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Crônica do Gato Ingrato

Atualizado dia 3/12/2013 6:25:19 PM em Espiritualidade
por Ricardo Sá


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Muito pensamos sobre a natureza das coisas e a ordem que elas seguem, mas em grande parte das vezes pouco entendemos e, menos ainda, aceitamos.
No mês passado, meu pai ficou internado na UTI por cerca de 1 mês e veio a falecer há cerca de 2 semanas. Neste meio tempo, peguei uma “licença” no trabalho para cuidar de meu pai no hospital, e quando voltei minha esposa havia ido embora; já sabíamos que este seria o destino, mas foi doloroso demais aceitar a dura realidade ( e ainda é...).
Entre a ausência de meu querido pai e de minha amada esposa, venho tentando remontar minha vida, juntando os pedaços que ainda restaram, refletindo sobre o quanto e como errei, e no que posso fazer para pelo menos, ser um pouco melhor.

Vivo hoje no mesmo apartamento que um dia foi nosso, com alguns dos poucos móveis que sobraram da “partilha” e com as muitas lembranças de uma vida cheia de promessas e juras de amor. E junto comigo, vivia meu companheiro fiel, um gato que apareceu cerca de poucas semanas antes de ter que viajar para cuidar de meu pai.
Ele sempre foi muito carinhoso, sempre estava ali para “absorver” os carinhos que não tinha mais ninguém para dar. Fazia tudo pelo bem-estar dele, dava a melhor ração, remédios, brinquedos e até o deixava dormir no sofá da casa, cujo território já era só dele.

Na última sexta-feira, estava chegando à noite em casa e vejo correndo pelo pátio do prédio vários gatos, miando e “chamando” os outros gatinhos, cumprindo o que a natureza lhes encarregou de fazerem instintivamente.
Naquele momento, pensei comigo: daqui a pouco, o Bárnabaz (nome dado ao meu gato pela minha ex-mulher) irá querer se juntar a eles, mas foi só um pensamento. A janela da cozinha era alta, mas sempre deixava aberta para ventilação.
Na manhã seguinte, ele não estava mais lá. Fiquei muito triste, e pensei comigo: não é possível, todos que amo resolveram me abandonar de vez??? Até mesmo o gato??? Tinha tudo, fiz tanto por ele... mas, enfim...

Como era sábado, e estava de folga, resolvi limpar o apartamento. Mas não só limpar superficialmente, aproveitei que não haveria mais pêlos, nem barro, nem bagunça no apartamento e fiz uma limpeza profunda por dentro e fora, inclusive nas janelas, portas, etc..
Enquanto limpava, pensava na minha vida e nos que me “abandonaram”. Uma clareza foi-me vindo à alma e à mente, afinal, todos estavam cumprindo o que sua natureza estava mandando. Seguiram seus caminhos e eu nada podia fazer a não ser aceitar, reerguer e voltar à MINHA vida.

O apartamento ficou deslumbrante, coloquei música alta e relaxante. Senti o aroma de limpeza. Uma grande paz veio de encontro ao meu coração. Fique por horas sentado no sofá sentindo aquela satisfação em ter “limpo” minha vida como fiz com meu apartamento. Senti a vida me tocar, mas mesmo assim deixei a janelinha aberta...
Passou o dia e tudo parecia estar se encaminhando a uma superação, satisfação, talvez até de voltar a sentir felicidade em minha vida. Dormi como um anjo.
Na manhã seguinte, levanto-me e eis quem estava de barriga pra cima, no meu sofá implorando por carinho???? Ele mesmo, todo embarrado, faminto e carente.
Pensei comigo: que bom, ele voltou, mas ao mesmo tempo senti um pesar muito grande, pois tudo que estava em ordem voltou ao mesmo estado de antes.
Naquele momento o peguei carinhosamente no colo, coloquei na varanda do prédio, no lado de fora do apartamento, onde tem um vão grande na janela (que ele fugiu) coloquei água e comida. Fiz carinho por um bom tempo, mas não o deixei mais entrar.

Refleti muito sobre tudo aquilo e pude contemplar mais uma grande obra de Deus, reluzindo diante dos meus olhos.

Eu precisava estar só, para arrumar de verdade, ”o meu AP”, no caso, minha vida, meu coração.
Para que pudesse ser feliz novamente, eu precisava estar forte, com minha alma e meu coração “limpos”, "brilhantes", "intactos".
Não deveria “fechar” as janelas da vida, pois os “gatos” podem voltar, mas deveria seguir a vida, com "meu apartamento" sempre deslumbrante.
Não poderia "prendê-los em casa", pois a natureza os chama, para que vivam suas vidas e também possam ser felizes, eles devem ter a chance de escolher.

A natureza tem seus próprios caminhos a seguir, nem sempre eles se entrelaçam aos que desejamos, pois o sentimento de posse é muito grande nas pessoas. Saber enxergar as bênçãos e oportunidades que Deus nos oferece sempre é o melhor caminho para entender, aceitar e SER FELIZ!!!!

Texto revisado
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Conteúdo desenvolvido por: Ricardo Sá   
Administrador de Empresas, Pesquisador da Doutrina Espírita.
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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