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Dar e receber: um ciclo de purificação do espírito

Atualizado dia 8/21/2014 9:50:56 AM em Espiritualidade
por Alex Possato


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É muito raro conseguir dar sem nenhuma expectativa de volta. Esta seria a ação mais pura: dar, sem querer nada. Mas diga uma coisa: existe alguma mente na face da Terra que não queira algo? Um carinho, um afago, um agradecimento? E vamos ser sinceros: dinheiro, prazer, bem-estar, saúde, amizade?

A mente deseja, por natureza. Ela está condicionada a isso. E a mente também sofre, por condicionamento, quando acredita que não tem o que deseja. Por isso, é muito difícil estar vazio de expectativas. No mínimo, ao dar, mesmo que não queiramos nada de material, estamos desejando a cura para o próprio sofrimento. Assim é o jogo.

E para quem vamos dar algo? Para alguém que quer receber. Alguém que está ávido por algo que você tem a dar. Além das aparências das coisas materiais que possamos dar, o que mais um ser humano quer é: carinho, afago, reconhecimento, amizade... Então, quando damos dinheiro, o outro está, talvez, recebendo... amizade. Aquela amizade que ele sentiu falta desde a infância, quando percebeu que não era valorizado na sua família, no seu meio social. Quando damos um abraço, quem sabe a pessoa receba prazer... prazer físico, que faltou na sua própria relação com a sua mãe. Quando damos atenção, o outro pode estar se sentindo reconhecido – “sou gente!”, pensa ele, fato não verificado na sua relação com o pai ausente ou com os irmãos invejosos e infantis...

Compartilhando as bênçãos da vida

Temos muitas feridas. Imensas feridas. Muitas delas se formaram na infância. Outras, foram herdadas através da família. É importante entender que aprendemos a carregar a dor e sofrimento dos nossos pais e antepassados – mas também as vitórias, as conquistas, dons e habilidades. E repetimos os padrões programados em nosso DNA, que chegam até nós advindos de incontáveis gerações ancestrais. Iremos repetir aqueles padrões que mais fazem sentido para o nosso aprendizado nesta existência... seremos convocados a realizar as lições – muitas delas difíceis, árduas - que não foram cumpridas no passado familiar, e para isso, receberemos toda a energia e recursos que também chegam até nós através dos esforços dos nossos pais e antepassados. Perceba que estou falando de lições espirituais e recursos energéticos – por isso, você só entenderá suas lições e os dons que possui quando olhar para dentro da sua alma, sentindo seu coração, indo além dos seus pensamentos comuns e condicionados.

Quem sabe você já tenha herdado um sistema adequado para lidar com os baques da vida? Talvez você já consiga estar bem com suas dores e sofrimento. E até consegue tirar um barato deles. Já percebe que você “não é o sofrimento”. Não se identifica mais com este “eu sofredor”. Você não finge que não tem problemas e que nada irá derrubá-lo. Ao contrário, possui um enorme respeito pelo destino, pela vida e pela morte, e por isso, valoriza todos os momentos: tanto os de alegria, quanto os de tristeza.

Porém, também é possível que você, em alguns momentos, não consiga lidar com o sofrimento. Uma separação, uma perda financeira, uma doença, uma agressão que ocorre próximo a você... ou ainda: seus próprios pensamentos confusos e emoções distorcidas... Isso quer dizer que você ainda está “rodando” um programa viciado no sofrimento. É também um padrão herdado do seu sistema familiar.

Nos momentos que nos sentimos conectados com o lado interno poderoso, que sabe lidar com os sofrimentos de forma adequada, é justamente o momento em que nos sentimos cheios de “crédito”. Os evangélicos costumam dizer: ungidos pelo Senhor. Católicos dizem: abençoados. Na língua ioruba, cheios de axé. Ou um coach diria: poderoso, repleto de recursos pessoais. Este é o momento que, se nosso coração estiver minimamente aberto para o outro, sentiremos o natural impulso de dar. Damos, porque sabemos que temos o que dar. Damos o que? Dinheiro. Carinho. Sorrisos. Cuidados. Alegria. Beleza. Criatividade. Cura. Conhecimento. Tudo, dádivas do universo, bênçãos que devolvem a vida ao outro ser humano, que também auxiliam uma pessoa a transpor suas próprias provas. Ou seja, quando damos, nos tornamos instrumentos de auxílio na jornada que o outro necessita para transpor as lições que lhe foram deixadas pelo sistema familiar.

Dar é uma arte ativa e consciente: é necessário saber quando, para quem e quanto dar. O ato de dar parte do coração, e não de uma emoção de dor: desta forma, quando olhamos uma planta num terreno arenoso e estéril, entendemos que o calor e a falta de umidade é o melhor que podemos dar a ela. O dar leva em conta um contexto mais amplo, além da própria visão individual que normalmente estamos condicionados a perceber.

Mas nem sempre estamos em condições de dar. Às vezes, fraquejamos. Somos derrubados pelas vicissitudes da vida. São os momentos em que chegam as provas mais difíceis, onde vários dos nossos antepassados sucumbiram. E não importa a aparente gravidade da situação ou não. Para uns, uma prova difícil é encarar um câncer terminal. Para outros, buscar um novo emprego. Ainda para outros, deixar uma relação afetiva complicada. Não sabemos o que há por detrás destas situações, mas percebemos o quanto somos impotentes para modificar nosso estado. O quanto nos esforçamos e parece que não melhora. Talvez você tenha uma situação em sua vida onde, por mais que faça, não consegue resolver. Você terá realmente que fazer todos e os seus melhores esforços. E mesmo assim, não alcançar os resultados desejados. Este é o momento de se abrir para receber.

Se dar é uma arte ativa e consciente, receber é um estado passivo, de consciente impotência e sutil esperança. Saber receber é também um ato profundo de humildade. E não estou dizendo cara de coitadinho, voz baixa e olhar tristonho. Saber receber requer força. Enorme força, onde nossa mente irá reconhecer sua total impotência para resolver uma questão. Aquela questão que mais lhe atormenta. E então, ela se entrega. Vejo pessoas lutando anos e anos contra determinada situação, mas sempre diz: ainda vou vencer! Esta pessoa não está espiritualmente aberta para o aprendizado, porque está combatendo a lição. Ela olha a prova com raiva e querendo eliminá-la. Mas na escola da vida, o supremo professor enviará a mesma prova diversas vezes, vidas e vidas, gerações e gerações, se for necessário. Alguém da família precisará olhar para a prova, com amor, sem combate. Com a esperança de paz.

E chega o momento. Você resolve olhar. Passivamente. Humildemente. Após ter feito todos os melhores esforços. Sem resultados. Ok, você está pronto para receber. E assim, Deus envia alguém. Um amigo. Um irmão. Pronto para dar.

E assim a grande dança do universo, a purificação do espírito, vai ocorrendo. Ora dando, ora recebendo. Ora ativo, ora passivo. Aprendendo a olhar com gratidão e reverência a alegria e o sofrimento. 



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Conteúdo desenvolvido por: Alex Possato   
Terapeuta sistêmico e trainer de cursos de formação em constelação familiar sistêmica
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