visual – foi-me proporcionado, na experiência médica recente, vislumbrar, por antecipação, o que nos espera no despertar maior para a continuidade dos nossos caminhos nos cenários mais reais de nossos verdadeiros lares! E a escolha desses cenários, hoje e sempre, caberá apenas a nós mesmos!

Qual visão de maior ou menor capacidade elegeremos para cada dia do nosso porvir, e para depois de vencida a etapa de, necessariamente, se enxergar um pouco menos, pelo filtro denso do aprendizado nos palcos da estadia material terrena?

Criaremos, com base no mérito do amor, a sintonia com as paisagens banhadas das luzes das esferas da felicidade ideal do espírito? Ou, como me aconteceu, ao não me aperceber do avanço do mal visual que me acometia, nos acostumaremos com menos? Não nos daremos conta da urgência da intervenção cirúrgica nas nossas rudes restrições espirituais, inibidoras do merecimento aos lugares destinados aos que, com atitudes, se fazem, naturalmente, afinizados às dimensões diamantinas, de clara acuidade sensorial para todos os seus habitantes, como espíritos libertos?

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Conteúdo desenvolvido por: Christina Nunes   
Chris Mohammed (Christina Nunes) é escritora com doze romances espiritualistas publicados. Identificada de longa data com o Sufismo, abraçou o Islam, e hoje escreve em livre criação, sem o que define com humor como as tornozeleiras eletrônicas dos compromissos da carreira de uma escritora profissional. Também é musicista nas horas vagas.
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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