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Crenças

Atualizado dia 10/13/2009 3:02:39 PM em Espiritualidade
por Mirtes Carneiro


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A maneira como reagimos ao que nos acontece faz com que estruturemos crenças, que se tornam norteadoras de nossas próximas ações. Por exemplo, se acredito que é perigoso viajar à noite, vou procurar sempre viajar de dia.
Cada um de nós percebe a realidade de uma maneira diferente, de acordo com as nossas crenças, e fazemos nossas escolhas baseados nestas crenças.
A forma como interpretamos os acontecimentos é que vai formando a nossa história de vida, que naturalmente será diferente da experiência do outro.
Na infância, as crenças de nossos familiares tendem a nos influenciar; a criança precisa polarizar para entender, aí ela separa o certo do errado, o bom do ruim, o bonito do feio, escolhendo o que a família aprova, para poder se sentir aceita.

Segundo Ken Wilber, um autor que gosto muito, o mundo de opostos é um mundo de conflitos.
Costumamos "isolar os opostos e depois nos fixarmos nas metades positivas"¹.Procurando acentuar o positivo, tendemos a eliminar o negativo. A raiz de todo problema, ele diz, é nossa tendência de considerar os opostos irreconciliáveis.
Porém, esquecemos que os opostos são interdependentes: reconhecemos o claro pelo escuro, um não poderia existir sem o outro. Comprar e vender são opostos, mas dependem um do outro, são dois extremos de um único acontecimento.
Os opostos são apenas dois nomes diferentes para o mesmo processo, e não dois processos estabelecidos um contra o outro.
O que leva o ser humano a escolher uma faceta e desprezar a outra?
O desejo e o medo. O desejo de mostrar ser o que não acredito que sou e o medo que os outros descubram isto, faz com que gastemos energia para manter este "segredo". O pior é quando até nós mesmos desconhecemos este "segredo".
O desejo de ser aceito e o medo de ser desprezado, por exemplo.

O desejo de controlar e o medo de ser controlado, o desejo de criticar e o medo de ser criticado, o desejo de ser diferente e o medo do diferente, o desejo de ser superior e o medo de ser inferior, o desejo de dominar e o medo de ser dominado, o desejo de magoar e o medo de ser magoado, o desejo de questionar e o medo de ser questionado, o desejo de ser amado e o medo de amar, o desejo de ser perfeito e o medo das próprias imperfeições, o desejo de provar sua capacidade e o medo que descubram que é frágil,o desejo de ser rico e o medo de ser pobre, o desejo de obter bens materiais e o medo de perder tudo, etc, aqui se inclui uma extensa lista de papéis que nós desenvolvemos ao longo de nossa vida.

A questão aqui é:
Por que eu preciso provar algo ao outro, se eu acredito nisto? Se eu preciso provar é porque não confio totalmente. Li uma vez que o vendedor que acredita totalmente no produto que vende não precisa inventar mentiras a respeito do próprio. O mesmo se aplica a nós: se acreditamos que somos capazes, para que precisamos provar a nossa capacidade?
Se acredito que sou naturalmente aceito, para que preciso buscar a aprovação do outro?
Se aceito a minha fragilidade ou minhas incapacidades, para que tenho que provar que sou capaz?
Este "para que" é o objetivo maior de nossos comportamentos; é a intenção positiva que existe por trás de cada ação, em nossas vidas.
Atrás de um adulto muito competente, pode existir uma criança carente. Quando este adulto ficará livre de ter que provar sua competência? Quando ele assumir a criança carente que existe dentro dele. Para que este adulto tem que ser competente? Para aliviar a sensação de carência ou dependência emocional, para ser amado...
Isto varia de pessoa para pessoa, deve ser analisado individualmente.
O autoconhecimento nos auxilia muito neste momento, pois ao sermos mais honestos conosco, podemos descobrir que existe em nós algo que estamos evitando entrar em contato, por isto gastamos muita energia, tentando provar o oposto.

Ao descobrir a faceta que tentamos negar a nosso respeito, estaremos livres para escolher: aí posso escolher ser competente, olhando para a criança carente. O problema é quando não queremos ver em nós certos aspectos, aí projetamos no outro estes mesmos aspectos, já que eles existem, fazem parte da natureza humana, estará sempre dentro de nossas relações.
Nós agimos no mundo de acordo com nossas crenças, através do espelhamento, ou seja, eu lido com o outro da mesma forma como eu lido comigo mesmo. Se normalmente eu cobro muito do outro, é porque primeiramente, cobro muito de mim mesmo, se critico severamente o outro, é porque sou severamente crítico comigo mesmo.

Pela projeção, lançamos no outro aspectos de nós mesmos, admiramos no outro algo que admiramos em nós, ou achamos que admiramos... Rejeitamos no outro algo que rejeitamos em nós, ou achamos que rejeitamos. Às vezes, após analisarmos e aprofundarmos, descobrimos que o que estamos rejeitando no outro é algo que pensamos ser ruim, mas que na realidade, temos um desejo de vivenciar e um grande medo ao mesmo tempo, pois estamos reprimindo estas características em nós.

Já aconteceu com você de se relacionar com alguém que você acha que desaprova, mas não sabe explicar porque se sente atraído por esta pessoa? Bem, aí pode estar uma grande dica de seus verdadeiros desejos íntimos, que você não se permite enxergar.
Cada descoberta a respeito de sentimentos reprimidos, cada emoção desvendada se torna uma libertação, pois aí estamos prontos para escolher, e não estaremos sendo levados pelo medo.

1- A consciência sem fronteiras - Ken Wilber, ed. Cultrix  

Texto revisado por: Cris

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Conteúdo desenvolvido por: Mirtes Carneiro   
Mirtes Carneiro CRP06/111130 Psicóloga e Psicanalista Atendimento on line Tel 11 9 8108-5021
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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