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As dívidas como caminho espiritual

Atualizado dia 5/20/2014 3:03:45 PM em Espiritualidade
por Alex Possato


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Certa vez, quando ainda tinha gráfica, fui cobrar um sujeito que estava me devendo fazia muito tempo. Quando ele me viu subindo a ladeira, já que sua oficina mecânica ficava no alto de um morro, saiu correndo. A última coisa que vi dele foram suas pernas sumindo ao dobrar a esquina.

Recentemente, minha mãe levou o golpe do cartão retido no caixa eletrônico. Doze mil reais depois, está negociando com o banco para ver este prejuízo ressarcido. Meus pais sempre tiveram muita dificuldade em honrar seus compromissos. Meu pai, inclusive, não os honrava de jeito nenhum. Minha mãe, ao contrário, sempre pagou tudo. Busca ser honesta até o último centavo, mas vive endividada. Percebi que eu segui este mesmo padrão. Desde a adolescência, quando abri minha conta bancária, era muito difícil não conviver com dívidas. A maior parte delas eu pagava, mas algumas,  não conseguia... e então, sobrava para a minha mãe pagar.

Hoje, quando ela veio me contar sobre o estelionato que sofrera, eu, que estou trabalhando há muito anos com constelação familiar, percebi: este pacote não é meu. Esta sina é da minha família, veio de algum lugar do passado, passou pela minha mãe e também recebi de presente. Qual presente? Através das dívidas que me perseguem, pude sentir com toda a alma que havia alguém que não estava sendo honrado no meu sistema: o credor. Aquele que empresta.

E em uma rápida análise, entendi que eu nunca achei o credor alguém honrado. Claro, quando precisamos de dinheiro, pedimos: seja do papai, mamãe, o banco, o governo ou algum amigo. Mas percebi que durante toda a minha vida, sempre que alguém me dava dinheiro emprestado, eu tinha um certo ar de descaso em relação à pessoa que emprestava. Pura falta de respeito, de gratidão, de nobreza. Isso mudou neste ano, quando senti que este padrão familiar está se dissolvendo. Estou finalizando meus últimos empréstimos com o banco. E em algum momento, o universo me deu a lição final: por apenas um mês, estive necessitando de dinheiro, e eu não tinha. E eu pensei: outra vez? Emprestar dinheiro e começar tudo novamente? Não!

Mas então, sem que eu pedisse, uma amiga querida, sabendo da minha situação, disse: quanto você precisa? E eu demorei alguns dias para responder. Sabia que, passado aquele período, minha vida iria se desafogar, porque vários projetos que fiz começaram a dar certo. Mas entendi que havia algo a mais sendo cobrado de mim: saber emprestar com honra, decidindo claramente que eu pagaria cada centavo, com muita gratidão e respeito. Coisa que eu nunca havia feito. Então, dei a resposta, e aceitei o presente.  

Poucos meses após, minha vida financeira mudou. Realmente senti a energia da prosperidade batendo à minha porta. Pela primeira vez na minha vida. E entrei novamente em negociação com o banco, para finalizar meus empréstimos. E então, acontece o 171 com a minha mãe. Dentro de uma agência bancária. E novamente, o universo me deu um presente.

Analisando o ocorrido, pensei: o banco vai pagar! Afinal, eles ganham muito! São uns canalhas! Lucram em cima da miséria dos outros... E novamente entendi porque eu não estava conseguindo nunca me livrar totalmente das dívidas: ainda havia muita mágoa, muito ódio, muito desprezo pelos credores. Aquilo caiu como um balde de gelo nas minhas costas. Justo eu, que pensara estar livre de sentimentos tão mesquinhos.

Quase que no dia seguinte, rumei à agência, e fui conversar francamente com o gerente. De peito aberto, e buscando internamente vibrar uma gratidão e respeito pelo banco e pelo dinheiro que eu recebera deles. Consegui fazer a melhor negociação da minha vida. Percebi que conseguirei eliminar todas as dívidas, de uma forma que eu não imaginava, e num prazo totalmente aquém do que acreditava.

O rabino Nilton Bonder diz: “As dívidas nos despertam para a interconexão de tudo e todos”. Eu sou espiritualista, creio que todos somos um. Então, se o credor e eu somos um só, e eu estou desonrando ele, estou desonrando a mim mesmo. E logicamente, sofrerei a punição por isso. Bonder continua, citando o tratado cabalista Ética dos ancestrais:

“Tudo é dado sob penhor, e uma rede é estendida sobre todos os vivos. A loja está aberta, e o mercador fia. O livro de contas está aberto, e a mão o escritura. Quem quiser empréstimos pode vir e levar, mas os cobradores todos os dias correm fazendo suas cobranças, quer o homem queira, quer não. Eles têm em que se apoiar”.

Finalmente, após muitos anos, acho que estou aprendendo a honrar os contratos. Sistemicamente falando, estou dizendo da “energia” dos contratos, sejam eles feitos com banco, com os pais, com os parceiros, com os amigos, com o Universo. Tenham eles sido feitos por nós, pelos nossos pais ou antepassados, afinal, somos um só sistema familiar. Vivemos um mundo de direitos e deveres sutis, energéticos, e não há como querer romper estes compromissos, sem sofrer a punição. Que também virá por diversos meios. Ao observar que estamos sendo punidos, felizmente, temos a oportunidade de honrar o  que não estava sendo honrado, e respirar aliviado! E em paz. 



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Conteúdo desenvolvido por: Alex Possato   
Terapeuta sistêmico e trainer de cursos de formação em constelação familiar sistêmica
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