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Carnaval : cadê a velha minha máscara...

Atualizado dia 2/4/2013 10:35:40 AM em Espiritualidade
por Marilene Pitta


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O nosso país especialmente está tentando colocar o brilho nas fantasias, nos blocos, nas escolas de samba, nas ruas, nas máscaras; de alguma forma esse Carnaval tem um gosto diferente. Lembro-me agora da poesia de Manuel Bandeira, num registro referente ás tragédias brasileiras, em tempo de Santa Maria!

Epílogo
Eu quis um dia, como Schumann, compor
Um carnaval todo subjetivo:
Um carnaval em que o só motivo
Fosse o meu próprio ser interior...

Quando o acabei - a diferença que havia!
O de Schumann é um poema cheio de amor,
E de frescura, e de mocidade...
O meu tinha a morta morta-cor
De senilidade e de amargura...
(O meu carnaval sem nenhuma alegria!
In. Carnaval, publicado em 1919).


O Carnaval (2014) tem esse gosto amargo, um folião sem ânimo, sem expressão, o riso travado, o canto desafinado, cada um andando e cantando sem saber direito o que sentir. O inconsciente coletivo expande a dor das vidas ceifadas sem dó e nem piedade! Há no ar uma desalegria! Uma fantasia sem alma. A dor é tanta que vale tudo até mesmo mascarar a tragédia. Até quando... Até quando a morte sem pedir licença bater em nossa porta, aí fica pintado a dor do palhaço, do nosso palhaço interior. Magoado, sem fala, sem luta, sem voz. Batalhando por um salário apertado, cumprindo ordens sem sentido e nesse momento, não transgride as normas! Por outro lado, se a vocação é abrir um espaço de divertimento que se abra como se fosse para as comemorações de sua própria família: com cuidado, com zelo, com atenção; afinal, é para festejar a alegria de viver, de sorrir, de abraçar, de cantar.

A minha proposta é analisar um pouco essa força energética que vai ao ar independente de qualquer tragédia, luto, perda!

Vamos iniciar a nossa prosa com a referência ao mito de Dionísio que já nasce marcado pela frustração. Filho do imortal Zeus (todo poderoso) e a mortal Sêmele. Gestado sob a tirania de Hermes que o persegue indignada com a traição do esposo.

Convocado por Zeus para viver na Terra junto aos homens, Dionísio compartilhava com os mortais das alegrias e das tristezas. Mas Dionísio foi atingido pela loucura de Hera indo perambular pelo mundo junto aos sátiros selvagens, dos loucos e dos animais. Deu à humanidade o vinho e suas bênçãos e concedeu o êxtase da embriaguez. Assim como no Carnaval cada um diante da sua vida marcada muitas vezes pela repressão grita, explode, transgride, viola as regras, crítica tudo e todos, satirizando aquilo que o torna impotente diante de si mesmo; expressando uma vida plena de monotonia e de frustrações. Nesse momento, não se pensa na falta dos hospitais, da educação sem a merecida atenção, dos salários baixos, nas fraudes, na corrupção, nos desmando, nas eleições sem ficha limpa, tudo se transforma numa fantasia de palhaço sem nenhuma alegria.

A verdadeira alegria vem da alma, de um sentimento profundo de autorrealização, de bem com a graça da vida, junto com as condições de vida saudável para todos... Mas nessa hora, quem pensa em esgotos, ratos, baratas transitando no bloco do descaso público e nosso também. Um povo deve tentar pelo menos manter padrões de um mínimo de conforto. A lista é grande... Pensem nos países do mundo e nas condições de vida do povo.

Lá vem o Carnaval... O nosso bloco do olho que vê aponta equações interessantes: Observem, numa cosmovisão mais ampla e generalizada:

UNIDO-JUNTO-GRUDE (vamos na onda, e vem outra)!

SENTIR-MISTURAR-DILUIR (sei lá, tá por aí, vem depois)!

PERDER-SE E ENTREGAR-SE (só hoje ,é carnaval)!Cumpre-se o destino de Dionísio e seu legado!

Mergulhando nesse energia fico pensando nas leis que regem o Carnaval e resolvi fazer analogias com aproximações quase antropológicas e filosóficas. Brincar de “esconde-esconde” no mundo das ideias que saltam em suas fantasias cheias de neologismos, adjetivos, substantivos e verbos.
Então, no mundo dessas leis, há uma norma a ser seguida por todos. Vou nomeá-lo de “vírus antropológico”,ou seja, há uma contaminação geral, um fluxo energético envolvente que inunda. São as canções, paródias, tambores; há no ar uma lembrança vivida pode ser a única, mas seguramente ela vem à tona. Não há trono, cadeira, faixa de destaque; o espaço é de todos e para todos. Por um instante, pode-se ser rei, rainha, dono da festa, lá em cima do trio manda e desmanda. A voz comanda e os súditos obedecem felizes a rainha e o rei por que aquela ordem é a manifestação do seu próprio desejo interno. (principio do prazer bem freudiano)! Lembram! Como diz Caetano Veloso lindamente perdido nesse mergulho dionisíaco em plena Bahia de Todos dos Santos, Credos, bocas e cores:

“Não se perca de mim
Não se esqueça de mim
Não desapareça
A chuva tá caindo
E quando a chuva começa
Eu acabo de perder a cabeça
Não saia do meu lado
Segure o meu pierrot molhado
E vamos embolar
Ladeira abaixo
Acho que a chuva
Ajuda a gente a se ver
Venha, veja, deixa
Beija, seja
O que Deus quiser”.

Nessa exposição, a rua torna-se sagrada, não há castigo punição, restrição. Tudo pode tudo é real em todos. O regente arquetípico do Carnaval vai inundando as ruas, cantos, becos, esquinas. Uma vassoura é símbolo de poder real. Um chapéu dourado ganha status de nobreza. Uma passadeira na cabeça com bolinhas já é a menina do desejo. Assim vai...

Com essa consciência é preciso que a alegria se estabeleça com o seu eterno reinado! Um reinado de pura certeza que o melhor está sendo feito e honrado para todos nós em todos os níveis: político, econômico; abraçando todas as instituições com um belo abraço de ordem, de dever cumprido, de bem estar. Seja socorrido por médicos de plantão por estar tendo uma crise de bebedeira ou por estar sendo atropelado; não importa: podemos brincar á vontade, há segurança para todos!

Desse modo, a balada, o carnaval, o desfile, os blocos, os bares, os cantos, tudo é a marca de um povo brasileiro especialmente amoroso. Um povo que ri. Um povo que reza. Um povo que adora promessas, as do santo, ás vezes cumpre, mas as outras ficam esquecidas! É preciso que as redes sociais se movimentem mais, denunciem mais, e essa força unida... Quando a gente botar o nosso bloco na rua, nada poderá adormecer o gigante brasileiro da sua missão e da sua sina! O canto da cidade é para todos sempre.

Consciência e Ética é o bloco que sonho em ver passar em todos os lugares, nesse momento, esse sonho está passeando no espaço do computador. Quem sabe é um começo!
O tempo faz esquecer até que uma nova tragédia vem nos assolar. Não precisamos mais perder vidas nas enchentes, nas baladas, nas ruas nas balas perdidas... O Carnaval pode acontecer em Paz. As cinzas da quarta-feira nem é preciso por que o pecado foi embora. O pecado da falta de honestidade, de compromisso, de ser cidadão do seu país.

Que cada folião desse 2014 brinque com a certeza de que nunca mais será um Carnaval sem nenhuma alegria! Mas, hoje, é...

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Conteúdo desenvolvido por: Marilene Pitta   
Formada em Registros Akáschicos;Alinhamento Energético;Terapia Floral;Formação Holística de Base (UNIPAZ) com Pós Graduação em Terapias Holísticas;Mestrado em Educação e Desenvolvimento Humano. Consultas em Roda Xamânicas. Animal Poder.Atendimento com Conexão com o Povo das Estrelas (Arcturianos e Pleidianos). Atendimento á Distância e Presencial.
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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